Protestos contra Bolsonaro tomam as ruas no Brasil e até no exterior

AF

Augusto Fernandes
postado em 20/06/2021 06:00 – Correio Braziliense
 
 (crédito: Sergio Lima/AFP)
(crédito: Sergio Lima/AFP)

Milhares de pessoas saíram às ruas ontem no Distrito Federal e nos 26 estados do país e até no exterior para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. No dia em que o Brasil chegou à marca de 500 mil mortes pela covid-19 (leia mais na página 7), os manifestantes reclamaram, principalmente, da postura do chefe do Executivo diante da crise sanitária e, além de defenderem o impeachment de Bolsonaro, pediram mais vacinas contra o novo coronavírus, auxílio emergencial de R$ 600, entre outras pautas de cunho social, econômico e racial.

Na capital federal, o ato aconteceu na Esplanada dos Ministérios. Movimentos sociais, grupos indígenas e políticos organizaram o protesto. Os manifestantes levaram cartazes e faixas criticando o presidente e o acusando de genocídio por conta da quantidade de óbitos pela pandemia no Brasil.

Um dos participantes do ato foi o deputado Pedro Uczai (PT-SC). Segundo ele, o governo Bolsonaro “provoca uma indignação ética e política pela falta de compromisso com a dignidade humana, pela falta de respeito com a vida de todos”. Apesar dos riscos de exposição à covid-19 por conta da aglomeração entre os manifestantes, ele disse que os movimentos de ontem foram necessários para mostrar a insatisfação da população e “retomar a esperança de colocar na mão do povo brasileiro o destino deste país”.

Um dos maiores protestos ocorreu em São Paulo, onde os manifestantes ocuparam nove quarteirões da Avenida Paulista em um ato que começou de tarde e se estendeu durante a noite. A avenida precisou ser bloqueada para o trânsito de carros. Outros pontos da capital paulista, como a Praça Roosevelt e a Praça do Ciclista, também registraram atos.

O atual cenário da pandemia no Brasil foi o principal tema dos protestos em São Paulo. Os manifestantes se solidarizaram com as famílias dos meio milhão de mortes pela covid-19 e soltaram balões em homenagem às vítimas. Eles também responsabilizaram Bolsonaro pelo descontrole da crise sanitária no país. Em uma das críticas ao presidente, um caminhão despejou água de um tom avermelhado em um trecho da Avenida Paulista para dizer que o chefe do Executivo tem culpa por todas as mortes pelo novo coronavírus.

Assim como em Brasília, diversos políticos estiveram nas manifestações de São Paulo, como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Derrotado por Bolsonaro nas eleições de 2018, ele não poupou críticas ao presidente e o chamou de “verme”. “Só o impeachment vai salvar a democracia e vidas. Estava na cara que esse sujeito não ia dar a menor bola pro sofrimento da população, estava na cara que ele não ia seguir nenhuma recomendação da ciência, nenhuma recomendação do Ministério da Saúde. Ele ficou com a palhaçada de falar em tratamento precoce, em aglomerar as pessoas, em condenar o uso da máscara, em chamar de marica quem se cuidava. E o resultado está aí, 500 mil mortes oficiais por conta de um genocida que está no poder”, reclamou.

“Pior vírus”
No Rio de Janeiro, a maioria dos manifestantes protestou na Avenida Presidente Vargas, entoando cantos como “Fora, Bolsonaro” e “Eu quero vacina, não cloroquina”. Eles ainda levaram bandeiras e cartazes pedindo o impeachment do presidente, vacinação, saúde e trabalho.

Políticos discursaram em um trio elétrico e também fizeram duras críticas a Bolsonaro, como a deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que chamou o presidente de “genocida” e “o pior vírus que estamos enfrentando neste momento”. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez coro às declarações da petista e disse que as manifestações precisam continuar acontecendo até que Bolsonaro deixe a Presidência.

“É um sentimento claro que nós continuamos com força. Nós somos o que o Bolsonaro não quer. Hoje (ontem) está muito maior do que foi no dia 29 de maio. O que isso significa? Significa que o Brasil voltou a responder nas ruas. De onde, de fato, a gente nunca quis sair. Nós respondemos com a nossa indignação.”

Algumas celebridades compareceram ao ato no Rio, como o cantor Chico Buarque. Os atores Samantha Schmütz, Paulo Betti, Dadá Coelho e Malu Mader, com o marido dela, o músico Tony Bellotto, também estiveram na manifestação da capital fluminense.

