PM afasta agentes envolvidos na agressão contra mulher algemada em Bonito, no MS

A Polícia Militar do Mato Grosso do Sul afastou os dois militares envolvidos na agressão a socos e chutes contra uma mulher, de 44 anos, que estava algemada, dentro do quartel de Bonito, cidade que fica a 296 quilômetros de Campo Grande (MS). O caso aconteceu no dia 26 de setembro deste ano, mas um vídeo das câmeras de segurança com as agressões só foi divulgado e viralizado nas redes sociais neste domingo, dia 22. Em nota, a PM afirmou que os agentes envolvidos — o que agrediu e o que ficou olhando passivamente o ato — foram identificados e que foi instaurado de um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar fatos.
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As imagens mostram um PM empurrando a mulher, que estava visitando a região, e logo em seguida ele desfere socos e tapas na turista. Outros três homens, um deles fardado, acompanham a sessão de agressão e não agem em nenhum momento. O PM só foi contido quando outra policial mulher o retira de cima da vítima, que aparece se defendendo.
Segundo a PM, ela foi detida por ser suspeita de cometer os crimes de desacato, danos ao patrimônio, ameaça, resistência à prisão e embriaguês, e que uma equipe da Polícia Militar foi acionada para contê-la em um restaurante daquele município.
A mulher, o marido e os três filhos comemoravam um aniversário na cidade turística. Em entrevista à “TV MORENA”, afiliada da TV Globo, a vítima contou que o problema começou em um restaurante, onde foi buscar comida para a filha caçula. Ainda segundo a mulher, ela pediu pressa à atendente para a menina não chorar. Foi quando houve um desentendimento com a dona do estabelecimento. A Polícia Militar, então, foi acionada.
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Ainda segundo a mulher, um policial militar a teria abordado violentamente e a puxado pelos cabelos. Ele teria a algemado e levado a família até o Batalhão da Polícia Militar no município, chamando o Conselho Tutelar para levar os filhos da mulher para um abrigo. Este foi o momento das agressões gravadas em vídeo, de acordo com a vítima.
“Eu fiquei desesperada quando soube que iria ficar sem meus filhos e aí o policial me deixou naquela sala, sem poder ligar para ninguém”, afirmou.
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O deputado Federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) comentou o caso pelas redes sociais, na manhã desta segunda-feira, dia 23.
“O vídeo da mulher algemada sendo agredida por um PM dentro da delegacia em MS é um retrato do despreparo e dos abusos de autoridade nos treinamentos. A justiça não pode nunca passar por agressão. A polícia deveria proteger, não atacar a população. Absurdo!”, disse o parlamentar.
O vídeo da mulher algemada sendo agredida por um PM dentro da delegacia em MS é um retrato do despreparo e dos abusos de autoridade nos treinamentos. A justiça não pode nunca passar por agressão. A polícia deveria proteger, não atacar a população. Absurdo!
— Marcelo Freixo (@MarceloFreixo) November 23, 2020
Confira a nota da PM de Mato Grosso do Sul na íntegra:
“A Polícia Militar do Estado de Mato Grosso do Sul informa que no tocante à ocorrência registrada na noite do dia 26 de setembro do corrente ano, no município de Bonito-MS, onde uma senhora de 44 anos foi detida por ser suspeita de cometer os crimes de desacato, danos ao patrimônio, ameaça, resistência à prisão e embriaguês, teve origem após uma equipe policial militar ser acionada para contê-la, em um restaurante daquele município, após a mesma, supostamente, ter ameaçado atear fogo no local, ameaçado de morte os proprietários e quebrado garrafas dentro do estabelecimento comercial.
Ocorre que durante a confecção do Boletim de Ocorrência, a pessoa detida teria se exaltado contra os PMs que atenderam a ocorrência, sendo necessário o uso de algemas e mantê-la dentro do compartimento para condução de detidos, considerando o avançado estado de embriaguez da mesma.
Quanto às imagens que aparecem no vídeo, foi feita uma análise preliminar do conteúdo, identificando o local e militares envolvidos. Imediatamente, o comandante do CPA-3, coronel Emerson de Almeida Vicente, determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), que é o instrumento legal para investigar fatos dessa natureza. Os policiais militares envolvidos na ocorrência já foram afastados das suas funções”.
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