Reflexões sobre a realidade da Amazônia e os resultados do Sínodo marcam o primeiro dia de assembleia da CEAMA

Teve início na manhã desta segunda-feira (26) a primeira assembleia plenária da Conferência Eclesial da Amazônia/CEAMA. Presidida pelo cardeal Cláudio Hummes, a atividade é realizada de forma virtual e reúne cardeais, bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, representantes das comunidades tradicionais, organismos eclesiais e instituições parceiras internacionais.

Com um momento de oração coordenado pela secretária geral da Conferência Latino-americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas/CLAR, Ir. Daniela Adriana Cannavina, deu-se início aos trabalhos do primeiro dia. Em seguida, o cardeal Hummes, presidente da CEAMA, acolheu os presentes e apresentou os objetivos da assembleia.

“1º objetivo, reunir para de novo convocar a todos os senhores bispos da Panamazônia, bem como sacerdotes, religiosos/as, leigos/as, representantes dos povos originários e das demais comunidades locais do território,  representantes das cidades e periferias urbanas, das agências internacionais de ajuda, e muitos outros que se uniram a nós na promoção da Missão da Igreja na Amazônia e da missão da sociedade civil na preservação da Amazônia e dos direitos de seus povos; 2º objetivo, escutar-nos uns aos outros de novo  para juntos construirmos com as comunidades locais o processo de aplicação do sínodo no território; e 3º objetivo, iniciar a formulação de um Plano Pastoral de Conjunto, como havia sido pedido pela Conferência de Aparecida em 2007”, explicou o cardeal Hummes.

O presidente da CEAMA enviou uma carta ao papa Francisco, no inicio do mês de outubro, comunicando da realização da assembleia. Segundo o cardeal, Francisco respondeu com alegria sobre a atividade. “Diz que nos acompanha desde Roma, com alegria, bons desejos e oração. Diz que está sempre a serviço deste processo e que nesta assembleia plenária estará muito próximo de nós. Pede a nossa oração por ele”, completou.

O cardeal ainda recordou o caminho sinodal, iniciado ainda na Conferência de Aparecida, em 2007, até a realização da grande assembleia em outubro do ano passado. “A realização do sínodo foi o ponto alto deste processo, que agora deve continuar com a aplicação do sínodo no território”, destacou Hummes.

O cardeal Michael Czerny, que foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia, também esteve presente no primeiro dia de assembleia da CEAMA. Em nome do papa Francisco saudou à Assembleia e destacou a missão da Conferência de ajudar a delinear uma Igreja de rostos amazônicos. “Em linha com esta inculturação tão desejada pelo Papa Francisco, a CEAMA tem a missão de caminhar dando forma às expressões próprias da Igreja na Amazônia, mantendo a comunhão com a Igreja universal, para dinamizar a Evangelização ​em todo o território​”, afirmou Czerny.

Atividades do primeiro dia

Após a fala do cardeal, Maurício Lopez, membro da secretaria executiva interina da CEAMA, apresentou o programa da assembleia, os objetivos e metodologia dos trabalhos, que foi finalizada com um vídeo sobre a identidade e missão da Conferência Eclesial da Amazônia.

Em seguida, Ir. Gloria Liliana Franco Echeverri, presidenta da CLAR, apresentou os gritos de dor e os cantos de esperança para a Amazônia e seus povos neste tempo de pandemia da Covid-19. “Desde a metáfora das sementes, quero compartilhar gestos concretos, com uma ótica de esperança”, afirmou.

Entre os destaques feitos pela religiosa estão a exortação Querida Amazônia; a reorganização do Conselho Episcopal Latino-Americano/CELAM; o fortalecimento da Igreja doméstica, provocados pela pandemia, uma nova maneira de ser comunidade, de celebrar, de realizar encontros; e a ação comprometida e solidária das comunidades de base –  em torno da palavra, inclusive com o uso das tecnologias.

Com um vídeo rico em depoimentos e experiências, as Cáritas da América-Latina e do Caribe apresentaram as crises e as repostas da Igreja frente a emergência nos territórios da Pan-Amazônia.

