Representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho diz na CPI da Pandemia que foi procurado insistentemente pela pasta para negociar imunizantes e desvela uma rede de mediadores em um negócio bilionário de fármacos que ninguém tinha para entregar

Vários coronéis, um reverendo e uma entidade com forte presença militar acusada são citados na teia de negociação de vacinas contra a covid-19 supostamente superfaturadas e que sequer existiam. Este é o roteiro inusitado que desponta do depoimento do representante da empresa americana Davati Medical Supply no Brasil, Cristiano Carvalho, à CPI da Pandemia nesta quinta-feira (15). Ele contou aos senadores que não procurou o Ministério da Saúde para negociar imunizantes, mas foi inusualmente procurado pelo órgão, quando passou a dar atenção ao assunto. Revelou ainda que grande parte da cadeia de comando da pasta ―incluindo vários militares de dois grupos distintos― participou das conversas que visavam a aquisição de 400 milhões de doses da AstraZeneca e que depois foram levadas ao centro de denúncias de corrupção. O depoimento do Carvalho empurra ainda mais os holofotes para a participação de militares nas negociações de vacinas com suspeitas de irregularidades.
Carvalho desvelou no seu depoimento uma rede de mediadores em um negócio bilionário de venda de imunizantes que ninguém tinha para entregar. A AstraZeneca sustenta não ter intermediários no país e, nesta semana, a Davati admitiu que não tinha doses à mão, conforme disse o dono e presidente da empresa, Herman Cardenas, à Folha de S. Paulo. Segundo ele, o que havia era uma promessa de alocação das vacinas feita pela companhia de um médico americano junto à AstraZeneca. Cardenas, porém, não deu nomes alegando sigilo contratual.
No depoimento, Carvalho disse não ter participado do jantar em um shopping de Brasília no qual supostamente o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, teria pedido propina de um dólar por dose ao policial militar e vendedor da Davati, Luiz Paulo Dominguetti. Mas confirmou ter sido avisado sobre um pedido de “comissionamento extra” ―ou seja, propina― pelo grupo do ex-servidor e militar reformado, coronel Marcelo Blanco, que assessorava Roberto Dias no Ministério da Saúde. O ex-diretor do departamento de Logística nega as acusações. Aos senadores, Carvalho disse que não foi informado sobre valores e que não foram feitos pedidos de propina diretamente a ele. Afirmou ainda que Blanco, ex-servidor da Saúde, que abriu uma empresa de insumos hospitalares e que teria lhe dito que agora estava negociando vacinas com a pasta, parecia atuar ainda como auxiliar de Roberto Dias mesmo já tendo sido exonerado.
Novos militares e entidade na negociação
Carvalho adicionou novos personagens na trama e deu força à tese da existência de dois grupos em disputa dentro do Ministério da Saúde que atuavam na negociação de vacinas: um ligado ao coronel Marcelo Blanco e a Roberto Dias, e outro ligado ao coronel Élcio Franco, na época secretário-executivo do Ministério da Saúde, cargo abaixo apenas do de ministro. Ambos os grupos teriam uma forte presença de militares. O representante da Davati contou que foi pela primeira vez ao ministério em 12 de março deste ano, levado pelo coronel Helcio Bruno Almeida, presidente do Instituto Força Brasil (IFB). A entidade, segundo ele, era o braço utilizado pela ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), do reverendo Amilton Gomes, para chegar ao alto escalão da Saúde. A Senah teria tido o aval do Governo para negociar as 400 milhões de doses com a Davati e Carvalho apontou que caberia a ela também dar a segurança jurídica ao processo de venda dos imunizantes, já que a empresa americana Davati sequer tem CNPJ no Brasil.
Carvalho ainda diz que foi o Instituto Força Brasil que fez a ponte entre o representante da Davati e o coronel Elcio Franco, então número 2 do Ministério da Saúde. O IFB se apresenta como um instituto sem fins lucrativos, que trabalha dentro dos valores conservadores e cristãos, tanto pela bandeira pró-armas como pela defesa da vida e da família. O vice-presidente da instituição é o empresário Otávio Fakhoury. Mas, segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a instituição patrocina um conjunto de contas em redes sociais investigadas no inquérito das fake news. Uma delas seria a página Crítica Nacional, que de acordo com Randolfe, propagou notícias falsas sobre o uso de máscaras e a vacinação, especialmente contra a Pfizer.
