Em entrevista, ex-juiz federal Sergio Moro tenta minimizar relações perigosas de seu aliado político e confesssa agir politicamente contra o PT
Publicado: 30 Dezembro, 2021 – 09h51
Escrito por: Redação RBA JOSÉ CRUZ / ABR
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O ex-juiz federal Sergio Moro tentou defender seu aliado político, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR), da denúncia de ter recebido dinheiro do doleiro Alberto Youssef em suas campanhas. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, Youssef pagou parte das campanhas eleitorais do ex-tucano. Em 1998, duas de suas empresas pagaram R$ 21 mil, equivalente a R$ 88 mil em valores atualizados, à campanha a senador de Dias. Os dados, obtidos na prestação de contas que Dias entregou naquele ano à Justiça Eleitoral no Paraná, referem-se viagens aéreas em jatinhos cedidos por Youssef ao então candidato tucano.
Em entrevista à Rádio Capital FM de Cuiabá (MT), hoje (29) pela manhã, o presidenciável disse que na época não conhecia Alvaro Dias, do mesmo modo que ninguém sabia quem era Youssef. “Eu nem conhecia o senador (Alvaro Dias). Ninguém sabia quem era Alberto Youssef na época. Ele começou a ser processado em 2003, no caso Banestado. Depois foi condenado, preso na Lava Jato. Eu decretei a prisão do Alberto Youssef duas vezes: em 2003 e depois em 2014. (…) Qual criminoso de colarinho branco fica quatro anos preso no Brasil? Ninguém protegeu ninguém ali (na Lava Jato)”. É grande a desconfiança de que Moro já tinha essas informações durante os trabalhos da Lava Jato e que teria blindado Alvaro Dias, que já era seu aliado político, e hoje são colegas de partido.
O doleiro foi um dos primeiros delatores da Lava Jato, em 2014, com acordo homologado por Moro. Em 2004, o juiz também homologou o acordo de delação de Youssef por sua colaboração com as investigações do escândalo do Banestado, que envolveu remessas ilegais de divisas para o exterior.
Moro ataca PT
Em outros trechos da entrevista, Moro atacou os governos do PT, dizendo que a “Petrobras foi saqueada para enriquecer políticos corruptos e bancar projetos de poder”. E que “como não podem apagar os fatos, mentem”. “Eu prendi criminosos, desmantelei departamentos de propinas e recuperei o dinheiro roubado. As pessoas sabem a verdade”.
Em outros, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). “Como todo brasileiro que clama por Justiça, também estou indignado com a anulação de condenações por corrupção. O cara confessa que roubou e aí vem lá o Tribunal e diz: não podia ter sido julgado pela Justiça A. Ora, com todo respeito, isso é errado!”.
E acabou praticamente confessando que a Lava Jato foi usada para combater o PT de forma efetiva e eficaz. Em seguida, voltou atrás, alegando que a operação apenas teria descoberto “esquemas de corrupção” e mostrado “o que o PT verdadeiramente é”. Para juristas, porém, Moro confessou a atuação política contra o partido. Por meio de seu perfil no Twitter, Wadih Damous escreveu que o ex-juiz “quer criminalizar o partido e suas lideranças”.
“É um desqualificado que admite agora que instrumentalizou o Judiciário e parte do Ministério Público. Incrível como o leigo não tem noção da gravidade desta declaração”, disse à CartaCapital o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Para ele, o ex-juiz “foi o maior eleitor do atual presidente ao prender Lula, que estava na frente nas pesquisas, e ganhou de contrapartida o Ministério da Justiça”.
Ex-juiz e suspeitas de corrupção
A Justiça pela qual Moro tanto clama aparentemente é diferente daquela que tem pautado sua trajetória de vida, inclusive no Judiciário, quando passou por cima da lei para perseguir, julgar e condenar o ex-presidente Lula em diversos processos, tirando-o da disputa eleitoral em 2018. Favorecido pelo então juiz, Bolsonaro foi eleito e Moro nomeado ministro da Justiça.
