- A Organização das Nações Unidas no Brasil dará visibilidade às mulheres e meninas que enfrentaram a violência antes e durante a pandemia com o lançamento da campanha nacional Onde Você Está que Não me Vê?, com o conceito Somos Nossa Existência. A ação será implementada nos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, entre 20 de novembro a 10 de dezembro.
- Ao longo deste período, a ONU Brasil destacará o processo de invisibilização e violência que as mulheres e meninas têm enfrentado antes e durante a pandemia da COVID 19. A campanha é inspirada na canção “O que se Cala”, composição de Douglas Germano e interpretação de Elza Soares.
A Organização das Nações Unidas no Brasil dará visibilidade às mulheres e meninas que enfrentaram a violência antes e durante a pandemia com o lançamento da campanha nacional Onde Você Está que Não me Vê?, com o conceito Somos Nossa Existência. A ação será implementada nos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, entre 20 de novembro a 10 de dezembro.
Ao longo deste período, a ONU Brasil destacará o processo de invisibilização e violência que as mulheres e meninas têm enfrentado antes e durante a pandemia da COVID 19. A campanha é inspirada na canção “O que se Cala”, composição de Douglas Germano e interpretação de Elza Soares.
Mulheres das cinco regiões do Brasil e que defendem diferentes causas sociais compõem a narrativa da campanha, que traz o foco para a diversidade das mulheres, seu lugar de fala, território, assim como a prevenção e eliminação de diferentes formas de violências, especialmente agravadas pela pandemia da COVID-19. São visibilizadas lideranças femininas de mobilizações sociais, mulheres ativistas, defensoras de direitos, que estão na linha de frente dos movimentos, nos sindicatos, nas organizações populares, nos espaços políticos, na academia, nos campos, nas florestas e nas águas. Mulheres que agem pelo direito de todas, que educam, cuidam e questionam: Onde Você Está Que Não Me Vê?
Neste ano de 2020 muitos alertas sinalizaram que, por trás da emergência sanitária trazida pela COVID-19, estava se agravando uma antiga e silenciosa pandemia: a violência contra mulheres e meninas. Foi neste contexto que o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançou a Estratégia de Engajamento Político sobre Violência Baseada em Gênero e COVID. Nela, Guterres convoca todas as instituições públicas e privadas, organizações da sociedade civil, movimento de mulheres, academia, mídia, pessoas comuns, para pensar e agir estrategicamente pelo fim da violência contra as mulheres e meninas.
A abordagem tática do documento vê como principais agentes as pessoas com poder de decisão, o público e a sociedade civil organizada, e as instituições capazes de produzir dados e evidências para compreender profundamente o fenômeno. A visão estratégica, por sua vez, busca convocar estes agentes para realizar quatro grandes objetivos: financiar, prevenir, responder e coletar dados. Financiar as políticas públicas e a sociedade civil especializada; prevenir a violência através de transformações nas normas sociais; oferecer respostas concretas para os casos de violência através de serviços, acolhimento e normas; e coletar e analisar dados de forma sistemática.
Os 16 dias de ativismo – de 20 de novembro a 10 de dezembro -, são o início de um processo mais longo, que se estenderá por todo 2021, para avançar nesta estratégia de engajamento social e de parcerias para fazer avançar as políticas de prevenção e de enfrentamento à violência contra as mulheres. A mobilização internacional foi reestruturada de forma a se alinhar e servir como ferramenta para concretizar a visão e implementar as linhas de ação compartilhadas com líderes globais por meio da Estratégia.
Como participar: Junte-se à ONU! Compartilhe suas fotos, mensagens e vídeos mostrando como você está participando da campanha nas plataformas digitais, redes sociais e internet usando as hashtags #16dias #OndeVocêEstáQueNãoMeVê? #SomosNossaExistência #UNASE #PinteOMundoDeLaranja. Além disto, marque nas mídias sociais @ONUMulheresBR @SayNO_UNiTE @UNWomen.
Para facilitar a participação ativa na campanha, a ONU Mulheres disponibilizará o material para produção e difusão da campanha. Para acessá-lo, os contatos devem ser feitos pelo e-mail onumulheres@unwomen.org
Informações para a Imprensa: Assessoria de Comunicação da ONU Mulheres Brasil
Isabel Clavelin – isabel.clavelin@unwomen.org (61) 98175 6315
Marcela Ribeiro – marcela.ribeiro@unwomen.org (61) 98162 0788
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Violência contra as mulheres: para não esquecer das vítimas
Benedetta Capelli e Amedeo Lomonaco – Vatican News
Em 1999, por causa de um crime ocorrido na República Dominicana em 1960 no qual foram violentamente assassinadas três irmãs, a Assembleia das Nações Unidas declarou oficialmente 25 de novembro como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres. “Las Mariposas” ou seja, “as borboletas”, assim eram chamadas as irmãs da família Mirabal. Patria, Minerva e Maria Teresa foram mortas em 25 de novembro de 1960 na República Dominicana pelos homens do ditador Trujillo, que as perseguiram por muitos anos, antes de decretar sua morte violenta e desdenhosa, mas que também sancionou o fim de seu regime. O voo de um penhasco das três irmãs dentro de um jipe, depois de torturadas e violentadas, tornou-se o voo das borboletas livres, de mulheres que foram capazes de dizer não aos prepotentes. É por isso que, com o tempo, se tornaram o símbolo da emancipação feminina.