Fora do país
Mais de 20 cidades europeias registraram atos contra Bolsonaro, a exemplo Madri (Espanha), Viena (Áustria), Dublin (Irlanda), Lisboa e Coimbra (Portugal), Londres (Reino Unido), Amsterdã (Holanda), Berlim, Frankfurt, Munique e Leipzig (Alemanha), Bruxelas (Bélgica) e Zurique (Suíça).

Em outros países da América do Sul, brasileiros também protestaram contra o presidente. As manifestações aconteceram em capitais como Buenos Aires (Argentina), Caracas (Venezuela) e Bogotá (Colômbia). Ainda aconteceram atos nos Estados Unidos: Austin, Boston, Chicago, Flórida e Los Angeles foram alguns dos locais que receberam atos contra Bolsonaro.

  • No Rio, a concentração foi na Avenida Presidente Vargas, no Centro, com cânticos de
    No Rio, a concentração foi na Avenida Presidente Vargas, no Centro, com cânticos de “Fora, Bolsonaro”Foto: Andre Borges/AFP
  • Atos também foram registrados em 20 cidades europeias, como Dublin
    Atos também foram registrados em 20 cidades europeias, como DublinFoto: Ines Quintanilha/Divulgação
 
 
 

 


Ruas se movem contra Bolsonaro com revolta reforçada por marca de meio milhão de mortos para a covid-19

Sob grito de “Fora Bolsonaro”, milhares foram protestar contra a pandemia, o luto por seus entes perdidos na pandemia e a violência contra a população negra. “Ainda que não derrube Bolsonaro agora, é importante aumentar a força para derrotá-lo no ano que vem”

Ato pelo "fora Bolsonaro" na avenida Paulista, em São Paulo, neste sábado, 19 de junho.
Ato pelo “fora Bolsonaro” na avenida Paulista, em São Paulo, neste sábado, 19 de junho.PAULO PINTO / AFP
 
 
São Paulo / Brasília – 19 JUN 2021 – 22:41 BRT – ELPAÍS
 
 

Teve pixuleco gigante do presidente Jair Bolsonaro, teve montagem de foto dele com os filhos vestidos de presidiários, e cartazes em homenagem a quem perdeu algum ente querido. O Brasil foi outra vez às ruas neste sábado, 19 de junho, para se manifestar contra Bolsonaro, justamente no dia em que o país atingiu a marca de mais de 500.000 mortos. Vidas perdidas diante de um mandatário que zombou das regras de distanciamento, enquanto o país se protegia do vírus. Novamente, bandeiras de sindicatos, partidos e coletivos coloriram as ruas em diversas capitais, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que arrastaram mais multidões. Em São Paulo, as pessoas começaram a se reunir às 16h00 na avenida Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Pouco depois das 17h, milhares se estendiam ao longo de 9 quarteirões.

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Com cartazes, camisetas e adesivos pedindo a saída do presidente, os manifestantes, a grande maioria de máscaras, tentaram engrossar as fileiras de revolta contra o quadro atual da pandemia de coronavírus e seus desdobramentos. Além das 500.000 mortes por covid-19, a lentidão da vacinação, a volta do auxílio emergencial de 600 reais, o desemprego, o descaso com a educação e com o meio ambiente, e o uso da violência contra a população negra estiveram foram os motes nas ruas. A socióloga Dulce Neri, de 71 anos, não havia ido ao ato do dia 29 de maio porque ficou com medo da aglomeração. Mas, para o protesto deste sábado decidiu, que não dava mais para ficar em casa. Veio com suas filhas e neto. “Impossível ficar quieta com em casa com 500.000 mortos e esse desgoverno”, disse ela na avenida Paulista.