O IFB, por sua vez, diz que tem civis e militares em seus quadros e que atua de forma transparente e em defesa à vida, inclusive com ações de Saúde. Também nega ter parceria com a Davati. De acordo com Igor Vasconcelos, diretor jurídico do Instituto Força Brasil, eles foram procurados pelo reverendo Amilton para ver os caminhos que ajudassem a chegar ao Ministério da Saúde com a proposta da vacinas da Davati. “Tudo que for a respeito da defesa da vida a gente tenta ajudar”, disse Vasconcelos à reportagem. Segundo ele, o presidente do IFB, o coronel Hélcio Bruno, jamais havia tido contato com o coronel Élcio Franco antes. “Fizemos a reunião, que foi rápida. Esperamos bastante para sermos atendidos. Existe ata da reunião, inclusive”, diz ele, lembrando que o IFB não debate preços.
O foco do grupo, contudo, era a possibilidade “de que o mercado brasileiro fosse atendido por uma expressiva quantidade de vacinas, em curto prazo, e que este número seria suficiente para alcançar, inclusive o setor privado (objeto da audiência), aliviando a forte demanda do produto”, disse a empresa em nota distribuída à imprensa. “Tratamos assuntos relacionados à vacinação com a secretaria-executiva, principalmente no sentido de aperfeiçoar a legislação que facilitava a vacinação por empresas privadas, com vistas a acelerar a imunização da classe trabalhadora e liberá-las à produção”, segue a nota, assinada pelo coronel Helcio Bruno. Embora o IFB se diga apolítico, em seus vídeos há várias referências positivas ao presidente Jair Bolsonaro e críticas a movimentos ligados à esquerda.
Coleção de coronéis
Na reunião de 12 de março no Ministério da Saúde, Carvalho disse que estiveram reunidos o reverendo Amilton Gomes, o policial militar Luiz Paulo Domingetti, o ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, e os coronéis Boechat, Marcelo Pires e Helcio Bruno. Ele conta que se surpreendeu ao perceber que o coronel Elcio Franco não tinha conhecimento de que as negociações das vacinas já estavam em curso com Roberto Dias antes daquele encontro, mas negou que tenha sido feito qualquer pedido de propina naquele momento. “Dentro dessas tratativas e conversas dentro do Ministério da Saúde, não houve nada que desabonasse nenhum desses coronéis servidores públicos que estavam na reunião”, declarou. Em outro momento da sessão, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) ironizou o surgimento de tantos nomes de militares na CPI: “Boechat, coronel Guerra, coronel Blanco, Élcio Franco, agora Helcio Bruno… há uma associação de vários coronéis em torno dessa operação tabajara”.
Cristiano Carvalho fez questão de minimizar seu papel dentro da Davati. Disse que não é um CEO como afirmou Dominghetti em seu depoimento à CPI e que não tem vínculo contratual com a empresa. Segundo ele, o que há é uma carta de representação no país que o colocaria na condição de um vendedor. Também afirmou nunca ter ofertado quantidades ou preços de vacinas ao Ministério da Saúde e defendeu que sua atuação visava a aproximação da americana Davati com o ministério. Caberia à empresa americana tratar com a pasta. O presidente da Davati nos Estados Unidos, Herman Cardenas, disse em entrevista à Folha de S. Paulo que a intenção da empresa nunca foi vender vacina, mas de facilitar o negócio. Ao Estadão, Cardenas havia dito que Domingueti não é representante ou funcionário da companhia e que teria sido incluído nas negociações “a pedido” em comunicações com o Governo brasileiro.
Carvalho diz que não procurou o ministério para negociar vacinas
No depoimento aos senadores, Carvalho afirma que foi Dominguetti que levou a ele a demanda por vacinas contra a covid-19 do Ministério da Saúde. Ele diz que sequer acreditava que a negociação prosperaria até começar a receber uma série de ligações e mensagens de altos cargos da pasta, quando passou a dar atenção ao assunto. Carvalho diz que Dominguetti se apresentou a ele em fevereiro deste ano, quando afirmou que já tinha uma parceria com a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), presidida pelo reverendo Amilton Gomes de Paula. Ambos procuravam um fornecedor no exterior para atender a demanda. “Ele [Dominguetti] se empenhou muito na venda das vacinas, fez um trabalho grande com o Senah”, afirma Carvalho, que diz ter sido apresentado a ele por um representante de vendas autônomo da Davati chamado Rafael Alves,.
