Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife divulga nota pública em repúdio à ação da Polícia de Pernambuco

NOTA PÚBLICA DE REPÚDIO À AÇÃO DA POLÍCIA EM PERNAMBUCO

Desapareçam como a água que escorre!
Quando empunharem o arco,
caiam sem força as suas flechas!
Salmo 58:7 

A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife, repudia com indignação a ação violenta da Policia Militar de Pernambuco contra a manifestação pacífica de pessoas que saíram, de maneira ordenada e respeitando todos os protocolos de prevenção contra a COVID19, pedindo ações de estado para enfrentamento da fome e da pandemia que já causou mais de 460 mil mortes que, em sua maioria, poderiam ter sido evitadas pela garantia de vacinas, já disponíveis desde o final de 2020.

O ataque com bombas e balas de borracha que causaram feridos, inclusive com perda de visão de pessoas que nem mesmo participavam da manifestação e a agressão à vereadora Liana Cirne, que tentava o diálogo com os policiais, fez reaparecer uma página triste da história de Pernambuco, vivida na ditadura.

Exigimos que as palavras ditas pelo governador se materializem numa apuração rigorosa dos fatos e punição dos responsáveis com a força da lei. Não podemos admitir que pessoas violentas e ideologicamente comprometidas com o desmonte do estado democrático de direito, saiam às ruas com o poder de armas demonstrado nessa ação insana. Esses policiais devem obediência ao Estado de Pernambuco, são mantidos com recursos públicos e cabe às autoridades responsáveis as ações necessárias para que a sociedade mantenha a confiança nas instituições que conseguimos fortalecer na luta pela redemocratização do país e que se consolidou com a Constituição Cidadã de 1988.

“Até quando a maldade humana semeará sobre a terra
a violência e o ódio,
provocando vítimas inocentes?”
Papa Francisco, Homilia de 1/1/2016

 

Comissão de Justiça e Paz
Arquidiocese de Olinda e Recife

30/5/2021


NOTA CONJUNTA

 
 

“Quando coisas como essas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque é vossa libertação que se aproxima” (Lc. 21, 28)

As entidades abaixo assinadas vêm a público para manifestar a sua indignação e repúdio diante da violência perpetrada por integrantes da Polícia Militar de Pernambuco que, neste sábado, 29 de maio de 2021, bloquearam e reprimiram de forma truculenta, a manifestação pacífica de milhares de pessoas, na cidade do Recife.

Os representantes do referido aparelho estatal de segurança agrediram violentamente a vereadora Liana Cirne, representante eleita do povo, assim como, as pessoas que, simplesmente, se manifestavam de acordo com o seu direito de cidadãos e cidadãs.

O Governador Paulo Câmara teve sua autoridade comprometida, já que a Polícia Militar de Pernambuco só pode agir sob suas ordens. Por isso, esperamos que a autoridade máxima do Poder Executivo pernambucano, manifeste claramente que não compactua com a barbárie. Que o Estado preste total assistência médica às pessoas feridas, liberte as que foram injusta e arbitrariamente presas e, principalmente, puna exemplarmente os responsáveis por este ato, que atenta contra os direitos civis dos cidadãos em qualquer democracia digna deste nome.

Acreditamos que,quando forças ocultas se servem do poder e da violência para impedir manifestações pacíficas da população, é sinal claro de que a farsa começa a ruir. Quando os regimes não conseguem mais se manter, a não ser pela força da violência e da repressão, é sinal de que não mais se sustentam.

Repudiamos veementemente atos de violência contra manifestações pacíficas. Em um Estado Democrático de Direito, não podemos tolerar, aceitar calados, que forças de segurança do Estado ajam com brutalidade e truculência.

Para todas as pessoas que acreditam na verdade e na justiça, incidentes como este de hoje não intimidarão nem as farão recuar, por mais graves que sejam. Pois, a coragem para a luta desperta com força diante das adversidades. Mesmo na escuridão da noite, na própria teimosia de tantas pessoas, que enfrentam o medo e arriscam suas seguranças, já antevemos a madrugada da vitória da justiça e da liberdade.

Através dos grupos e coletivos que formamos, praticamos o que Jesus Cristo nos indicou como caminho. Isso que aconteceu hoje nos remete ao que disse nosso Mestre Jesus, no trecho do evangelho que inicia a presente nota.

