“As afirmações do editorial do jornal a respeito do meu governo são fake news. A Folha falsifica a história, num gesto de desprezo pela memória de seus leitores”, denuncia a ex-presidenta Dilma Rousseff
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A Folha tem enorme dificuldade de avaliar o passado e, assim, frequentemente erra ao analisar o presente.
Foi por avaliar mal o passado que a empresa até hoje não explicou porque permitiu que alguns de seus veículos de distribuição de jornal dessem suporte às forças de repressão durante a ditadura militar, como afirma o relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Foi por não saber julgar o passado com isenção que cometeu a pusilanimidade de chamar de “ditabranda” um regime que cassou, censurou, fechou o Congresso, suspendeu eleições, expulsou centenas de brasileiros do país, prendeu ilegalmente, torturou e matou opositores.
Os erros mais graves da Folha, como estes, não são de boa-fé. São deliberados e eticamente indefensáveis. Quero deixar claro que falo, sobretudo, do grupo econômico Folha, e não de jornalistas.
Quero lembrar, ainda, a publicação, na primeira página, de uma ficha falsificada do Dops, identificada pelo jornal como se fosse minha, e que uma perícia independente mostrou ter sido montada grosseiramente para sustentar acusação falsa de um site fascista. Mesmo desmascarada pela prova de que era uma fraude, a Folha, de forma maliciosa, depois de admitir que errou ao atribuir ao Dops uma ficha obtida na internet, reconheceu que todos os exames indicavam que a ficha era uma montagem, mas insistiu: “sua autenticidade não pôde ser descartada.”
Quem acredita que as redes sociais inventaram as fake news desconhece o que foi feito pela grande imprensa no Brasil – a Folha inclusive. Não é sem motivo que nas redes sociais a Folha ganhou o apelido de “Falha de São Paulo”.
O editorial de hoje da Folha – sob o título “Jair Rousseff” – é um destes atos deliberados de má-fé. É pior do que um erro. É, mais uma vez, a distorção iníqua que confirma o facciosismo do jornal. A junção grosseira e falsificada é feita para forçar uma simetria que não existe e, por isto, ninguém tem direito de fazer, entre uma presidenta democrática e desenvolvimentista e um governante autoritário, de índole neofascista, sustentado pelos neoliberiais – no caso em questão, a Folha.
Todas as afirmações do editorial a respeito do meu governo são fake news. A Folha falsifica a história recente do país, num gesto de desprezo pela memória de seus próprios leitores.
Repisa a falsa acusação de que o meu governo promoveu gastos excessivos, alegação manipulada apenas para sustentar a narrativa midiática e política que levou ao golpe de 2016. Esquece deliberadamente que a crise política provocada pelos golpistas do “quanto pior, melhor” exerceu grande influência, seja sobre a situação econômica, seja sobre a situação fiscal.
A Folha, naquela época, chegou a pedir a minha renúncia, em editorial de primeira página, antes mesmo do julgamento do impeachment. Criava deliberadamente um ambiente de insegurança política, paralisando decisões de investimento, e aprofundando o conflito político. Estranhamente, a Folha jamais pediu o impeachment do golpista Michel Temer, apesar das provas apresentadas contra ele. Também não pediu o impeachment de Bolsonaro, ainda que ele já tenha sido flagrado em inúmeros atos de afronta à Constituição, e o próprio jornal o responsabilize pela gravidade da pandemia. A Folha continua seletiva em seus erros: Falha sempre contra a democracia, e finge apoiá-la com uma campanha bizarra com o bordão “vista-se de amarelo”.
Um país que, em 2014, registrou o índice de desemprego de apenas 4,8%, praticamente pleno emprego, com blindagem internacional assegurada por um recorde de US$ 380 bilhões de reservas, não estava quebrado, como ainda alega a oposição. Na verdade, a destituição da presidenta precisou do endosso da grande mídia para garantir a difusão desta fake news. O meu mandato nem começara e o impeachment já era assunto preferencial da mídia, embalado pelas pautas bombas e a sabotagem do Congresso, dominado por Eduardo Cunha.
Os dados mostram que a “irresponsabilidade fiscal” que me foi atribuída é uma sórdida mentira, falso argumento para sustentar o golpe em curso. Entre 2011 e 2014, as despesas primárias cresceram 3,7% ao ano, menos do que no segundo mandato de FHC (4,1% ao ano), por exemplo. Em 2015, já sob efeito das pautas bombas, houve retração de 2,5% nessas despesas. As dívidas líquida e bruta do setor público chegaram, em meu mandato, a seus menores patamares desde 2000. Mesmo com a elevação, em 2015, para 35,6% e 71,7%, devido à crise que precedeu o golpe, elas ainda eram muito menores que no final do governo de Temer (53,6% e 87%) ou no primeiro ano de Bolsonaro (55,7% e 88,7%).