O reverendo Amilton tem sido apontado como intermediário na negociação de vacinas com prefeituras e também como responsável por levar Dominguetti ao alto escalão da pasta. Cristiano Carvalho disse que a Davati entrou em negociação ao menos com o Governo de Minas Gerais (além do Ministério da Saúde) e que teria sido por meio do reverendo Amilton que muitas prefeituras começaram a procurar a empresa americana em busca de vacinas. Carvalho afirmou ainda que Lauricio Monteiro Cruz, ex-diretor de imunização do Ministério da Saúde, teria enviado uma carta pedindo que a Senah, do reverendo Amilton, fosse a intermediadora das negociações da vacina. Cruz foi exonerado da Saúde no último dia 8 de julho.
Municiado de um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para resguardar seu direito de não se autoincriminar, Carvalho respondeu à maioria das perguntas feitas pelos senadores. O representante da Davati protagonizou a última sessão da CPI antes do recesso parlamentar, que vai até 3 de agosto. Na volta aos trabalho, o reverendo Amilton deve prestar o depoimento.
MAIS INFORMAÇÕES
Os personagens na investigação sobre suposto pedido de propina por vacinas no Ministério da Saúde
Na CPI da Pandemia, Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, cita novos personagens, vários ex-militares, na tentativa de sua empresa, que não tinha aval das farmacêuticas, para vender imunizantes à pasta

A CPI da Pandemia ouviu nesta quinta-feira Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil. A empresa negociou a venda de vacinas AstraZeneca, sem aval da farmacêutica, com o Ministério da Saúde no começo do ano. Carvalho disse que tinha conhecimento de que um dos vendedores da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, dizia ter ouvido um pedido de propina de nomes da Saúde enquanto negociava imunizantes. Dominguetti trouxe o caso à tona em entrevista à Folha de S. Paulo. Em seu depoimento, Carvalho ampliou a lista de personagens envolvidos na trama: nomeados de origem militar no ministério e intermediadores aparecem no relato.
Reverendo Amilton: Amilton Gomes de Paula é presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que se diz uma ONG humanitária. Ele é apontado por Cristiano Carvalho, representante da Davati no Brasil, como intermediador do Ministério da Saúde na compra de vacinas. De acordo com Carvalho, foi por meio do reverendo Amilton que muitas prefeituras começaram a procurar a Davati atrás de vacina. Carvalho diz também que Amilton o convidou para participar de um café da manhã com líderes evangélicos e o presidente Jair Bolsonaro, mas o evento não chegou a acontecer. Reportagem da Agência Pública revelou que a Senah fez ofertas paralelas de vacinas ao Ministério da Saúde a preços mais altos que os valores contratos posteriormente.
Coronel Hélcio Bruno: Coronel da reserva, teria se reunido com integrantes do Ministério da Saúde em nome do Instituto Força Brasil para negociar a compra de vacinas. Segundo Cristiano Carvalho, o Instituto Força Brasil era o braço utilizado pela Senah para chegar ao alto escalão do Ministério da Saúde. Carvalho afirma também que foi coronel Bruno quem o levou pela primeira vez ao Ministério da Saúde em 12 de fevereiro deste ano. Naquele dia, se reuniram reverendo Amilton Gomes, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti, representante da Davati, o ex-secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, e os coronéis Boechat, Marcelo Pires e Helcio Bruno. Helcio Bruno também teria marcado um segundo encontro com Élcio Franco para 15 de março.
Instituto Força Brasil: De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o Instituto Força Brasil, grupo de conservadores cristãos que se apresentam como armamentistas em defesa da vida e da família, patrocina um conjunto de contas em redes sociais que são investigadas no inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal, e na CPMI das Fake News. Uma dessas contas é a Crítica Nacional, que propagou notícias falsas sobre o uso de máscaras e a vacinação. Há uma postagem contra a Pfizer, dizendo que americanos morreram após receber dose da vacina. O instituto é presidido pelo coronel da reserva Hélcio Bruno Almeida, e tem como vice o empresário Otávio Fakhoury.
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Coronel Élcio Franco: Foi levado ao Ministério da Saúde pelo ex-ministro Eduardo Pazuello ainda na gestão de Nelson Teich. Foi “promovido” a número 2 da pasta desde que Pazuello assumiu interinamente como ministro. Mas ele deixou a pasta em abril e hoje ocupa o cargo de assessor especial na Casa Civil. Cristiano Carvalho menciona uma reunião no Ministério da Saúde, no dia 12 de março, para tratar da compra de vacinas. Na data, ele e Élcio Franco se reuniram juntamente com o outro representante da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, reverendo Amilton, coronel Helcio Bruno, do Instituto Força Brasil, coronel Boechat, e coronel Pires.