Dom David Martínez de Aguirre, vice-presidente da CEAMA e bispo de Porto Maldonado/Peru, apresentou a dinâmica dos trabalhos do primeiro dia. Os quase 250 participantes foram divididos em pequenos grupos para refletirem: em que o Sínodo e os sonhos da exortação Querida Amazônia já está se tornando concreto, sendo realidade na Amazônia e/ou em outras realidades?

Após as discussões nos grupos, os participantes voltaram para a plenária ampliada para finalização do primeiro dia de atividades. Após a apresentação do caminho metodológico do segundo dia da assembleia, a ser realizado na manhã de terça-feira (28), Ir. Liliana Echeverri conduziu a oração de encerramento que foi finalizada com a benção de Dom David.

 


 

A Assembleia da CEAMA tece “sinodalmente alguns dos compromissos prioritários e mais urgentes do Sínodo”

250 pessoas se reuniram nos dias 26 e 27 de outubro para participar da Primeira Assembleia Plenária da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, que foi realizada virtualmente. A nova conferência, que é a concretização do organismo que o Documento Final do Sínodo da Amazônia solicitou a fim de que “promova a sinodalidade entre as Igrejas da região, que ajude a delinear o rosto amazônico desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora“, emitiu um comunicado final no qual estão recolhidos os passos de um processo que começou na Conferência de Aparecida em 2007 e teve seu ponto culminante na Assembleia Sinodal, celebrada de 6 a 27 de outubro de 2019 no Vaticano.

A informação é de Luis Miguel Modino

O comunicado destaca “o apoio do Papa Francisco, que está feliz pela continuidade deste processo pós-sinodal amazônico“. Este encontro foi um momento “para pensar em propostas que promovam a evangelização na Amazônia”, ajudando a tecer juntos “alguns dos compromissos prioritários e mais urgentes do Sínodo, iniciando assim um processo que nos conduzirá a um Plano Pastoral de Conjunto”.

Os 20 núcleos temáticos prioritários foram tratados em grupos durante a assembleia. O comunicado reuniu os principais elementos tratados durante os dois dias de trabalho, destacando o diálogo, o envolvimento dos leigos, das mulheres, dos povos originários, dos mestiços, dos afro-descendentes, no trabalho da Igreja, sendo uma Igreja que acolhe as vítimas da pandemia, assim como a formação de comunidades que possam celebrar a Eucaristia e com uma forte consciência missionária e ministerial de todos os seus membros.

Este é um processo no qual devemos continuar avançando, “articulados com o CELAM e as diferentes redes eclesiais amazônicas“, aliados “aos povos amazônicos e em defesa da Casa Comum“. 

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/604143-a-assembleia-da-ceama-tece-sinodalmente-alguns-dos-compromissos-prioritarios-e-mais-urgentes-do-sinodo


Assembleia Plenária da CEAMA, uma expressão de uma Igreja que deseja se irmanar com os povos amazônicos

 

A realidade nos desafia constantemente e nos leva a enfrentar situações que meses atrás eram inimagináveis para nós. Se há um ano, no final da Assembleia Sinodal, nos tivessem dito que este 26 e 27 de outubro seria a primeira assembleia plenária do novo organismo episcopal que o Documento Final propunha para trazer de volta ao território as decisões do Sínodo, isso nos soaria como algo quase impossível.

A reportagem é de Luis Miguel Modino.

Mas com a ajuda da tecnologia e a boa disposição dos participantes, a Conferência Eclesial da Amazônia tem conseguido se reunir. No final, cerca de 250 participantes, com uma grande participação feminina, estiveram presentes nesta assembleia, que é eclesial, não episcopal, como proposto pelo Papa Francisco. De fato, como afirmou o Cardeal Claudio Hummes, presidente do CEAMA, o Papa sabe da realização desta assembleia, já que o próprio Cardeal lhe escreveu informando-o de sua celebração e de seus objetivos: reunir a Igreja da Pan-Amazônia, escutar uns aos outros e iniciar a formulação de um Plano Pastoral de Conjunto.