Violência e pandemia
Em junho passado, a ONU divulgou um relatório do Fundo das Nações Unidas para a População, Avenir Health, da Universidade Johns Hopkins e Universidade Victoria da Austrália, que destacou o claro aumento dos casos de violência contra as mulheres durante a pandemia: mais de 15 milhões de casos com um aumento de 20% de violência durante os primeiros 3 meses de isolamento em todos os 193 países membros da ONU. É uma praga que percorre o mundo; nos EUA, em plena emergência sanitária, a cada minuto uma mulher é abusada por seu parceiro; em Londres, nas primeiras seis semanas de lockdown, foram feitas 4.000 prisões por abuso doméstico.
Um trágico aumento de casos em todo o mundo
Números dramáticos da América Latina. Quase 50 feminicídios (um termo mais correto que substituiu o “crime passional”) em apenas dois meses na Argentina. No México, de fevereiro a abril foram assassinadas 367 mulheres, em El Salvador as autoridades haviam reportado 9 feminicídios no primeiro mês do isolamento, mas teme-se que o número seja maior. No Brasil, houve um aumento de 56% de violências em março, em seis estados. Com o lockdown, as chamadas para linhas de ajuda dobraram no Líbano, Malásia e Austrália, as buscas no Google registraram o maior volume de pedidos de ajuda por violência doméstica dos últimos 5 anos. O Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, exortou todos os países a tomar medidas contra este “aumento chocante” da violência.
Não números, mas pessoas
Portanto, existe uma outra pandemia, uma “pandemia escura”, que afeta milhões de pessoas, de mulheres. Neste vídeo das Nações Unidas, por ocasião do dia de hoje, lembra-se que, neste tempo marcado pela Covid-19, a violência doméstica está em crescimento… Neste momento, muitas pessoas estão bloqueadas em suas casas. As histórias de mulheres que sofrem violência todos os dias em todo o mundo não são dados estatísticos. São também rostos desfigurados, corpos cobertos por hematomas. Vidas vividas em jaulas de medo e de violência. “Os dados sobre a violência contra as mulheres – é sublinhado no vídeo da ONU – não são apenas números, são pessoas que você poderia conhecer”.
Investir na educação
Irmã Rita Mboshu Kongo, teóloga congolesa e professora da Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma, reitera que há um longo caminho a percorrer para combater o fenômeno da violência contra as mulheres. “É preciso trabalhar, segundo a minha experiência, na educação e na formação. Estas são as prioridades. É necessário educar para conhecer uns aos outros – afirma – para dialogar, envolvendo a família, a escola e a Igreja para assim recordar do ‘Pacto educativo global’ que o Papa Francisco promoveu”. É fundamental, sugere Irmã Rita, entender profundamente o sentido do relacionamento, sem esquecer que todo homem é uma imagem de Deus e que a violência contra a mulher é violência contra o Criador.
Falando da situação em seu país, o Congo, a teóloga lembra que as mulheres sofrem violência, racismo e também o sexismo. “Humilhando as mulheres”, afirma Irmã Rita, “humilha-se a família. Humilhar a família também humilha a sociedade, a cultura em que vivem, o clã, a aldeia ou o país. A Igreja no Congo está tentando fazer um trabalho complexo de tentar desvincular preconceitos, não é simples, mas também não é impossível”. A teóloga é uma religiosa também comprometida em trazer à tona o tema da violência contra as irmãs na Igreja. Há cerca de um ano, o problema foi abordado em sua complexidade, “hoje – ela aponta – a Igreja está trabalhando, há mudanças, é um processo no qual a Igreja certamente não tem sido surda ao grito de sofrimento de muitas religiosas”.
Em conclusão, o convite é o de falar claramente. Falar muitas vezes não é fácil, há obstáculos de vários tipos que levam as mulheres a escolher o caminho do silêncio como se isso apagasse o problema. É necessário apoio, solidariedade, saber que não se está sozinho, somente assim será possível sair da escuridão e ter a força para lutar contra a injustiça sofrida, muitas vezes gratuita e sem sentido.
fonte: https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2020-11/violencia-mulheres-onu-entrevista.html