“O verme matou meu avô”, lia-se no cartaz carregado por Clayton. “Ele matou meu pai e mais 498.000. Fora genocida”, escreveu Francisco, de 24 anos, em uma cartolina. “Perdi meu pai há três meses. Ele vinha lutando contra um câncer, mas infelizmente, por causa desse genocida que está no poder, ele contraiu n vírus e morreu”, relata ele, que interrompe sua fala para chorar. E completa: “Estou aqui por todas as vidas que perdemos e contra esse Governo”. Igor Tavares Rodrigues, de 27 anos, também lembrou de um familiar que se foi: “Minha avó morreu dois dias antes de vacinar. 11 ofertas recusadas. E se?”, escreveu em seu cartaz. “A minha luta é pela responsabilidade. É função de um Governo proteger seu povo, mas esse Governo é completamente negligente. Ele abriu uma cova para 500.000 brasileiros, e minha avó foi uma delas”, explica. É o Brasil em carne viva diante de uma tragédia que poderia ter sido atenuada se tivesse sido levada a sério desde o princípio. O Governo, porém, optou por apostar no tratamento precoce como estratégia contra a corrente científica, o que o levou a derrubar dois ministros da Saúde —Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich—, a manter um general da ativa que endossou a política errática do presidente, até chegar ao ministro Marcelo Queiroga.

O titular atual da pasta conseguiu independência para defender o uso da máscara e distanciamento, mostrando-se adepto da ciência. Mas acima dele está um mandatário que segue indo a eventos sem máscara e criando teorias falsas. Há poucos dias disse em sua live semanal no Facebook que contaminar-se com o vírus é mais eficiente que a vacina. A distância entre ambos ficou clara outra vez neste sábado. Enquanto seu ministro da Saúde e os ex-titulares prestaram solidariedade aos 500.000 mortos por covid-19, Bolsonaro preferiu saudar os policiais que tentam prender o assassino Lázaro Barbosa, que está foragido há 11 dias no Distrito Federal. Ao fim do dia, ainda ironizou manifestantes em Paranaguá.

Clayton, que perdeu seu avô, exibe cartaz em protesto na avenida Paulista.
Clayton, que perdeu seu avô, exibe cartaz em protesto na avenida Paulista.

As ruas no Brasil se movem e a classe política tenta se sintonizar com suas demandas. Senadores da CPI da Pandemia aproveitaram a data para assumir o compromisso de que os responsáveis por parte do meio milhão de mortes “pagarão pelos seus erros, omissões, desprezos e deboches”. “Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso. Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente. Os crimes contra a humanidade, os morticínios e os genocídios não se apagam, nem prescrevem. Eles se eternizam e, antes da justiça Divina, eles se encontrarão com a justiça dos homens”. O texto foi assinado por nove senadores, entre eles Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL), Randolfe Rodrigues (REDE-AP), e Tasso Jereissati (PSDB-CE).

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL) discursaram para os manifestantes durante o protesto em São Paulo. Nas redes, vários políticos lamentaram as mortes deste sábado, como os governadores João Doria (PSDB-SP), Flávio Dino (de mudança para o PSB-MA) e ACM Neto (DEM-BA), assim como os presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista chegou a acenar sua ida ao protesto, mas acabou desistindo. Nos atos, porém, seu nome era o mais lembrado. Diversas pessoas vestiam camiseta do PT ou de Lula. Os amigos Thayná Ferreira, de 25 anos, Fernando Siqueira, 28, e Daniel Felício, 22, traziam cada um uma bandeira do PT enrolada ao corpo. “Eu me formei graças ao Lula e meus pais têm uma casa popular por causa dele”, disse Daniel, que é publicitário. A presença de sindicatos pode explicar a predileção por Lula. Não havia bandeiras ou adesivos de outros opositores de Bolsonaro, como Ciro ou João Doria.

Protesto chegou a ocupar nove quadras na avenida mais famosa de São Paulo.
Protesto chegou a ocupar nove quadras na avenida mais famosa de São Paulo.

Nem todos, porém, foram às ruas pensando em eleição de 2022. Giovane Gonçalves, de 24 anos, trabalha na subprefeitura de Santo Amaro, mas como os tempos andam “difíceis”, ele complementa sua renda como entregador de aplicativo. “Estamos aqui na luta contra esse desgoverno de Bolsonaro e pelas pessoas mortas. Inclusive tive parentes, tio e primo, que morreram por causa desse desgoverno que é anti-vacina, negacionista”. Ele diz que sua vida tem sido um “caos” também por conta da questão econômica e desse retrocesso na vida das pessoas”. Espera pela queda do presidente o quanto antes. Mas também explica que a luta pelo “fora Bolsonaro” também se une à demanda dos entregadores de aplicativo por mais direitos trabalhistas. “A gente corre risco de vida, estamos no trânsito, e nem sempre somos valorizados. Por isso essa luta é importante também.”

