“O presidente da República atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!”, postou Felipe Santa Cruz no Twitter
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247 – O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Felipe Santa Cruz, pediu a união dos democratas para deter o golpe explicitado neste domingo 19 por Jair Bolsonaro, em uma de suas falas mais duras contra a democracia, ao discursar para um grupo que protestava pelo AI-5 em Brasília.
“O presidente da República atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!”, postou Felipe Santa Cruz no Twitter.
Neste fim de semana, manifestações em diversas cidades pediram o fim da quarentena e a intervenção militar. Não queremos negociar nada”, “acredito em vocês” e “farei tudo o que for necessário” foram algumas das frases ditas por Bolsonaro aos apoiadores de Brasília, onde estimulou novamente a aglomeração de pessoas durante a quarentena devido ao coronavírus.
Bolsonaro discursa em Brasília para manifestantes que pediam intervenção militar
Dezenas de simpatizantes do presidente se aglomeraram em frente ao Quartel-General do Exército. Intervenção militar contraria a Constituição.
Por G1 — Brasília
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Bolsonaro discursa para manifestantes que fizeram ato em Brasília pela intervenção militar
O presidente Jair Bolsonaro discursou neste domingo (19) durante um ato em Brasília que defendia uma intervenção militar, o que não está previsto na Constituição.
Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvir o presidente, contrariando as orientações da de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a propagação do coronavírus. Durante o discurso, Bolsonaro tossiu algumas vezes, sem usar a parte interna do cotovelo, conforme orientação das autoridades sanitárias.
Do alto de uma caminhonete, Bolsonaro disse que ele e seus apoiadores não querem negociar nada e voltou a criticar o que chamou de “velha política”.
“Nós não queremos negociar nada. Nós queremos é ação pelo Brasil. O que tinha de velho ficou para trás. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar e fazer a sua parte para que nós possamos colocar o Brasil no lugar de destaque que ele merece. Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder.”
Foi a maior aglomeração provocada por Bolsonaro desde o início da adoção de medidas contra a pandemia no Brasil. Na véspera, ele já havia falado para manifestantes que se concentraram em frente ao Palácio do Planalto.
Antes da fala de Bolsonaro, manifestantes gritavam “Fora, Maia”, “AI-5”, “Fecha o Congresso”, “Fecha o STF”, palavras de ordem ilegais, inconstitucionais e contrárias à democracia. O Ato Institucional número 5 (AI-5) vigorou durante dez anos (de 1968 a 1978), no período da ditadura militar, e foi usado para punir opositores ao regime e cassar parlamentares.
O presidente fez o discurso em frente ao Quartel-General do Exército e na data em que é celebrado o Dia do Exército. Os manifestantes também pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pouco depois, ele postou em uma rede social um trecho do discurso em que diz aos manifestantes:
“Eu estou aqui porque acredito em vocês. Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil.”
Alguns apoiadores do presidente carregavam faixas pedindo “intervenção militar já com Bolsonaro”. As faixas tinham o mesmo padrão e pareciam ter sido feitas em série.
Bolsonaro discursou em Brasília para apoiadores que defendem uma intervenção militar no Brasil — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Até as 15h50, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) não haviam se manifestado sobre o discurso.
Bolsonaro afirmou aos simpatizantes que todos os políticos e autoridades “têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro”.
“Todos no Brasil têm que entender que estão submissos à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, todos nós juramos um dia dar a vida pela pátria. E vamos fazer o que for possível para mudar o destino do Brasil. Chega da velha política”, afirmou.
Bolsonaro disse aos manifestantes que podem contar com ele “para fazer tudo aquilo que for necessário para que nós possamos manter a nossa democracia e garantir aquilo que há de mais sagrado entre nós, que é a nossa liberdade”.
Mais cedo, os apoiadores de Bolsonaro fizeram uma carreata por Brasília e passaram na Esplanada dos Ministérios, onde também fica o prédio do Congresso.
Demissão de ministro e governadores
Na semana passada, Bolsonaro demitiu o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depois de embate público envolvendo medidas de restrição social para combate à pandemia do novo coronavírus.
Contrariado pela defesa de Mandetta das medidas de isolamento pregadas pela OMS, nas últimas semanas Bolsonaro fez passeios por Brasília, que geraram aglomeração de pessoas.
O presidente também tem criticado governadores que adotaram medidas de restrição de movimentação de pessoas como forma de conter a disseminação do coronavírus, entre eles o de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Bolsonaro chegou a editar uma medida provisória para concentrar o poder de aplicar medidas de restrição durante a pandemia. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os estados também têm poder para aplicar regras de isolamento.
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Bolsonaro faz críticas à postura dos governadores no combate ao coronavírus
Também na semana passada, Bolsonaro criticou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a quem acusou de estar conduzindo “o Brasil para o caos”.
A crítica de Bolsonaro a Maia se deu em meio à discussão pelo Congresso de medidas econômicas para enfrentamento da crise gerada pela pandemia do novo coronavírus.