O Papa está muito feliz que o processo pós-sinodal amazônico continue, como fez ver ao Cardeal Hummes em resposta à sua carta, e que ele acompanha e se sente próximo de tudo o que está acontecendo. O presidente da CEAMA lembrou os passos dados, um caminho que começou na Conferência de Aparecida em 2007, continuou no encontro do Papa Francisco com os bispos no Rio de Janeiro em 2013, a criação da REPAM em 2014, a convocação do Sínodo, que nas palavras de Hummes, “foi o ponto alto deste processo, que agora deve continuar com a aplicação do Sínodo no território”.

Não podemos esquecer que “a principal missão da CEAMA é ajudar a delinear ‘uma Igreja com rostos amazônicos‘”, algo em que o Cardeal Michael Czerny, delegado do Papa Francisco no CEAMA, insistiu, seguindo o chamado do Vaticano II “para inserir-se nas culturas dos povos ‘à maneira da economia da Encarnação'”. Estamos diante de um instrumento “para dinamizar a Evangelização em todo o território”, segundo Czerny, que enfatizou a diversidade de componentes dentro da CEAMA, que “trará uma riqueza de espírito, conhecimento e experiência para delinear juntos o primeiro plano pastoral da Igreja em toda a região”.

No caso da CEAMA, estamos diante da “primeira conferência eclesial de dimensão regional e estilo sinodal”, sublinhou Czerny, que vê a CEAMA como “uma expressão alegre do ‘transbordamento’ do Espírito Santo e da eterna novidade de Jesus Cristo que ‘nos surpreende com sua constante criatividade divina'”. Trata-se de “uma planta recém-plantada”, que com esta assembleia “começa a crescer em toda sua beleza”. A partir daí o Cardeal encorajou os participantes “para que a fé e as culturas de todos os povos originários e amazônicos se abram a um futuro cheio de esperança, no marco de uma ecologia integral que defenda seu precioso território, suas águas, suas terras e seus ares”.

Logo da CEAMA. (Imagem: Luis Miguel Modino)

CEAMA pretende tornar realidade o tempo da sinodalidade, de caminhar juntos. Estamos diante de uma nova realidade, uma canoa que foi construída e está pronta para entrar na água e começar a navegar, que é caracterizada pelo princípio da inclusão e pluralidade. É a expressão de uma Igreja que deseja se irmanar com a realidade vivida pelos diferentes povos em seu território, uma Igreja que está descobrindo que o Espírito sopra sobre o poliedro da diversidade cultural que acompanha as comunidades.

Conferência Eclesial da Amazônia retoma as orientações do Papa Francisco para ajudar na inculturação plural e intercultural da região e para configurar os rostos amazônicos do Povo de Deus, algo que tem como exemplo a criação de um rito amazônico. Estamos diante de uma nova casa de acolhida no território amazônico, que sonha em tecer relações sociais e territoriais que são o capital que faz a diferença. Estamos na hora do diálogo dos saberes, de propósitos coletivos, de novos círculos que dão vida a uma nova ordem social e eclesial.

Somos chamados a descobrir as sementes de esperança presentes na Igreja da Amazônia, algo que Liliana Franco, presidente da CLAR, destacou. Recordando as palavras de Pedro Casaldáliga, ela afirmou a necessidade de uma Igreja vestida apenas com o Evangelho e sandálias, e enfatizou a Querida Amazônia como um sinal de esperança, que traduz os clamores em um itinerário de conversão que nos impele a sonhar. Outras sementes de esperança são a reforma do CELAM, que, com base numa ampla participação, visa determinar as prioridades da Igreja no continente. Também o fortalecimento da Igreja doméstica, algo promovido neste tempo de pandemia, que tornou presente uma nova maneira de construir a comunidade, de celebrar, de gerar encontro e compromisso.

As comunidades de base estão sendo um sinal de uma ação comprometida e solidária, que em torno da Palavra e fazendo uso da tecnologia estão empenhadas em celebrar e viver a solidariedade. Os encontros de formação são um sinal de esperança, procurando sempre ser melhores testemunhas, redes e trabalho interinstitucional, para gerar força e tornar possível a mudança. O mesmo pode ser dito de uma Igreja itineranteintercongregacional, que une forças para responder a realidades que não poderiam ser feitas sozinhas. Liliana Franco vê o Fratelli Tutti como um presente e uma contribuição para a reflexão que temos feito, do ponto de vista da fraternidade, do sororal e a amizade social.

