‘Quero justiça’, diz mãe de jovem congolês morto em quiosque na Barra da Tijuca

Corpo de Moïse Kabamgabe foi enterrado no domingo (30). Segundo primo que viu imagens de câmeras de segurança, ele foi vítima de uma sequência de agressões.

Por Luana Alves, Bom Dia Rio

31/01/2022 06h48  


Parentes de congolês morto na Barra cobram justiça

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Parentes de congolês morto na Barra cobram justiça

Os familiares do jovem congolês Moïse Kabamgabe pediram uma apuração rigorosa da morte do trabalhador, de 25 anos. A Delegacia de Homicídios da capital investiga o caso. Ele nasceu no Congo, na África, e trabalhava por diárias em um quiosque perto do Posto 8, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

A família disse que o responsável pelo quiosque estava devendo dois dias de pagamento para Moïse e que, quando o congolês foi cobrar, foi espancado até a morte.

Ivana Lay, mãe de Moïse Kabamgabe, jovem congolês morto na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução/ TV Globo

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“Meu filho cresceu aqui, estudou aqui. Todos os amigos dele são brasileiros. Mas hoje é vergonha. Morreu no Brasil. Quero justiça”, afirmou Ivana Lay, mãe de Moïse.

O corpo foi enterrado no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio, no domingo (30). O sepultamento foi marcado por protestos. Moïse veio para o Brasil em 2014 com a mãe e os irmãos, como refugiado político.

“Uma pessoa de outro país que veio no seu país para ser acolhido. E vocês vão matá-lo porque ele pediu o salário dele? Porque ele disse: ‘Estão me devendo’?”, questionou Chadrac Kembilu, primo de Moïse.

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Agressões filmadas

As agressões teriam durado pelo menos 15 minutos e foram gravadas pelas câmeras de segurança do quiosque. Moïse apanhou de 5 homens que, segundo testemunhas, usaram pedaços de madeira e um taco de beisebol. Ele foi encontrado em uma escada, amarrado e já sem vida.

“O início da gravação que eu vi é ele reclamando com o gerente do quiosque. Alguns minutos seguintes, o gerente pegou um pedaço de madeira para ameaçar ele. Até então, ele estava só recuando. E o cara foi atrás dele. Como ele estava reivindicando alguma coisa, ele pegou uma cadeira e dobrou para se defender. Ele não chegou a atacar ninguém. O gerente chamou uma galera que estava na frente do quiosque. Até então tinha só um sentado”, contou Yannick Kamanda, primo da vítima.

Segundo o familiar, as agressões se agravaram.

“Veio uma galera que o arremessou no chão, tentando dar um golpe de mata-leão nele. Vieram mais algumas pessoas bater nele com madeira, veio outro com uma corda, amarrou as mãos e as pernas para trás, passou a corda pelo pescoço. Ficou amarrado no mata-leão, apanhando. Tomando soco e taco de beisebol nas costelas. Até ele desmaiar”, disse o primo.https://0b34f37151397c1bb886d6802d9595a8.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

De acordo com o relato do primo que viu as imagens, o dia de trabalho continuou, mesmo com a morte de Moïse.

“Eles foram embora e ficou só o gerente do quiosque. E ele deitado no chão, como se nada estivesse acontecendo. Trabalhando, atendendo cliente. E o corpo lá”, afirmou Yannick.

Os parentes só souberam da morte na manhã de terça-feira (25), quase 12 horas após o crime.

A polícia já obteve as imagens das câmeras de segurança do quiosque. Oito pessoas foram ouvidas pelos investigadores. De acordo com os familiares, cinco delas seriam pessoas envolvidas no crime.

“O Brasil é um país receptor dos refugiados, ratificou a convenção de Genebra, junto com todos os protocolos adicionais. Uma das bases é a proteção da vida humana dos refugiados que são recebidos”, afirmou Placide Ikuba, representante da Embaixada do Congo.

Moïse Kabamgabe, morto após cobrar diárias atrasadas em um quiosque na Barra da Tijuca  — Foto: Reprodução/ TV Globo

Moïse Kabamgabe, morto após cobrar diárias atrasadas em um quiosque na Barra da Tijuca — Foto: Reprodução/ TV Globo

fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/01/31/quero-justica-diz-mae-de-jovem-congoles-morto-na-barra-da-tijuca.ghtml

Nota de repúdio ao brutal espancamento e morte de um cidadão congolês e refugiado, no Kiosque Tropicália, Posto 8 Barra da Tijuca.


Comunidade Congolesa no BRASIL/ Rio de Janeiro.

A Comunidade Congolesa no Rio de Janeiro vem a público manifestar o seu mais veemente repúdio à morte por espancamento de MOÏSE MUGENYI KABAGAMBE, cidadão Congolês e refugiado de 24 anos, por gerente e seus amigos no KIOSQUE TROPICALIA, Posto 8 Barra da Tijuca, no dia 24 de Janeiro de 2022 às 21h.

MOISE MUGENYI KABAGAMBE foi espancado até a morte no kiosque Tropicália onde trabalhava como ajudante de cozinha por um contrato temporário diária, foi negligenciado por ter chamado bombeiro somente 40 minutos após da morte e conduzido em IML como desconhecido e informar a família no outro dia em torno de10h.

Segundo relatos e vídeos, MOISE no final do seu trabalho foi pedir seu pagamento diária ao gerente, pela distância que ele teve que pegar até Madureira onde reside, o gerente começou a lhe agredir juntos com seus amigos, 5 pessoas no total, batendo lhe com Bastão de Baseball.

Esse ato brutal, que não somente, manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a XENOFOBIA dentro das suas formas, contra os estrangeiros, nós da comunidade congolesa não vamos nos calar.

Lembrando aqui a Convenção de GENEBRA de 1949 sobre a proteção das Pessoas, onde o Brasil ratificou junto aos seus protocolos adicionais que tem aplicações CONSUETUDINÁRIA, um dos princípios básicos do Direito Humano é a Inviolabilidade Absoluta da Vida e Direito Humanos, particularmente, assassinato, tortura, homicídio.

Por isso exigimos a Justiça para MOISE e que os atores do Crime junto ao dono do estabelecimento, respondam pelo crime!!!!

Combater com firmeza e vencer o racismo, a Xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática.

Todo apoio à comunidade congolesa.

Prisão para os assassinos de Moise.

Cassação do direito de continuar com a concessão do Quiosque.

Reaja à Violência Racial.