No Brasil, mais de dois terços dos jovens (77,4%) têm emprego considerado de baixa qualidade. Ou seja, de cada dez trabalhadores com até 24 anos de idade, quase oito trabalham em situação vulnerável, segundo levantamento da consultoria IDados. Em números absolutos, isso significa perto de 7,7 milhões de pessoas. Na faixa etária entre 25 e 64 anos, o porcentual é de 39,6% e, acima de 65 anos, de 27,4%.
A reportagem, com o título “Salário baixo e alta informalidade: a cara do emprego dos jovens no Brasil”, é publicada por O Estado de S. Paulo, 14-12-2020.
Para considerar se um emprego é de má qualidade ou não, foram analisados quatro aspectos do nível de ocupação no País: salário, estabilidade, rede de proteção (INSS, por exemplo) e condições de trabalho. Em todos esses pontos, o emprego dos jovens apresenta fragilidades, mas os piores são renda e estabilidade. Para cerca de 90%, a renda é inferior a 6 vezes uma cesta básica (varia de R$ 398 a R$ 539) e 75% têm menos de 36 meses de tempo de trabalho.
“No mundo todo, o jovem tem uma renda menor e maior dificuldade de se colocar no mercado. Mas, no Brasil, os porcentuais indicam uma qualidade do emprego pior por causa da maior rotatividade e da informalidade (no mundo, os porcentuais estão em torno de 60%)”, diz o economista Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e responsável pelo trabalho, baseado nos números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC).
Considerando a população total ocupada (não só os jovens), o Brasil tem níveis de qualidade do trabalho parecidos ao de países como Honduras (41,6%) e Nicarágua (43,3%) e bem pior do que Costa Rica (18,8%) e Panamá (29%).
A íntegra da reportagem pode ser lida aqui.
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