Assembleia do CEAMA, como lembrou Dom David Martínez de Aguirre, que falou sobre os sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia, é um momento “para passar à ação, para energizar esses sonhos”. Por esta razão, o vice-presidente da CEAMA insistiu na importância de se conectar com o acima exposto, de compartilhar o que está sendo vivido na Igreja da Amazônia, algo que foi realizado nos trabalhos dos 10 grupos nos quais os participantes foram divididos, seguindo os sonhos de Querida Amazônia e mostrando como esta nova conferência está sendo acolhida nas Igrejas locais. Tudo isso na tentativa de dar forma e continuar a viver o Sínodo, promovendo os sonhos. Estamos diante da oportunidade, nas palavras do Cardeal Barreto, de que “esta semente pode germinar, confiando na graça de Deus que faz esta semente germinar em todos nós”.

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 fonte: http://www.ihu.unisinos.br/604124-assembleia-plenaria-da-ceama-uma-expressao-de-uma-igreja-que-deseja-se-irmanar-com-os-povos-amazonicos


Comunicado da primeira assembleia plenária da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA

 
 

“A CEAMA concretiza a proposta de ‘criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as igrejas da região, que ajude a delinear a face amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora (DF 115)”, informa comunicado emitido pela Conferência Eclesial da Amazônia.

Eis o comunicado.

Na Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, nos reunimos para celebrar a primeira assembleia plenária nos dias 26 e 27 de outubro, coincidindo com o primeiro aniversário do encerramento do Sínodo para a Amazônia. Participaram 250 pessoas, entre leigos, vida religiosa, sacerdotes e bispos.

CEAMA concretiza a proposta de “criar um organismo episcopal que promova a sinodalidade entre as igrejas da região, que ajude a delinear a face amazônica desta Igreja e que continue a tarefa de encontrar novos caminhos para a missão evangelizadora” (DF 115).

Conferência Eclesial da Amazônia é parte de um processo que começou em 2007 com a Conferência de Aparecida e teve seu ápice na realização do Sínodo. O encontro do Papa Francisco com os bispos no Rio de Janeiro em 2013, a criação da REPAM em 2014, a convocação do Sínodo para a Amazônia em outubro de 2017, a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado em janeiro de 2018,  onde iniciamos um amplo e rico processo de escuta, a Assembleia Sinodal em outubro de 2019, a exortação pós-sinodal Querida Amazônia em fevereiro de 2020, que acolhe o Documento Final do Sínodo e pede sua implementação (cf. QA 2-4), são passos decisivos que nos permitiram chegar a esta assembleia.

Assumimos o desafio de realizar este encontro através de uma plataforma virtual. Nos anima o apoio do Papa Francisco, que está feliz pela continuidade deste processo pós-sinodal amazônico. O virtual não foi um impedimento para celebrar e compartilhar a fé e a vida, para pensar em propostas que promovam a evangelização na Amazônia. Através dos momentos de oração, intervenções, recursos  multimídia e o trabalho em pequenos grupos, entrelaçamos sinodalmente alguns dos compromissos prioritários e mais urgentes do Sínodo, iniciando assim um processo que nos conduzirá a um Plano Pastoral de Conjunto.

Seguindo as prioridades do Sínodo e da Querida Amazônia, começamos trabalhando em 20 núcleos temáticos prioritários. Sentimos que é tempo de dialogar, encarnar-se, de descolonizar. Envolver aos leigos, as mulheres, os povos nativos, os mestiços, os quilombolas, no atuar da Igreja. Servir, defender, comunicar, influenciar, resistir, sendo uma Igreja que acolhe as vítimas da pandemia. Formar comunidades que possam celebrar a Eucaristia e com uma forte consciência missionária e ministerial de todos os seus membros: leigos, seminaristas, ministros, vida consagrada, sacerdotes e bispos.  Tempo de articular os povos, os territórios, as jurisdições eclesiásticas, para tecer redes e ações concretas.

Em comunhão com a Igreja universal, articulados com o CELAM e as diferentes redes eclesiais amazônicas, seguimos avançando neste processo do Espírito, aliados aos povos amazônicos e em defesa  da Casa Comum. Confiamos a MariaMãe da Amazônia, nossa missão.

27 de outubro de 2020

 

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