Disputas internas envolvendo interesses da família Bolsonaro, porém, levaram à exoneração, em abril de 2020. Em novembro, ele entrou como sócio-diretor na consultoria Alvarez & Marsal, dos Estados Unidos, especializada na recuperação financeira de empresas. Entre os clientes, a construtora Odebrecht. Em abril foi rebaixado a consultor e o contrato, que deveria terminar no final de 2022, foi encerrado um ano antes, quando o ex-juiz decidiu entrar na política. Em junho passado, foi declarado suspeito nos julgamentos e condenações do ex-presidente Lula.
A permanência de Moro por quase um ano na equipe da Alvarez & Marsal está imersa suscita desconfianças e indícios de conflitos de interesses e corrupção. A empresa lucrou com a quebra de grandes construtoras brasileiras e depois bancou Moro nos Estados Unidos. Tanto que o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou à consultoria que informe os valores que foram pagos ao ex-juiz e ex-ministro.
Em despacho nesta segunda-feira (27), ministro Bruno Dantas, do TCU, que acatou pedido do Ministério Público Federal, determinou também o levantamento, pelo Judiciário, de todos os processos de recuperação judicial em que a Alvarez & Marsal atuou no período da Lava Jato. Em despacho anterior, Dantas havia escrito que atos de Moro “naturalmente” levaram à quebra da Odebrecht.
A ação do TCU e os assuntos que envolvem Moro como um todo têm tido grande repercussão nas redes sociais. Hoje pela manhã, o ex-juiz chegou ao topo com a hastag #Ladrão.
fonte: https://www.cut.org.br/noticias/sergio-moro-confessa-atuacao-contra-o-pt-e-se-complica-com-doleiro-e-alvaro-dias-c440
Kakay reage à confissão de Moro e vaticina: “este canalha vai sangrar ao ser investigado”
Ex-juiz confessou nesta manhã que Lava Jato foi projeto para tentar destruir o Partido dos Trabalhadores29 de dezembro de 2021
kakay-moro (Foto: Divulgação)
247 – O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, reagiu com indignação e revolta à confissão feita pelo ex-juiz parcial Sergio Moro, numa entrevista concedida nesta manhã a uma rádio do Mato Grosso. Nela, Moro disse que a Lava Jato foi um projeto de combate ao Partido dos Trabalhadores, confirmando o que muitos já sabiam: ele atuou para golpear a ex-presidente Dilma Rousseff e prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo as portas para o fascismo no Brasil.
“Esta é uma declaração de extrema gravidade. O ex juiz, que foi considerado incompetente e parcial pelo Supremo Tribunal, admite que a operação lava jato, coordenada por ele e seus asseclas da força tarefa de Curitiba, combateu o PT”, disse Kakay. “É um desqualificado que admite agora que instrumentalizou o Judiciário e parte do Ministério Público. Incrível como o leigo não tem noção da gravidade desta declaração. É um cínico. Um canalha. Devemos investigar quem ele representava. Ainda hoje ele, o Moro, ataca de maneira vil o Ministro do Tribunal de Contas da União que se dispôs a, cumprindo um pedido do Ministério Público do TCU, investigar as estranhas relações do ex-juiz com determinado grupo. Ninguém está acima da lei, esta é a regra. Este canalha vai sangrar ao ser investigado”, prosseguiu.
“Este ex-juiz, que foi o maior eleitor do atual presidente ao prender o Lula , que estava na frente nas pesquisas , ganhou de contrapartida o Ministério da Justiça. Caso clássico, acadêmico, de corrupção”, disse ainda Kakay. “Ele agora admite. Resta saber como vão reagir as viúvas do Moro. Os que ainda o apoiam por razões que nós podemos imaginar, mas que não são republicanas. Vamos enfrentá-lo. O poeta já disse: a vida dá, nega e tira”, finalizou. Saiba neste link como apoiar o documentário de Joaquim de Carvalho sobre o enriquecimento de Moro.
fonte: https://www.brasil247.com/regionais/brasilia/kakay-reage-a-confissao-de-moro-e-vaticina-este-canalha-vai-sangrar-ao-ser-investigado