Uma dessas medidas, já aprovada pela Câmara mas que ainda aguarda análise do Senado, obriga o governo federal a compensar os estados e municípios por perdas de arrecadação nos próximos meses. Bolsonaro e sua equipe são contra essa medida, defendida por Maia.
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Câmara aprova projeto que estabelece ajuda financeira aos estados e municípios
Políticos e entidades criticam discurso de Bolsonaro em ato que defendia intervenção militar
Presidente participou de manifestação em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília neste domingo, data em que é celebrado do Dia do Exército.
Por G1 — Brasília
Políticos e entidades se posicionaram neste domingo (19) sobre a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), em um ato em Brasília que defendia medidas ilegais, como a intervenção militar.
Em cima de uma caminhonete, Bolsonaro discursou em frente ao Quartel-General do Exército e na data em que é celebrado o Dia do Exército. Dezenas de simpatizantes se aglomeraram para ouvi-lo, contrariando as orientações de isolamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a propagação do coronavírus.
Entre os apoiadores do presidente, alguns carregavam faixas pedindo “intervenção militar já com Bolsonaro”. As faixas tinham o mesmo padrão e pareciam ter sido feitas em série.
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Bolsonaro discursa para manifestantes que fizeram ato em Brasília pela intervenção militar
Repercussão
Veja, abaixo, a repercussão:
Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – “A crise do #coronavirus só vai ser superada com responsabilidade política, união de todos e solidariedade. Invocar o AI-5 e a volta da Ditadura é rasgar o compromisso com a Constituição e com a ordem democrática #DitaduraNuncaMais.”
Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – “É assustador ver manifestações pela volta do regime militar, após 30 anos de democracia. Defender a Constituição e as instituições democráticas faz parte do meu papel e do meu dever. Pior do que o grito dos maus é o silêncio dos bons (Martin Luther King). Só pode desejar intervenção militar quem perdeu a fé no futuro e sonha com um passado que nunca houve. Ditaduras vêm com violência contra os adversários, censura e intolerância. Pessoas de bem e que amam o Brasil não desejam isso.”
Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – “O presidente da república atravessou o Rubicão. A sorte da democracia brasileira está lançada, hora dos democratas se unirem, superando dificuldades e divergências, em nome do bem maior chamado LIBERDADE!”
Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República – “Lamentável que o Pr adira a manifestações antidemocráticas. É hora de união ao redor da Constituição contra toda ameaça à democracia. Ideal que deve unir civis e militares; ricos e pobres. Juntos pela liberdade e pelo Brasil.”
Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB – “O presidente eleito jurou obedecer à Constituição brasileira. Ao apoiar abertamente movimento golpista, coloca em risco a democracia e desmoraliza o cargo que ocupa. O povo e as instituições brasileiras não aceitarão.”
João Doria (PSDB), governador de São Paulo – “Lamentável que o presidente da república apoie um ato antidemocrático, que afronta a democracia e exalta o AI-5. Repudio também os ataques ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. O Brasil precisa vencer a pandemia e deve preservar sua democracia.”
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), senador – “Enquanto enfrentamos a pior crise da nossa geração, com a capacidade do nosso sistema de Saúde comprometida, c/ pessoas morrendo e os casos aumentando, Bolsonaro vai às ruas, além de aglomerar pessoas, atacar as instituições democráticas. É patético! As pessoas que estão em atos pelo país pedindo intervenção militar devem ser punidas pela justiça, no rigor da lei! Assim como Bolsonaro, que não preside, está a serviço da divisão do país, do caos e da MORTE!”
Weverton Rocha (PDT-MA), senador – “Hoje, Bolsonaro saiu em carreata, provocando aglomeração. Se mantém em palanque e incita um movimento, que pode ter como consequência a morte de inúmeros brasileiros. Já faz tempo que cruzou a linha da irresponsabilidade e se tornou crime contra a saúde pública.”
Gleisi Hoffmann (PT-PR), deputada federal e presidente nacional do PT – “De novo Bolsonaro e sua irresponsabilidade. Provoca aglomeração para fazer discurso político e incentivar ilegalidades. Receita perfeita para a tragedia.”
Alessandro Vieira (Cidadania-SE), senador – “Não se governa da caçamba de uma pick-up. E não se lidera mentindo para as pessoas. O @jairbolsonaro que chama para conversar o Centrão é o mesmo que grita fora velha política? Ou assina o PLN4, mas diz que não negocia nada? Chega, vamos apontar cada mentira incoerente. João 8:32”
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão – “Para desviar o foco de suas absurdas atitudes quanto ao coronavírus e a sua péssima gestão econômica, Bolsonaro resolve atiçar grupelhos para atacar a Constituição, as instituições e o regime democrático. Bolsonaro não sabe e não quer governar. Só quer poder e confusão.”
Juliano Medeiros, presidente do PSOL – “A participação de Jair Bolsonaro numa manifestação que, dentre outros propósitos, pedia a intervenção das forças militares contra os demais poderes da República, é uma grave afronta à democracia e à Constituição Federal. É, também, uma afronta às recomendações da Organização Mundial da Saúde, que tem desestimulado eventos públicos e quaisquer formas de aglomeração.”
