Para 43% dos pesquisados, o presidente é o principal culpado pela atual situação

Pesquisa Datafolha aponta que a rejeição à forma do presidente Jair Bolsonaro combater a pandemia do novo coronavírus atingiu a maior marca, com 54% dos brasileiros que avaliam sua gestão como ruim ou péssima. Essa taxa representa um aumento de 6 pontos porcentuais em relação à pesquisa anterior, realizada entre 20 e 21 de janeiro.
O novo índice de rejeição foi auferido na semana em que o país enfrenta incertezas com o comando do Ministério da Saúde durante a pior fase da crise sanitária, com a escassez de leitos e de vacinas em todas as regiões.
De acordo com o levantamento, publicado na terça-feira (16) pelo jornal Folha de S.Paulo, o porcentual dos brasileiros que avaliam a gestão da pandemia como ótima ou boa caiu 4 pontos e está em 22% dos brasileiros. Os que avaliam como regular oscilaram negativamente 1 p.p. e estão em 24%.
Leia também:
- Brasil registra 2.841 óbitos por Covid-19 em 24h, recorde na pandemia
- Zema decreta onda roxa em todo estado: ‘É para não assistirmos cenas de horror’
- Caos, omissão e explosão de mortes: o legado de Pazuello na Saúde
- Fiocruz: Brasil vive ‘maior colapso sanitário e hospitalar da história’
Entre os grupos que melhor avaliam positivamente o presidente estão 38% dos empresários, 29% dos habitantes da região Centro-Oeste e Norte, 27% dos que têm entre 45 a 59 anos e 27% dos evangélicos.
Entre os que pior avaliam negativamente o presidente estão 65% dos que têm ensino superior, 61% dos pretos, 60% dos funcionários públicos e 58% das mulheres. Para 43% dos pesquisados, o presidente é o principal culpado pela atual situação.
Nessa terça-feira, o país registrou novo recorde de mortes com 2.798 vítimas em 24h, o que elevou o total para 282.400 óbitos. Governadores são vistos como os principais responsáveis por 20% da população e os prefeitos, por 17%.
A pesquisa foi realizada por telefone com 2.023 pessoas entre os dias 15 e 16 de março e tem margem de erro de 2 p.p. para mais ou menos.
Agência Estado/Dom Total
Reprovação a Bolsonaro na gestão da pandemia bate recorde
Segundo Datafolha, 54% consideram desempenho do presidente na crise sanitária ruim ou péssimo. Ao mesmo tempo, 22% aprovam a gestão, e cifra chega a 38% entre empresários.
A desaprovação à gestão da pandemia de covid-19 pelo presidente Jair Bolsonaro atingiu seu maior nível, com 54% dos brasileiros classificando o desempenho dele como ruim ou péssimo, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta terça-feira (16/03).
A reprovação ao trabalho do presidente aumentou seis pontos percentuais em relação aos 48% registrados no levantamento anterior, realizado entre 20 e 21 de janeiro. Desta vez, a pesquisa foi feita entre 15 e 16 de março, em meio à terceira troca no comando do Ministério da Saúde desde o início da pandemia e recordes de mortes por covid-19.
Os dez dias com mais mortes diárias desde o início da epidemia foram todos no mês de março. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou nesta terça que o Brasil passa pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”. A instituição apurou que 24 estados e o Distrito Federal estão com mais de 80% dos leitos de UTIs do SUS ocupados. A disseminação do vírus de forma descontrolada levou especialistas a afirmarem que o Brasil se tornou uma ameaça para a humanidade.
Apesar desse cenário, cerca de um quinto dos ouvidos pelo Datafolha ainda se disse satisfeito, ou seja, acha que a gestão da crise sanitária por Bolsonaro boa ou ótima, mas o percentual caiu de 26% em janeiro para 22%. O índice daqueles que consideram o desempenho do presidente regular ficou praticamente estável, passando de 25% para 24%.
A rejeição ao trabalho do presidente na pandemia é particularmente alta ente quem tem ensino superior (65%), entre pretos (61%), entre funcionários públicos (60%) e entre mulheres (58%).
A aprovação, por sua vez, é particularmente alta entre empresários (38%), moradores do Centro-Oeste e do Norte (29%), evangélicos (27%) e pessoas entre 45 e 59 anos (27%).
O segundo pior índice de desaprovação ao trabalho do presidente na pandemia havia sido registrado no fim de maio, quando 50% o avaliaram como ruim ou péssimo. Já a mais alta aprovação obtida por Bolsonaro foi em meados de abril, com 36% considerando seu desempenho ótimo ou bom.
Principal culpado pela situação atual
Após um ano da chegada ao Brasil da covid-19, que já matou mais de 280 mil pessoas no país, 43% consideram o presidente o principal culpado pela grave situação atual da epidemia no país. Ao mesmo tempo, 38% consideram que os governadores são quem está combatendo melhor a crise sanitária.
Ao longo da pandemia, Bolsonaro minimizou frequentemente os riscos do coronavírus, além de promover curas sem eficácia e tentar sabotar iniciativas paralelas de vacinação e combate à doença lançadas por governadores em resposta à inércia do seu governo na área.
Em relação ao governo Bolsonaro como um todo, 44% o consideram ruim ou péssimo, ante 40% em janeiro; e 30% o consideram ótimo ou bom, ante 31% no início do ano.
Segundo o levantamento, para 75% dos que rejeitam a condução da crise sanitária por Bolsonaro, seu governo como um todo é visto como ruim ou péssimo. Entre os que aprovam o governo do presidente, por sua vez, 89% consideram seu trabalho na saúde ótimo ou bom.
O Datafolha ouviu 2.023 pessoas por telefone. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
lf/as (ots)
LEIA MAIS
Caos, omissão e explosão de mortes: o legado de Pazuello na Saúde
Em dez meses à frente do ministério, general obedeceu cegamente ordens de Bolsonaro que contrariavam a ciência, tentou esconder número de óbitos pela covid-19 e falhou em garantir vacinas suficientes para o país.
Brasil está novamente diante da tempestade perfeita
Com a pandemia acelerando dramaticamente, a economia se desfazendo cada vez mais rápido e um governo cada dia mais desnorteado, só faltava o Brasil voltar às trincheiras de 2018. Agora, com o retorno de Lula, aconteceu.
- Data 17.03.2021
- Assuntos relacionados Jair Bolsonaro, Coronavírus, covid-19
- Palavras-chave Jair Bolsonaro, pandemia de covid-19, coronavírus, covid-19, Datafolha
- Feedback : Envie seu comentário!
- Imprimir Imprimir a página
- Link permanente https://p.dw.com/p/3qjJS
Bolsonaro fez patifaria com Ludhmila e sabota o Centrão

