‘O risco que estou correndo é cada vez maior, e a responsabilidade vocês sabem de quem é’, disse o padre.
A reportagem é de Giovanna Galvani, publicada por CartaCapital, 15-09-2020.
O padre Julio Lancellotti, pároco da igreja São Miguel Arcanjo e coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, denunciou nesta terça-feira 15 que vem sofrendo ameaças verbais após ser atacado virtualmente pelo deputado e candidato à prefeitura de São Paulo Arthur do Val, o ‘Mamãefalei’.
Segundo Lancellotti, um motoqueiro passou por ele em uma praça e gritou “padre filho da p*ta, defensor de nóia”. Alguns homens que também aparecem no vídeo confirmam a cena de violência.
“Depois de ataques de alguns candidatos à prefeitura contra mim, eu estou cada vez mais em risco. Então, quero deixar claro: se me acontecer alguma coisa, se alguém me atingir, se eu for atingido por alguém, vocês sabem de quem é a culpa, sabem de quem cobrar”, alertou em vídeo.
Ameaças pic.twitter.com/GFpR75nhEI
— JULIO LANCELLOTTI (@pejulio) September 15, 2020
Nas redes sociais, Arthur do Val chegou a chamar o padre de “cafetão da miséria” por constantemente divulgar seu trabalho com a população em situação de rua.
Do Val, que é deputado estadual pelo Patriota e candidato à Prefeitura de São Paulo, além de integrante do grupo Movimento Brasil Livre (MBL), acusou o padre e integrantes da organização Craco Resiste, que monitora a violência policial na região, de apoiarem ataques de usuários de drogas contra a Guarda Civil Metropolitana.
Na pagina do MBL, uma matéria diz que “o deputado estadual prometeu desmascarar o padre que vive de explorar pessoas viciadas”.
Não é a primeira vez que Lancellotti é ameaçado. No começo do ano, a corregedoria da Polícia Militar apurou denúncias envolvendo agentes que teriam dito a três jovens em situação de rua que “a hora do Padre Júlio Lancelotti vai chegar”.
O padre disse que a ameaça foi feita durante uma ação da polícia para buscar suspeitos de roubo ou furto de celular de uma mulher.
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Covas diz que trabalho de Júlio Lancelotti é “incômodo necessário”
Na terça-feira 15, o padre recebeu ameaças ao prestar assistência às pessoas em situação de rua.
A reportagem é publicada por CartaCapital, 16-09-2020.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), declarou que o trabalho do Padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua de SP, é um “incômodo necessário” para a Prefeitura.
“[O trabalho do padre Júlio é] um incômodo, mas um incômodo necessário para que a Prefeitura não perca o foco de atender e atender bem essa parte da população”. A declaração foi feita durante entrevista concedida ao jornal El País Brasil nesta quarta-feira 16.
Candidato à reeleição, Covas disse que não há uma investigação em curso “para poder demitir ou retirar do serviço público qualquer pessoa que possa ter ameaçado ele”, mas ressaltou que a Prefeitura está à disposição do sacerdote.
O prefeito ainda disse que se alguém tivesse motivos para reclamar do padre seria ele, que recebe telefonemas todos os dias. “Nunca o padre Júlio veio me solicitar que empregasse um primo, que contratasse empresa de um amigo, nunca veio pedir nada para ele, sempre veio solicitar para essa população que muitas vezes não tem voz”, afirmou o prefeito.
Júlio Lancelotti registrou boletim de ocorrência
Na terça-feira 15, Julio Lancellotti registrou um boletim de ocorrência após receber ameaças na rua por causa de sua atuação.
O padre afirma ter sido ameaçado por um motoqueiro, no centro de São Paulo, que passou por ele em uma praça e gritou “padre filho da p*ta, defensor de nóia”. Alguns homens que também aparecem em um vídeo confirmam a cena de violência.
O caso aconteceu após ataques virtuais do deputado estadual de São Paulo Arthur do Val (Patriotas), conhecido como ‘Mamãefalei’, candidato à Prefeitura.
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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/602920-covas-diz-que-trabalho-de-julio-lancelotti-e-incomodo-necessario