Logo ao tomar o poder ilegalmente, os golpistas aproveitaram-se de sua maioria no Congresso e do apoio da mídia e do mercado para aprovar a emenda do Teto de Gastos, um dos maiores atentados já cometidos contra o povo brasileiro e a democracia em nossa história, pois, por 20 anos, tirou o povo do Orçamento e também do processo de decisão sobre os gastos públicos. Criou uma “camisa de força” para a economia, barrando o investimento em infraestrutura e os gastos sociais, e “constitucionalizando” o austericídio. O Teto de Gastos bloqueia o Brasil, impede o País de sair da crise gerada pela perversão neoliberal que tomou o poder com o golpe de 2016 e a prisão do ex-presidente Lula. E, a partir da pandemia, tornará ainda mais inviável qualquer saída para o crescimento do emprego, da renda e do desenvolvimento.
Se a intenção da Folha é tutelar e pressionar Bolsonaro para que ele entregue a devastação neoliberal, que tenha pelo menos a dignidade de não falsificar a história recente. Aprenda a avaliar o passado e admita seus erros deliberados, se quiser ter alguma autoridade para analisar um presente sombrio de cuja construção participou diretamente.
DILMA ROUSSEFF
fonte: https://pt.org.br/dilma-rousseff-a-falha-de-s-paulo-ataca-outra-vez/
Parlamentares repudiam editorial repulsivo da Folha de S. Paulo
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Parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais, neste sábado (22), para repudiar editorial do jornal Folha de S. Paulo que compara o presidente de ultra direita Jair Bolsonaro e o seu governo neoliberal à ex-presidenta Dilma Rousseff e o seu governo voltado para a proteção social do brasileiros. “A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), classificou de “repulsivo”, o editorial que tem como título Jair Rousseff.
“Editorial da Folha Jair Rousseff é repulsivo. Dilma é uma honesta e democrata, foi vítima de boicote que afundou o seu governo e do golpe que criou Bolsonaro. O pano de fundo é o teto de gastos que é nefasto com a área social, mas que o jornal admira passando o pano para o rentismo”, afirmou Gleisi, em sua conta no Twitter.
Na avaliação do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a Folha não tem o direito de comparar Bolsonaro a Dilma Rousseff. “Dilma nunca trataria com desdém a vida do povo brasileiro e permitiria a desproteção da economia. Agindo assim, a Folha tira a responsabilidade da elite que trocou Haddad por Bolsonaro”, protestou.
Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP) é vergonhosa a comparação feita pelo jornal. “Vergonhosa e covarde a comparação que a Folha de S.Paulo tenta estabelecer entre Dilma Roussefff e Bolsonaro. Cunhar o nome Jair Rousseff é tão infame como “Ditabranda”, criticou. O deputado avaliou ainda que a Folha tenta se eximir da responsabilidade que possui por apoiar golpes à democracia e a demonização da política brasileira.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o editorial da Folha “é digno de todo nosso asco e repúdio”. Ela enfatizou que Jair Bolsonaro “é um ser desprezível” e ressaltou que “Dilma é uma mulher que enfrentou a ditadura, a tortura e faz oposição aos fascistas de cabeça erguida”. E completou que a ex-presidenta merece “toda consideração e respeito”.
Desrespeito
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) enfatiza que o desrespeito da Folha já começa pelo título. “Que desrespeito! Não se mistura o nome de um pústula que defende a tortura com o de uma pessoa que foi torturada. Publicar isso é pisar sobre sangue e dor. Que vergonha!!!!”, criticou.
Indignado, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) também indaga como o jornal tem coragem de fazer um editorial chamado Jair Rousseff? “Como pode ter coragem de colocar o fascismo ao lado de uma das maiores lideranças mulheres que o Brasil já teve, torturada pela ditadura, e que encarou de frente a horda parlamentar de golpistas?”, questionou.
Na mesma linha, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara, deputado Helder Salamão (PT-ES), protestou e quis saber como é que o jornal teve coragem de fazer a associação. “Como é que a Folha tem a coragem de fazer um editorial chamado Jair Rousseff? Como pode ter coragem de colocar um desqualificado ao lado da honrada, gigante e líder Dilma Rousseff?”. O deputado ainda manifestou o repúdio ao jornal e enviou seu abraço “solidário à querida Dilma”.
Para o deputado Rui Falcão (PT-SP) trata-se de uma “sacanagem” o que o jornal fez no seu editorial. “De muito mau gosto o título do editorial de hoje da Folha de S. Paulo. É sacanagem fazer o que o jornal fez com a ex-presidenta Dilma”, afirmou.
E o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) lançou uma pesquisa em seu Twitter para saber qual é o melhor editoria que a Folha não teve coragem de escrever: “Jair Temer, Jair Guedes ou Jair miliciano?”.
Editorial
No editorial, a Folha defende o teto de gasto público e atribui a crise econômica atual às políticas sociais do governo Dilma. O jornal sugere ainda que Bolsonaro tende a descumprir o limite orçamentário para pavimentar um caminho seguro à reeleição.
fonte: https://pt.org.br/parlamentares-repudiam-editorial-repulsivo-da-folha/