Coronel Boechat: Cleverson Boechat Tinoco Ponciano é coordenador-geral de planejamento do Ministério da Saúde. O coronel da reserva foi apontado por Cristiano como o responsável pelos pagamentos dos insumos e participou da reunião do dia 12 de março.
Coronel Pires: Marcelo Bento Pires, coronel da reserva, chefiava desde janeiro a Diretoria de Programas do ministério, mas foi exonerado em meados de abril após a chegada de Marcelo Queiroga. Foi apontado por Carvalho como ajudante de ordens de Élcio Franco. Fez várias perguntas sobre a entrega e a vacina ao coronel Hélcio Bruno. Coronel Pires também foi apontado, pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF), com dos membros da alta cúpula que pressionaram o servidor Luís Miranda para a compra da Covaxin, segundo reportagem do Metrópoles.
Coronel Blanco: Marcelo Blanco da Costa, coronel reformado, foi nomeado ao Ministério da Saúde em maio de 2020 como assessor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria Executiva em portaria assinada por Nelson Teich. Em outubro, foi designado ao encargo de substituto eventual do Diretor do Departamento de Logística pelo coronel Élcio Franco. Ocupou o posto após a exoneração de Roberto Dias, mas foi também dispensado do cargo, em 30 de junho. Cristiano Carvalho diz que o “grupo do coronel Blanco” foi quem pediu propina a Luiz Paulo Dominghetti Pereira para a compra da vacina.
Coronel Guerra: Glaucio Octaviano Guerra, militar da reserva da Força Aérea. Vive nos Estados Unidos, exercendo a função de assessor do adido militar da embaixada do Brasil naquele país. É apontado por Carvalho como quem teria apresentado a Davati a ele. Atuou, segundo Carvalho, como porta-voz do Herman Cardenas, dono da Davati, nos Estados Unidos, não tendo influência alguma nas tratativas.
Herman Cardenas: Empresário, é dono e presidente da Davati Medical Supply, empresa com sede no Texas (EUA). À Folha de S. Paulo, Cardenas afirmou que não tinha à mão nenhuma das 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca que estariam sendo negociadas pelos representantes da empresa no Brasil.
Roberto Ferreira Dias: ex-sargento da Aeronáutica, é servidor público de carreira há quase 20 anos. Ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, foi acusado de ter pedido propina de um dólar por dose na negociação da compra das vacinas da AstraZeneca. À CPI da Pandemia, Cristiano Carvalho afirmou que Ferreira Dias ligou para ele insistentemente e mandou várias mensagens para negociar as vacinas. Foi demitido no último dia 29. No dia 7 de julho, prestou depoimento à CPI e foi preso a mando do Senado por ter mentido para a comissão. Pagou fiança e foi liberado depois de algumas horas. Dias apontou um “núcleo militar” na pasta como interessada no negócio da Davati.
CPI da Covid quer ouvir Braga Netto mais para frente
A CPI pretende deixar claro que o interesse está menos no papel do general como ministro e mais na atuação como palaciano. Se Braga Netto fosse convocado agora, como defenderam alguns parlamentares, poderia parecer uma reação ao estremecimento da relação entre Congresso e Forças Armadas
16/7/21
247 – A CPI da Covid deve avançar com cautela sobre o ministro da Defesa, Braga Netto. De acordo com senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito é deixar para colher o depoimento do general mais para frente.
Segundo a Coluna do Estadão, a CPI pretende deixar claro que o interesse está menos no papel dele como ministro e mais na atuação como palaciano.
Se Braga Netto fosse convocado agora, como defenderam alguns parlamentares, poderia parecer mera reação ao estresse com as Forças Armadas na semana passada.
O ministro terá de ir à Câmara para explicar a nota, em tom de ameaça, contra o trabalho realizado pela CPI da Covid no Senado. De acordo com a nota, assinada por Braga Netto e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, “as Forças Armadas não aceitarão ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”.
O texto foi um ataque ao presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), após o parlamentar dizer que há muitos anos “o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo”.
fonte: https://www.brasil247.com/cpicovid/cpi-da-covid-quer-ouvir-braga-netto-mais-para-frente
Reverendo que negociou vacinas ilegalmente era filiado ao PSL durante campanha de Bolsonaro
Acusado de tráfico de influência, Amilton Gomes de Paula consta em documento público da ex-sigla do presidente
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O reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), entidade religiosa que tentou intermediar a venda de vacinas contra a covid-19 no Executivo federal, foi filiado ao PSL durante a campanha eleitoral de 2018.
O atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito pela sigla durante o pleito. O reverendo só se desfiliou do partido em abril deste ano, conforme demonstra documento oficial assinado pelo presidente do partido, o deputado federal Luciano Bivar (PSL-PE), e disponível na internet.
Em março, uma apuração da Agência Pública de Jornalismo Investigativo mostrou que a Senah, organização evangélica, articulou a aquisição de vacinas com o Ministério da Saúde e ofereceu imunizantes da AstraZeneca e da Johnson & Johson para prefeituras e governos estaduais junto à Davati Medical Supply.
A reportagem teve acesso à carta encaminhada aos prefeitos e governadores pela Senah na qual a entidade oferece as doses no valor de US$ 11 a unidade, com prazo de entrega de até 25 dias. O valor seria 3 vezes maior que o fechado pelo governo federal para a mesma vacina da AstraZeneca com a Fiocruz, que foi de US$ 3,16, e o dobro do valor do Instituto Sérum, de US$ 5,25.
O reverendo Amilton Gomes, fundador e presidente da Senah, esteve no Ministério da Saúde no dia 4 de março de 2021, conforme fotos publicadas em suas redes sociais . Na postagem, ele afirma que se reuniu com representantes da pasta “para articulação mundial em busca de vacinas”.
Na visita, estava ao seu lado o policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, que afirmou à Folha de S. Paulo que o diretor do Departamento de Logística (DLOG) do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, teria cobrado propina para compra de vacinas . Também esteve na visita o major da Força Aérea Brasileira (FAB) Hardaleson Araújo de Oliveira, antigo conhecido do pastor.
Líder da Senah criou frente parlamentar religiosa
O reverendo Amilton Gomes publicou em suas redes sociais fotos com o filho do presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ) em junho de 2019.
Em uma outra postagem de maio daquele ano, o religioso comemorou receber uma moção de louvor na Câmara dos Deputados. Recentemente, o pastor apareceu na divulgação da “Conferência Nacional de Liderazgo” ao lado da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL/SP).
Amilton Gomes participou ainda da criação da Frente Parlamentar Mista Internacional Humanitária pela Paz Mundial (FremhPaz) junto ao pastor Laurindo Shalom, da Associação Internacional Cristã Amigos Brasil-Israel, e do deputado federal Fausto Pinato (PP/SP), em 17 de setembro de 2019.
O que é a Senah
A Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, que até o ano passado se chamava Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos, foi fundada por Amilton Gomes em 1999.
“Hoje nosso DNA está na cultura pela paz mundial, na fomentação de apoio ao meio ambiente, sempre buscando meios sustentáveis para o desenvolvimento da sociedade harmonizando Homem e Meio Ambiente”, informa em sua página na internet a entidade que tem sede em Brasília.
Líder da Igreja Batista Ministério da Nova Vista, Amilton Gomes também foi cabo do Exército na década de 1990. Ele publicou imagens do Movimento Cristão Conservador Brasileiro com sua assinatura e sua foto e se apresenta como reitor da Faculdade Batista do Brasil, além de participar da direção de entidades de psicologia, como, por exemplo, a Sociedade de Psicologia do Centro-Oeste.
*Com informações da Agência Pública.
Edição: Leandro Melito
Ou os militares jogam carga podre ao mar ou a ela se agarram
Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!
atualizado 16/07/2021 6:08
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A acreditar no depoimento prestado à CPI da Covid-19 por Cristiano Carvalho, um dos representantes no Brasil da Davati Medical Supply, empresa americana que negociava a venda das vacinas Astrazeneca e Janssen, foram oito as autoridades do Ministério da Saúde que tentaram agilizar o fechamento do negócio suspeito e furado, sendo seis delas militares.
É pouco ou muito? Quando assumiu o comando do ministério, o general da ativa Eduardo Pazuello carregou com ele, além da namorada, 21 militares. Há outros que à distância acompanharam tudo ou quase tudo que se passava por lá. A CPI aprovou requerimento onde pede à Casa Civil da presidência da República e-mails e demais comunicações do general Braga Neto.
No momento, o general é o ministro da Defesa, principal autor da nota assinada pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica de ameaça à CPI. Mas Braga Neto foi chefe da Casa Civil entre fevereiro de 2020 e março deste ano. Designado pelo presidente Jair Bolsonaro, chefiou o comitê responsável por todas as ações do governo de combate à pandemia. Sabe muita coisa.