Sobrou também para o vice-presidente Hamilton Mourão e os militares. Algumas faixas incluíam “Fora Mourão” e “Fora Bolsonaro e seus generais”, num momento em que as Forças Armadas dão cada vez mais suporte ao presidente e há insistentes ataques a pactos democráticos em distintas áreas.

O impeachment de Bolsonaro ainda é uma expectativa para seus opositores. “Se a vacinação avançar, queremos lotar esse gramado do Congresso Nacional. Aí, quero ver dizerem que falta apoio popular pelo impeachment”, disse a enfermeira Mariana Castilho, de 46 anos, em Brasília. Mas há quem olhe mais longe para 2022. “Ainda que não derrube o Bolsonaro agora, é importante aumentar a força para o derrotarmos no ano que vem”, disse o aposentado Aldino Graef, 70, ao lado da companheira dele, a professora Walkiria Lobato, 61. Margarete Coelho, uma das representantes do movimento negro presente no ato da capital do país, foi na mesma linha. “Somos nós, as pretas, os pretos, os índios e as índias que vamos derrubar este Governo neste ano ou no ano que vem, nas urnas”, afirmou.

Foi a segunda vez em um mês que manifestantes se reuniram para protestar contra o Governo. Na foto, Francisco Souza mostra sua motivação pessoal para estar nas ruas.
Foi a segunda vez em um mês que manifestantes se reuniram para protestar contra o Governo. Na foto, Francisco Souza mostra sua motivação pessoal para estar nas ruas. FELIPE BETIM

O ato de Recife, que começou às 9h, correu com tranquilidade, sem a violência policial registrada na última manifestação, de 29 de maio, informou o portal G1. Na ocasião, dois homens foram atingidos nos olhos por balas de borracha, e um deles perdeu o olho. Em diversos momentos, os manifestantes lembraram neste sábado das agressões -algumas pessoas compareceram ao ato com tinta vermelha em um dos olhos. A repressão resultou na queda do então secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, e do então chefe da PM, Vanildo Maranhão, este último transferido à reserva remunerada pelo governador Paulo Câmara (PSB). Além disso, 16 PMs foram afastados.

Os atos deste sábado foram convocados pela frente Brasil Popular, pela Coalizão Negra por Direitos e pela frente Povo sem Medo, que tem Guilherme Boulos, principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e ex-candidato à presidência e à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, como um dos coordenadores. Juntos, congregam centenas de movimentos sociais. Mas os atos também contaram com apoio de algumas organizações de centro, como o Movimento Acredito. Nas redes sociais, o movimento ganhou a hashtag #19JForaBolsonaro e desde cedo já era o principal assunto no Twitter.

Igor Tavares Rodrigues, de 27 anos está nas ruas "pelo povo", mas também por sua avó.
Igor Tavares Rodrigues, de 27 anos está nas ruas “pelo povo”, mas também por sua avó.FELIPE BETIM

Protestos contra Bolsonaro reúnem 750 mil pessoas em 427 atos no Brasil e exterior; na Avenida Paulista, 100 mil


19/06/2021 – 20h20

  

VioMundo, com RBA e redes sociais

Segundo as frentes  Brasil Popular e Povo Sem Medo, as manifestações do #19JForaBolsonaro reuniram neste sábado (19/06) mais de 750 mil pessoas em 427 atos no Brasil e em 17 países no exterior. 

Ou seja, superaram em 300 mil os protestos do 29 de maio.

Em São Paulo, mais de 100 mil participaram do “Fora, Bolsonaro!”, na Avenida Paulista.

A concentração foi no vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp).

No início, pelo menos, quatro quarteirões da avenida foram tomados pelos manifestantes.

Um grupo de ciclistas realizou uma bicicletada em homenagem às 500 mil vítimas da pandemia e em defesa da democracia.

 

Foto: Mídia Ninja

Os manifestantes pediram “mais máscara e menos cloroquina”.

Eles atribuem à negligência do governo federal o agravamento dos impactos econômicos da pandemia.

“Seu comércio está falindo porque Bolsonaro não comprou vacina”, dizia o cartaz carregado por uma mulher.

“A culpa é dele!”, registrava outra participante.

Além das faixas e cartazes de protesto, manifestantes também carregarram bandeiras de partidos políticos, como PT, Psol, PCdoB e UP.

Foto: Mídia Ninja

Movimentos sociais, centrais sindicais e integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) marcaram presença.