Assinados,

Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB

PJ Arquidiocese de Olinda e Recife

Fraternidade Chamados a Servir

PJMP Arquidiocese de Olinda e Recife

Capítulo Serra Talhada do Movimento Católico Global pelo Clima

Articulação das Comunidades Quilombolas de Mirandiba – ASCQUIMI

Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife

Pastoral Ambiental da Arquidiocese de Olinda e Recife

Pastoral do Povo em Situação de Rua da Arquidiocese de Olinda e Recife

CIMI NE – Equipe Recife

Fórum Dom Helder Câmara/ Grito Recife

Pastoral da Criança da Província de Pernambuco

Centro de Estudos Bíblicos Pernambuco

Fórum Inter-religioso Gente de Fé

Comunidade Bremen

Centro Nacional de Fé e Política – CEFEP

Comissão Brasileira Justiça e Paz – CBPJ

Pastoral Nacional da População do Povo de Rua

Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP

CNLB Regional Nordeste 2

Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB Nordeste 2

Pastoral Carcerária Regional Nordeste 2

Pastoral da Juventude Regional Nordeste 2

Pastoral Regional Carcerária NE 2

Comissão Pastoral dos Pescadores NE 2

Pastoral Regional da AIDS NE 2

Serviço Pastoral dos Imigrantes Regional NE 2

Pastoral do Menor do Regional NE 2

Pastoral do Menor Região Nordeste

Pastoral Operaria do Regional NE 2

Comissão Pastoral da Terra – CRB Nordeste 2

Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde – ANEPS/RN

Capítulo Rio Grande do Norte do MCGC

Conselho Diocesano de Leigos de Guarabira/PB

CNLB Arquidiocese da Paraíba

Grito dos Excluídos Mossoró

CEBI Mossoró

CNLB Diocese de Guarulhos/SP

CNLB Arquidiocese de Manaus

Pastoral da Pessoa Idosa da Paraíba

Comissão Pastoral da Terra – CPT/PB

Articulação Grito dos Excluídos/as de MT

Fórum de Direitos Humanos e da Terra de MT

Pastoral Fé e Política do Regional Sul 1 da CNBB

Rede de Escolas de Cidadania de São Paulo – REC/SP

Pastoral da Criança da Província de Alagoas

Pastoral da Criança da Província da Paraíba

Pastoral da Criança da Província do Rio Grande do Norte

Conselho Diocesano de Leigos da Diocese de Campina Grande/PB

Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo – CLASP

Escola Diocesana de Fé e Política Dom Manuel Pereira – Campina Grande/PB

Serviço de Assistência Rural e Urbano – SAR/RN, Arquidiocese de Natal

Escola de Fé e Política Pe. Sabino Gentili– Arquidiocese de Natal

Escola de Fé e Política Irmãos Juvenal Bomfim e Gabriel Hotsfede

 

 

 

 

“Policiais atiraram para ferir os manifestantes”, diz Liana Cirne Lins, vereadora agredida em Recife

Vítima da violência da PM em manifestação contra Bolsonaro, Liana afirma que é urgente um novo protocolo de atuação policial

 

 
 

Vítima da violência policial durante manifestação contra o governo de Jair Bolsonaro, neste sábado (29), em Recife (PE), a vereadora Liana Cirne Lins (PT) criticou o despreparo dos agentes e disse que espera providências.

“Os policiais atiraram com o intuito de ferir os manifestantes. Eu lamento profundamente e espero que não apenas os responsáveis e o comandante da operação sejam responsabilizados, mas espero, também, que o governo do estado de Pernambuco compreenda a urgência para estabelecermos um novo protocolo de ação policial em casos como esse”, afirma Liana.

Ela conta que tomou conhecimento, por volta do meio-dia, de que estavam ocorrendo atos de violência e repressão policial durante o protesto que pedia “Fora Bolsonaro”.

“Nós nos dirigimos para o local e, na Ponte Princesa Isabel, eu desci do carro. Com minha carteira de vereadora em punho impedi que a viatura perseguisse os manifestantes, que estavam pacíficos no ato, correndo e pedindo socorro”, relata.

“Apesar de eu ter me apresentado e tentado dialogar, infelizmente os policiais desceram da viatura e começaram a disparar balas de borracha diretamente nos manifestantes. Não atiraram para cima ou tentaram qualquer tipo de dispersão. Atiraram com o intuito de ferir os manifestantes”, revela Liana.