Os militares não admitem que denúncias de corrupção batam à sua porta, muito menos contra oficiais de alto escalão. O que farão se isso acontecer? Jogarão carga ao mar? Ou a ela se agarrarão mesmo sob o risco de afundar a imagem da instituição? Por que pode existir uma banda podre de políticos, juízes, empresários, médicos, jornalistas e não de militares?
Ou restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos!
Cannabrava | Momento no Brasil é crucial: ou eles, ou nós, ou os civis, ou os militares
Os oficiais das forças armadas estão mergulhados na lama até os gorgomilos. Querem limpar a barra? Querem se livrar da imundice? Voltem para os quartéis!
A República, instituída no Brasil em 1889 e reiterada nas sucessivas Constituições, tem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
As Forças Armadas não são nenhum dos três poderes, são a guarda do Estado e da Nação.
O Estado é a administração do poder e a Nação é o povo e sua cultura mais o território com tudo que nele existe, em seus espaços circundantes: céu, subsolo, espaço ciber, mares e oceanos.
É o Executivo que, de acordo com a Lei, organiza a força para proteger o Estado e a Nação. Por isso, em toda Constituição o chefe do Executivo é o comandante supremo dessa força.
Assista na TV Diálogos do Sul:
São as forças armadas, em geral, constituídas por três armas ou corporações, Exército, terrestre; Aeronáutica, para o espaço aéreo e espacial e Marinha para o espaço hídrico, fluvial e marítimo.
Países com tradição belicista utilizaram e ainda utilizam essas forças armadas para expandir território, conquistar novos espaços, sejam territoriais ou econômicos, com fim de expandir sua hegemonia com relação ao mundo exterior. O que muda aí é a abrangência na utilização da força, mas nada muda com relação à hierarquia dos três poderes.
É aspiração legítima dos povos: liberdade, independência, bem-estar e construção da paz. No marco dessa legitimidade travaram-se as lutas pela independência no século 19, as lutas de libertação nacional no século 20, estas não concluídas.
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Hoje, as lutas são regidas pela contração Sul/Norte, um norte desenvolvido às custas do Sul e o Sul se organizando pela libertação, que significa, liberdade, independência e bem-estar. Esse bem-estar que só é possível em harmonia com a natureza.
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Defender o quê?
Defender a Nação e seu povo organizado como Estado. É por isso que a Constituição de 1988 diz que todas as instituições do Estado, no cumprimento de sua função precípua, devem ter como objetivo a defesa e o fortalecimento da Soberania Nacional. É muito importante que cada órgão da administração pública tenha transversalmente as questões da soberania e da cultura.
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No continente não temos inimigos. Ao contrário, todos almejam que Nossa América esteja integrada. Do outro lado desse lago chamado Atlântico, fazemos fronteira com a África, onde tampouco temos inimigos, e sim condições históricas para integração e esforço conjunto para sair do subdesenvolvimento.
Nesse Sul global, geopolítico, não-físico, incluem-se os países asiáticos. Assim, para coordenar o desenvolvimento desse Sul global foi criado o Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
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Exército Brasileiro
As forças armadas não é nenhum dos três poderes, é a guarda do Estado e da Nação.
Quem são nossos inimigos?
O Brasil precisa parar para pensar o que ou quem verdadeiramente significa empecilho para o desenvolvimento. Quem são os responsáveis por um modelo de exclusão social e de submissão ao capital? Capital seria enteléquia não fosse movido pelos interesses hegemônicos expansionistas dos Estados Unidos.
Nossos inimigos são aqueles que perturbam a construção da paz. Por isso, o lado bom da humanidade está sempre lutando pela paz.
Não a paz dos cemitérios, mas a paz que se obtém dando “a cada um de acordo com sua necessidade” e onde nenhum ser humano explore o outro numa relação de abissal desigualdade.
A paz de criança dormindo que se obtém tão somente com soberania: soberania alimentar, sanitária, cultural, científica e jurídica. Soberania Nacional é isso.
Para promover a paz a ONU foi instituída no século XX após duas guerras mundiais e infinitas guerras intestinas, localizadas e guerras de libertação contra o colonialismo, o neocolonialismo e o imperialismo.
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A principal finalidade da ONU é promover a paz e as demais instituições multilaterais no âmbito da ONU foram criadas para, através do diálogo e respeito mútuo, solucionar problemas que perturbam a paz.
Para a questão da fome, foi criada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO); o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef); a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a rganização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi) e a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Foram criadas também instituições multilaterais para regular os tráfegos aéreo, marítimo e também o de ondas hertzianas.