Tereza Cruvinel Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

BRASIL 247 – Bolsonaro expôs a vida de uma médica a alto risco e aprontou uma molecagem contra sua base de apoio que poderá ter sérias consequências, escreve Tereza Cruvinel: “Não há bobo no Centrão mas seus líderes pareciam surpresos ontem com tamanha molecagem política, que abalou o relacionamento e pode ter consequências.”
O candidato do peito de Bolsonaro para o ministério da Saúde sempre foi Marcelo Queiroga, um Pazuello com diploma, que pode mudar a aparência da política sanitária mantendo sua essência negacionista. Para não dizer não ao centrão, que havia indicado a cardiologista Ludhmila Hajjaar, chamou-a para a conversar mas soltou os cães malditos do bolsonarismo em cima dela. Inviabilizada a escolha, confirmou Queiroga.
A patifaria cometida contra a médica merece repúdio, especialmente da classe médica, e também das mulheres, porque não deixa de haver um traço misógino no episódio. Bolsonaro acha-se muito esperto mas no Centrão ninguém é sonso. A turma entendeu a manobra, ficou irada e tem dito até que, se o novo ministro também fracassar, a discussão será sobre a troca de presidente, não de ministro.
Eles sabem que, com Bolsonaro na Presidência, nenhum ministro vai tirar o Brasil da tragédia sanitária. Não foi preocupado com a morticínio de brasileiros e buscando melhorar a atuação do governo federal na pandemia que Bolsonaro resolveu trocar o ministro da Saúde. A motivação foi eleitoral, vale dizer, foi ditada pelo efeito Lula.
Mas passo à molecagem que fizeram com a doutora Ludhmila, que na entrevista à Globonews admitiu que foi ingênua: embora comprometida com os mandamentos científicos no enfrentamento da pandemia, como a vacinação urgente e universal e o rígido isolamento social , especialmente quando não se tem vacina e o sistema hospitalar está em colapso, ela disse ter acreditado que Bolsonaro queria mesmo uma mudança para valer na conduta do governo.
A convite de Bolsonaro, ela chegou a Brasília no domingo, hospedou-se num hotel e foi para o Alvorada, para uma conversa que durou mais de três horas. Bolsonaro deixou claro que era uma entrevista sobre como seria a gestão dela mas a conversa já ficou comprometida pela presença do ainda ministro Pazuello. Como dizer na frente dele que o governo vem fazendo tudo errado. Mas ela disse, com as devidas vênias. E constatou que Bolsonaro não estava disposto a mudar nada no essencial. Não arredou pé da ojeriza ao isolamento social: “se você fizer lock down no Nordeste você me fode e eu perco a eleição”, chegou a dizer.
O deputado Eduardo Bolsonaro também estava presente e chegou a perguntar o que ela pensava sobre armas e aborto. E enquanto a conversa rolava, ela começou a ser bombardeada nas redes sociais pela turba bolsonarista.
A sofisticada fritura prévia não foi uma ação espontânea do bolsão mais radical do bolsonarismo. Foi coisa planejada e operada por gente do ramo. Enquanto a conversa rolava, a milícia digital criou três perfis falsos para ela em três diferentes redes sociais. Todos com informações que a indispunham com o presidente e com sua linha de pensamento e ação. Em um deles, havia uma postagem falsa em que ela o chamava de psicopata. Tudo isso leva algum tempo e exige domínio técnico.
Alguém teve tempo e pachorra para pesquisar e trazer à tona vídeos em que ele aparece ao lado de figuras detestadas pelo bolsonarismo, como Rodrigo Maia, Dilma Rousseff e Gilmar Mendes.
fonte: https://www.brasil247.com/blog/bolsonaro-fez-patifaria-com-ludhmila-e-sabota-o-centrao