A vereadora destaca que tentou dialogar e dizer que o procedimento estava incorreto, que os policiais não podiam atirar nos manifestantes, pois eles não ofereciam nenhum tipo de risco.

“Fiz isso com muita calma. Sou professora de Direito há 25 anos, tive centenas de alunos policiais. Por isso, para mim, é muito natural o diálogo com policiais, sempre de maneira muito respeitosa. Mas, infelizmente, eles estavam bastante alterados. Eu pedi ao policial que me agrediu posteriormente que ele se identificasse e informei que iria abrir um procedimento administrativo contra ele, porque ele não estava seguindo o procedimento correto”, diz.

Spray de pimenta

“Ele se dirigiu até a viatura e eu, mais uma vez, pedi para que ele se identificasse. Então, ele disparou um jato muito longo de spray de pimenta, diretamente no meu rosto, a cerca de um palmo de distância. Felizmente, não tive nenhuma lesão mais grave nos meus olhos”, acrescenta.

Liana avalia o episódio como lastimável, “totalmente evitável. Era possível dialogar, o procedimento está equivocado. Eu cumpri minha função institucional, pois sou vereadora da cidade do Recife e não posso assistir passivamente a lei ser descumprida e ficar inerte. Fiz o que deveria fazer, o que qualquer cidadão e cidadã deveriam fazer: impedir que um ilícito ocorresse”.

“Infelizmente, os policiais, sob comando equivocado, não tiveram serenidade suficiente para se acalmar e as coisas ocorreram da pior forma possível”, completa Liana.

 

Homem atingido por bala de borracha da PM perde olho e não fazia parte da manifestação

 

Foto: Hugo Muniz

Hoje pela manhã Recife realizava um grande ato contra o governo Bolsonaro quando os manifestantes foram surpreendidos pela repressão da Polícia Militar que atacou os presentes com bombas de gás lacrimogêneo e bala de borracha.

Um dos feridos gravemente pela violência policial foi Daniel Campelo, de 51 anos. Ele foi atingido pela Policia Militar de Pernambuco com uma bala de borracha no olho e infelizmente perdeu o globo ocular e consequentemente a visão.

Campelo foi socorrido no Hospital da Restauração, na área central da capital pernambucana. Amanhã passará por uma cirurgia no Hospital Altino Ventura, especializado em oftalmologia.

O homem, que não participada da manifestação, havia ido ao centro da capital apenas para comprar seu material de trabalho, agora terá sua vida marcada pela truculência policial contra um ato pacifico que pedia vacina e comida no prato do povo brasileiro.

Outras agressões foram registradas ao final do ato, que teve quatro pessoas detidas. Eles foram acusados de desobediência, desacato e descumprimento do art. 268 do Código Penal, e so foram liberados mediante pagamento de fiança.

A vereadora Liana Cirne, que buscava diálogo com o batalhão em ação para impedir a ação, caiu no chão ao receber um jato de spray de pimenta nos olhos. Um homem também saiu sangrando com ferimentos na cabeça decorrentes da violência da polícia.

O comandante responsável pela ação foi afastado e o governador Paulo Câmara (PSB) disse que irá investigar a operação e manterá os envolvidos afastados até concluir o inquérito e afirmou que não ordenou o ataque contra os manifestantes.

O ato que mobilizou milhares de pessoas foi organizado buscando respeitar as orientações de segurança sanitária. Os manifestantes usavam e distribuíam máscaras PFF2 e álcool para os presentes e buscavam cumprir o distanciamento social. Em fotos aéras da manifestação é possível ver todos em fila indiana e com ao menos 1 metro de distância.

fonte: https://midianinja.org/news/homem-atingido-por-bala-de-borracha-da-pm-perde-olho-e-nao-fazia-parte-da-manifestacao/

 

 
 
 
 

“É necessário enfrentar o bolsonarismo dentro das forças policiais”, diz Liana Cirne Lins

Em entrevista ao Bom Dia 247, a vereadora, vítima de um jato de spray de pimenta no rosto ao dialogar com a PMs, cobrou do governador Paulo Câmara a criação de um protocolo rigoroso da polícia em manifestações. “E é necessário enfrentar o bolsonarismo dentro das forças policiais. Isso é urgente”, afirmou

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