A desembargadora aposentada afirmou que “o pior sentimento que uma pessoa pode ter é essa sensação de injustiça”, justamente o que o ex-presidente sentiu por anos. Assista na TV 247
23 de abril de 2021, 22:29 h
247 – A desembargadora aposentada do Tribunal de Justiça de São Paulo Kenarik Boujikian comentou, em entrevista à TV 247, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) da última quinta-feira (22) que confirmou o entendimento da Segunda Turma da Corte pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro. Kenarik, no entanto, destacou que a decisão do Supremo não repara os prejuízos sofridos pelo ex-presidente Lula, simplesmente pelo fato de que não é possível fazê-lo.
Ela lamentou que Lula tenha sido obrigado a passar pelo trauma da injustiça, o pior sentimento que alguém pode sentir, segundo a jurista. “Esse processo todo é muito longevo. Muito tempo de injustiça, muito tempo que se aguarda uma definição sobre esse caso. Quando o ex-presidente se apresentou [à Polícia Federal] em São Bernardo do Campo eu estive lá e tive a oportunidade de falar com o presidente Lula. Eu disse pra ele que o pior sentimento que uma pessoa pode ter é essa sensação de injustiça. É uma coisa que não tem preço, é muito doloroso para qualquer ser humano, e uma injustiça de qualquer ordem. Agora imagina em uma situação dessa, em que você vai ser preso porque o Judiciário mudou sua posição [em relação à prisão somente após o trânsito em julgado]”.
“Eu fico imaginando como a pessoa deve se sentir com tanta injustiça que sofreu, e acho que realmente demorou muito. Isso não tem retorno, sabe? Não tem um preço, não tem como voltar atrás. Não tem como. O Lula ficou preso 580 dias, como você volta isso no tempo? Como você repara isso? Não tem como. Não existe reparação possível”, complementou.