 

O presidente Jair Bolsonaro, o vice Mourão, os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o ministro Paulo Guedes (Economia) foram criticados pela demora na compra das vacinas.

De Guedes cobraram ainda o auxílio emergencial de R$ 600 enquanto durar a pandemia.

Os filhos de Bolsonaro também viraram alvo dos protestos. Foto: Mídia Ninja

 

‘Bolsonaro matou meu irmão’

Dona Neuza portava um cartaz com a foto do seu irmão. Ela sugeriu que todos trouxessem retratos dos familiares vítimas da pandemia, “para mostrar o quanto as pessoas estão sentidas”.

“Ele tomou todas as precauções, mas morreu de covid. Porque não foi vacinado. Bolsonaro rejeitou em agosto lotes de imunizantes que já poderiam ter sido aplicados em milhões de brasileiros. Bolsonaro não é brasileiro”, protestou.

Assim como ela, vários manifestantes lembraram dos familiares que estavam mais presentes.


Geração 68 Carlos Alberto foi torturado e ficou preso por 10 anos, Romildo teve o irmão assassinado pelo regime e Alberto foi torturado e ficou preso 10 anos. Todos (agora vacinados) ainda lutam por democracia e justiça social.

 

“Perdi a pessoa mais importante da minha vida”. São Paulo, Brasil. 500 mil mortes! Foto: Midia NINJA #19JForaBolsonaro #19J

    

Fotos: Mídia Ninja

fonte: https://www.viomundo.com.br/politica/19jforabolsonaro-protestos-reunem-mais-de-750-mil-pessoas-em-427-atos-no-brasil-e-exterior-na-avenida-paulista-mais-de-100-mil-fotos-e-videos.html

 


Veja como foram os principais atos pelo “Fora, Bolsonaro” em todo o Brasil

Atos por “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro” ocorreram em centenas de cidades no Brasil e no mundo

 
Brasil de Fato | Lábrea (AM) |

 

Ouça o áudio

 
Avenida Paulista em 19 de junho – Geisa Marques

As palavras de ordem “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro” ecoaram neste sábado (19) por ruas e avenidas de centenas de cidades brasileiras e do exterior. Na mesma data em que o Brasil alcançou a marca de meio milhão de mortes pela pandemia, os atos foram marcados pelo cumprimento de medidas contra o contágio da Covid-19, como uso de máscara e distanciamento. 

As mobilizações foram convocadas pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, além de organizações de trabalhadores, indígenas, quilombolas, entidades religiosas e torcidas organizadas, e ocorreram em continuidade aos atos massivos do 29 de maio, que contou com a participação popular em mais de 200 municípios em todos os estados.

Os organizadores estimam que cerca de 750 mil pessoas compareceram a atos ocorridos em 427 cidades brasileiras e em outros 17 países. 

“Estamos juntos nessa jornada do ‘Fora Bolsonaro’ por todo o país. Estamos muito tristes porque são 500 mil brasileiros e brasileiras que perderam suas vidas com um governo genocida com uma política fascista que foi cometida no último ano”, disse  João Paulo Rodrigues, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na Avenida Paulista, em São Paulo.

“Porém cabe a nós conduzir a luta mesmo em uma situação adversa e enfrentar o vírus do bolsonariamo e da covid. Por isso, dizemos em alto e bom som: “Fora Bolsonaro”. Queremos auxílio emergencial de R$ 600 para o nosso povo como direito e vacina já” ,disse ele. 

“Essa manifestação não termina aqui e hoje é um dia importantíssimo. Nas próximas semanas iremos determinar o dia de luta seguinte, que pode ser uma greve geral, uma paralisação, ocupação, até derrubar esse governo Bolsonaro. Vamos à luta, se cuidem. É um momento de luto, mas também de luta”, finalizou João Paulo.  

Apesar da emergência sanitária, a população foi forçada a tomar às ruas, como forma de pressionar o governo federal a atender as reivindicações, entre elas maior investimento no Sistema Único de Saúde (SUS), garantia de leitos e insumos, aceleração da vacinação, auxílio emergencial de R$ 600, políticas para manutenção de salários e apoio a pequenas e médias empresas. Bandeiras que podem ser resumidas pelo grito de “Fora, Bolsonaro”. 