Carlos Lupi, presidente do PDT – “É inadmissível que o Presidente da República discurse em tom de apoio para manifestantes com cartazes que pedem volta da ditadura militar e do AI-5. O apóstolo da ignorância avança em seu projeto de destruição da democracia.”
Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada e líder do PSL na Câmara – “Repudio a participação de um Presidente da República em ato que pede a volta do AI-5: “não queremos negociar nada”. Depois diz que o Congresso é que provoca o caos. @jairbolsonaro não respeita a democracia, as instituições e as liberdades. Vc é a favor da democracia ou do AI-5?”
Camilo Santana (PT), governador do Ceará – “Inaceitáveis e repugnantes atos que façam apologia à ditadura e que promovam o desrespeito às instituições democráticas, como vimos hoje pelo país. O Brasil não se curvará jamais a esse tipo de ameaça.”
Rui Costa (PT), governador da Bahia – “Não vamos tolerar ataques contra a Constituição nem contra as instituições estabelecidas no regime democrático. Defendemos trabalho e equilíbrio por parte de quem foi eleito para governar. Democracia sempre! Não é hora de política partidária. Momento de união para salvar vidas.”
Telmário Mota (Pros-RR), senador – “Tenho votado com o presidente Jair Bolsonaro em todas as suas proposições, sempre pensando em um país melhor. Mas meu lado é ao lado do povo. Toda mudança deve acontecer de acordo com a vontade popular. Vontade expressada nas urnas. O Brasil não pode se afastar da democracia.”
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro – “Em vez de o presidente incitar a população contra os governadores e comandar uma grande rede de fake news para tentar assassinar nossas reputações, deveria cuidar da saúde dos brasileiros. Seguimos na missão de enfrentamento do Covid-19.#rjcontraocoronavirus”
Em carta, governadores de 20 estados manisfestam apoio a Maia e Alcolumbre
Governadores contestam críticas de Jair Bolsonaro e dizem considerar ‘fundamental superar eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades’.
Por G1 — Brasília
O presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica, porém, têm feito críticas à proposta. Na semana passada, Bolsonaro acusou o presidente da Câmara de estar conduzindo “o Brasil para o caos”.
Em um dos trechos da carta, os governadores dizem que, “nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos estados, do Distrito Federal e dos municípios brasileiros”.
No documento, eles contestam as declarações do presidente e ressaltam que consideram “fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades”.
Bolsonaro também tem criticado governadores que adotaram medidas de restrição de movimentação de pessoas, entre eles o de São Paulo, João Doria, e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
Os governadores, por sua vez, afirmam que não julgam “haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional”, mas ponderam “que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos”.
De acordo com o documento, a “saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise”.
Medidas econômicas
Uma das medidas econômicas já aprovadas pela Câmara, mas que ainda aguarda análise do Senado, obriga o governo federal a compensar os estados e municípios nos próximos meses.
Bolsonaro chegou a editar uma medida provisória para concentrar o poder de aplicar medidas de restrição durante a pandemia. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que os estados também têm poder para aplicar regras de isolamento.
A carta é assinada pelos seguintes governadores:
- Renan Filho (MDB), de Alagoas;
- Waldez Góes (PDT), do Amapá;
- Rui Costa (PT), da Bahia;
- Camilo Santana (PT), do Ceará;
- Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo;
- Ronaldo Caiado (DEM), de Goiás;
- Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão;
- Mauro Mendes (DEM), do Mato Grosso;
- Reinaldo Azambuja (PSDB), do Mato Grosso do Sul;
- Helder Barbalho (MDB), do Pará;
- João Azevêdo (Cidadania), da Paraíba;
- Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco;
- Wellington Dias (PT), do Piauí.
- Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro;
- Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte;
- Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul;
- Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina;
- João Doria (PSDB), de São Paulo;
- Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe;
- Mauro Carlesse (DEM), do Tocantins.
Na carta, os governadores destacam ainda que as suas ações têm sido pautadas “pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas”.
Lula defende afastamento de Bolsonaro para impedir volta da ditadura e genocídio
No dia em que Jair Bolsonaro atacou a democracia ao discursar para um grupo que pedia o AI-5, o ex-presidente Lula lembra que “a Constituição tem mecanismos para impedir” que um presidente “conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população”

247 – O ex-presidente Lula reagiu neste domingo 19 à participação de Jair Bolsonaro em um ato contra a democracia em Brasília, onde discursou em apoio aos manifestantes e disse que “não quer negociar nada” e que fará “tudo o que for necessário” para conduzir o país.
“A mesma Constituição que permite que um presidente seja eleito democraticamente têm mecanismos para impedir que ele conduza o país ao esfacelamento da democracia e a um genocídio da população”, postou Lula no Twitter.
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), também cobrou na rede social que “nenhuma instituição pode ficar inerte diante de Bolsonaro”. “Congresso, STF, Ministério Público, Forças Armadas, partidos políticos. Todos têm de reagir”, postou.
Neste fim de semana, manifestações em diversas cidades pediram o fim da quarentena, intervenção militar e um novo AI-5.