Jornalista comenta a respeito do livro “Recurso Final” , que conta a vida e a morte de Luiz Carlos Cancellier, perseguido e humilhado pela Lava Jato
Brasil 247 – 2 de janeiro de 2022, 08:06 h
247 – “Está nas livrarias ‘Recurso Final’ do repórter Paulo Markun. Conta a vida e a morte de Luiz Carlos Cancellier, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina que foi preso em setembro de 2017 pela Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal”, relata o jornalista Elio Gaspari, em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo.
Gaspari relata que o reitor “nunca fora ouvido e tinha domicílio certo e sabido. Passou dois dias na cadeia, foi algemado e colocado numa espécie de jaula. Libertado, foi proibido de entrar na universidade. Semanas depois, matou-se, aos 58 anos, pulando do sétimo andar de um shopping. No bolso, deixou um bilhete: ‘A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade.’”
“”Quando Cancellier foi publicamente humilhado, a operação Lava Jato estava no seu esplendor. Passados quatro anos, “lava-jatismo” tornou-se um neologismo da língua portuguesa”, segue o jornalista.
“Sob o pretexto de fazer justiça, fazem justiçamento, ou justiça com as próprias mãos. Desconstroem um dos principais pilares da democracia, que é a garantia dos direitos individuais. Como a observância das fases do processo legal foi desrespeitada, prevaleceu uma equivocada visão particular e subjetiva de um grupo de agentes públicos”, diz Gaspari.
“Essa tragédia precisa ser permanentemente relembrada por oferecer uma valiosa e triste oportunidade de refletirmos sobre o desespero de um inocente que veio a pôr cobro à sua própria vida, depois de sofrer a desgraça de ter a sua honra aguda e injustamente destroçada, revelando o que pode acontecer a uma pessoa quando a democracia e seus freios deixam de existir para ela”, defende o jornalista.
fonte: https://www.brasil247.com/regionais/sul/elio-gaspari-reitor-cancellier-da-ufsc-tornou-se-o-desencanto-da-lava-jato