O mundo é multipolar e as instituições foram criadas para dar espaço à solução pacífica das controvérsias e de maneira colaborativa construir soluções para os grandes problemas que são comuns a todos.
Por que não funciona uma máquina tão bem pensada?
Essa é a questão essencial que atravessa os séculos. Estados dominados por oligarquias que não contente com dominar um país querem dominar o mundo. É a fome por riquezas e poder que leva à guerra.
É a união de todos os Estados, em torno dessas instituições, que poderá nos levar a isolar as potências que teimam em expandir uma hegemonia que já era, que não é verdadeira, posto que a milenar China já é a fábrica do mundo. Mas não é só a China, é o mundo que mudou e está a exigir outro ordenamento.
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Os Estados Unidos, perdidos diante desse novo mundo, resistem, permanecem em um passado cujas glórias são apagadas pelos horrores dos genocídios. Toda guerra é tragédia, principalmente as guerras de conquista.
O mundo multilateral não aceita mais colonialismo, imperialismo, guerras de conquista. Os que estão a promover essas guerras são os reais inimigos da humanidade.
Cuba e Venezuela resistem e precisam de nossa solidariedade
O que o governo dos Estados Unidos está fazendo contra a Venezuela e contra Cuba, por exemplo, é o avesso de tudo o que se está construindo no mundo em busca da paz e do desenvolvimento.
A prova disso, na última assembleia-geral da ONU, a unanimidade de países condenou os Estados Unidos por sua atitude belicista, a permanente violação aos direitos humanos ao manter 60 anos de bloqueio contra Cuba e, mais recentemente, também contra a Venezuela.
Não são apenas os cubanos e os venezuelanos que estão sendo agredidos naquilo que é mais sagrado para o ser humano: independência, liberdade, condições para construir seu próprio futuro de acordo com suas próprias ideias. É toda a humanidade que está sendo violada, contrariada. São violações a todas as instituições que se estão construindo através dos séculos de luta pela paz e o desenvolvimento.
Cuba hoje está sendo uma vez hostilizada pela grande potência. Impressiona tanta covardia. Maior potência bélica do planeta, com 300 milhões de habitantes, com dois a três milhões de homens armados, mais de 200 bases militares no mundo a sufocar uma ilha de pouco mais de dez milhões de habitantes que quer e tem todo o direito de se desenvolver em paz.
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Vinte milhões de dólares do império todos os anos para promover a subversão em Cuba. Dia 10 de julho o Biden colocou mais dois milhões para alimentar a fogueira das vaidades. É muito dinheiro, em qualquer lugar do mundo. E isso num momento em que todos os governos do mundo estão empenhados em combater a pandemia da Covid, em que urge cooperação solidária entre os Estados.
Cuba, solidária, mandou médicos para o mundo a ajudar no enfrentamento à doença, e no esforço de vencer o vírus que já está em fase avançada de produção de cinco vacinas.
O certo seria os Estados Unidos colocarem os 20 milhões de dólares nas mãos de cientistas cubanos e também a comunidade internacional colaborar com recursos e gente de ciência para que essas vacinas, produzidas para o bem da humanidade, sejam distribuídas massiva e gratuitamente nos países mais pobres de todo o mundo, a começar pelo Haiti, destruído moral e fisicamente que está por obra de tropas de países belicistas.
País destruído fisicamente pelo terremoto e moralmente pelas tropas de ocupação. O Haiti não quer soldados, precisa de engenheiros, médicos, técnicos em todas as áreas do conhecimento humano para se reconstruir.
Os generais brasileiros têm culpa, são responsáveis por esse caos no Haiti por terem atuado como comandantes das tropas de ocupação da ONU. Fizeram lá o mesmo estrago que estão fazendo aqui, fruto da incompetência e da incúria.
Votem aos quartéis para nos devolver a paz
Veja, toda essa digressão para deixar claro o quanto as forças armadas brasileiras se distanciaram das funções que lhes tocam constitucionalmente. Uma distorção que vem desde o Brasil Império dos Bragança, e isso estamos a demonstrar em série de artigos e diálogos na TV sobre a Questão Militar.
Só que hoje, como nunca antes, tomaram de assalto as instituições do Estado para enriquecer através do saque, do estupro à Constituição e das leis que a regulamentam, como verdadeiras tropas de ocupação a serviço do império do Norte, o verdadeiro inimigo da paz.
Os oficiais das forças armadas estão mergulhados na lama até os gorgomilos.
Querem limpar a barra? Querem se livrar da imundice?