Veja como foram os principais manifestações do 19J:

No Recife o ato se concentrou na Praça do Derby e percorreu toda a Avenida Conde da Boa Vista. Diferente do dia 29 de maio, não houve repressão por parte da Polícia Militar. A organização da mobilização estimou a presença em 10 mil pessoas. Chamava atenção o uso de máscaras e álcool em gel pelos manifestantes e os pedidos persistentes dos organizadores por distanciamento social entre os participantes.

No Rio de Janeiro, o ato durou quatro horas e teve quase quatro quilômetros de trajeto até a Igreja da Candelária. Estudantes, trabalhadores, sindicatos, servidores públicos e movimentos populares gritaram palavras de ordem contra o governo federal. Segundo os organizadores, o ato teve número de participantes semelhante à manifestação do 29M. 

A mobilização carioca contou com a participação da deputada federal Benedita da Silva (PT). Ela chamou atenção para o avanço da fome nas localidades mais pobre do país. 

“São meio milhão de pessoas mortas por conta da negligência e da negação do Bolsonaro. Milhares de pessoas não estão mais conseguindo um prato de comida, milhares estão desempregadas, sem oxigênios nos hospitais, sem assistência. Não podemos mais morrer de covid nem de fome”, afirmou.


Ato no Rio de Janeiro / Andre Mantelli

Em Belém (PA), a concentração aconteceu em frente ao mercado de São Brás. Os belenenses foram às ruas por vacina no braço, auxílio emergencial e em defesa das liberdades civis garantidas pela constituição. O ato também denunciou a destruição da Amazônia e seus culpados no governo, com o mote “Povo nas ruas em defesa dos povos e da floresta”. 

Em Maceió (AL), a mobilização reuniu milhares de trabalhadores do campo e da cidade, unidos pelo “Fora, Bolsonaro”. A manifestação se concentrou na Praça Centenário, no bairro do Farol, por volta de 9h, depois seguiu em caminhada pela Avenida Fernandes Lima. 


Burro veste faixa presidencial durante ato em Maceió / Leonardo André / Levante Popular da Juventude

Em João Pessoa (PB), o ato começou por volta das 9h em frente ao Liceu Paraibano, no Centro da cidade. De lá, os manifestantes seguiram para o Parque Sólon de Lucena, também no Centro, às 10h30.

Em São Paulo (SP), os manifestantes se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP) e tomaram a Avenida Paulista. Houve distribuição de máscaras pelos organizadores.


Avenida Paulista em 19 de junho / Roberto Parizotto/CUT Nacional

Na capital paulista, uma manifestante emocionou ao carregar um cartaz em memória do irmão, vítima da pandemia. “Morreu de covid porque não foi vacinado, e o Bolsonaro rejeitou lotes de vacina em agosto, que já poderiam ter vacinado milhões de brasileiros”, afirmou. “Que todos peguem as fotos de seus familiares e tragam aqui, Para mostrar como as pessoas estão sentidas. Bolsonaro não é brasileiro”, declarou. Veja o depoimento:

 

 


19J FORA BOLSONARO | Drag Sem Terra mobilizada em Brasília por Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora Bolsonaro / @honybr

Em Brasília (DF), os indígenas do “Levante pela Terra”, mobilização que pede o fim da retirada de direitos originários com a presença de várias delegações do país, somaram forças ao ato que demanda “Vacina no Braço, Comida no Prato e Fora, Bolsonaro”. O protesto teve início às 9h, na Biblioteca Nacional, bloqueou completamente o trânsito do Eixo Monumental.

Em Belo Horizonte (MG), milhares de pessoas tomaram as ruas da capital. Com máscaras, cartazes e bandeiras, o grupo se concentrou no início da tarde na Praça da Liberdade, aos gritos de “Bolsonaro genocida”. No interior do estado, cerca de 50 cidades também registraram mobilizações por vacina e auxílio emergencial. 


Ato em Belo Horizonte / Leonardo Koury Martins

Em Porto Alegre, os manifestantes enfrentaram a chuva e começaram a se reunir por volta das 15h, com concentração em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde foram feitas falas de lideranças políticas, sindicatos e movimentos sociais. Segundo a organização, o número de manifestantes superou os 30 mil do ato realizado em 29 de maio. Em todo o estado, mais de 50 cidades registraram atos pelo “Fora, Bolsonaro”.

 

Edição: Rodrigo Durão Coelho

fonte:  https://www.brasildefato.com.br/2021/06/19/veja-como-foram-os-principais-atos-pelo-fora-bolsonaro-em-todo-o-brasil

 

 

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