Voltem para os quartéis. Façam o mea culpa, voltem para os quartéis e deixem que um governo provisório presida as próximas eleições. Podem até colocar alguns generais retirados para disputar o poder com os civis, mas em igualdade de condições. Sem as tramoias que fizeram em 2017 e 18.
É o segundo fracasso retumbante dos militares como gestores do Estado. Dizer que a geração de generais de 1964 salvaram o país é só mais uma entre tantas mentiras.
Alguns anos de desenvolvimento econômico se tornaram em nada com décadas de retrocesso. Retrocesso econômico, social e moral.
Acumulando vergonha alheia ante o mundo.
Manchetes por toda parte ridicularizando o papel dos militares num governo que assombra o mundo. Epicentro da Covid… meio milhão de mortos, podendo chegar a 800 mil até o final do ano.
Obrigam os jornalistas a aprender uma nova escatologia diante das respostas a cada pergunta sobre as evidências de irresponsabilidade, de incúria, improbidade, peculato, roubo.
Sociedade acorda para frear as mazelas
A XP, maior das financeiras, preocupada com a situação, faz suas próprias pesquisas e tem grupo de especialistas para acompanhar o comportamento do mercado diariamente. Mercado para eles é o mercado financeiro. Nas pesquisas sobre como a sociedade avalia a gestão do governo, há uma evolução exponencial, do ótimo e bom para o péssimo.
Datafolha, Poder Data 360, dois outros pesquisadores que formam parte do establishment, considerando que nessas pesquisas de opinião 2% para cima ou para baixo é margem de erro, são todas coincidentes. 70% dos jovens sabem que ele é corrupto. O governo é péssimo. Tão ruim que a família Mesquita, proprietária do Estadão, em editorial de domingo (11), afirma que chegou a hora de derrubá-lo.
O Ministério Público aponta que a gestão do general Pazuello no Ministério da Saúde foi “gravemente ineficiente” e “dolosamente desleal (imoral e antiética)”. A CPI da Covid, por sua vez, está desnudando que, pará lá de péssimo, no que se refere à gestão da máquina governamental, principalmente na saúde, é ladrão.
Ladrão já de per si é crime, crime de peculato, mas as sequelas do roubo é que são elas. Ao roubarem dinheiro do SUS para a compra de vacinas, ao pagarem vacinas que não foram entregues, ao não planejarem o combate à pandemia, cometem crimes contra a humanidade.
Generais, coronéis e outros militares de alta graduação que ocupam o governo dão a impressão de que perderam completamente a compostura. Deslumbraram a tal ponto, com a possibilidade de ganhar tanto dinheiro fácil, que passaram para o desvario. Perderam o senso. Milhões que devem somar bilhões desviados para enriquecimento ilícito.
Como explicar a nota emitida pelo general ministro da Defesa, tentando incriminar o senador Omar Aziz, presidente da CPI? Junto com o general Braga Neto assinam também os comandantes do Alto Comando das forças armadas: general Paulo Sérgio Oliveira, do Exército, brigadeiro Carlos Almeida Batista da Aeronáutica e o almirante Almir Garnier Santos da Marinha. Uma nota incoerente própria de analfabetos funcionais -aqueles que não entendem o que leem.
Tudo isso por ter o senador Omar Aziz, manifestado sua perplexidade com tanto descalabro na corporação.
Segundo Aziz, Roberto Dias, que era diretor de logística do Ministério da Saúde, no dia 8 de julho entregou à CPI um dossiê que implica ainda mais os militares nas falcatruas aproveitando a crise sanitária. Estão cercados de sujeiras, quanto mais mexe mais aparece a imundice.
Omar Aziz, Renan Calheiros, relator da CPI, Rodrigo Pacheco presidente do Senado, não estão se intimidando com as bravatas dos militares. Vamos ver até quando e se vão até às últimas consequências. Termina essa novela com um “répiende”, mandando esses caras de volta para o quartel e os que cometeram crimes para a cadeia.
Foi como se tivessem atiçado um ninho de vespas.
O presidente vai a público e diz que sem urna eletrônica e apuração auditável não haverá eleição. Diz também que “caga” para a CPI do Senado. E ponto final. E continua presidente.
Vambora… Vambora… encher as ruas para dar coragem para essa gente. Congresso e judiciário precisam se sentir apoiados pelas multidões e têm que cumprir com o dever de casa antes que eles, com as técnicas de engano o façam. O momento é crucial, ou eles, ou nós, ou os civis, ou os militares.
Paulo Cannabrava Filho é editor da Diálogos do Sul
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