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Nota da CNBB
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressa sua solidariedade às famílias do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, aguarda o esclarecimento total do ocorrido e exige a responsabilização dos envolvidos. Não se pode aceitar a agressão ao ser humano, o desrespeito ao meio ambiente e à nossa Casa Comum, nem o encobrimento da verdade e da justiça.
Essas mortes integram a lista de dramas vividos na região amazônica como bem expressou o Papa Francisco na exortação apostólica pós sinodal “Querida Amazônia” dirigida à atuação da Igreja no bioma. No documento, o Santo Padre aponta que “os interesses colonizadores que, legal e ilegalmente, fizeram – e fazem – aumentar o corte de madeira e a indústria minerária e que foram expulsando e encurralando os povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes, provocam um clamor que brada ao céu”.
Fiéis ao Sucessor de Pedro, reafirmamos os sonhos expressos para a região, conforme manifestados pelo Papa Francisco em sua exortação: “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida; Com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana; Que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas; Com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos”.
Em Cristo,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBBDom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBBDom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBBDom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
fonte: https://www.cnbb.org.br/cnbb-expressa-solidariedade-as-familias-de-bruno-pereira-e-dom-phillips/
NOTA PÚBLICA DA CPT – No feriado de corpus christi, a Amazônia e o Brasil em luto
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A Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da CPT divulgam Nota Pública expressando sua tristeza e indignação com o assassinato de Bruno Pereira e Dom. O documento destaca que “A violência bárbara que vitimou Bruno e Dom, e praticada cotidianamente contra os povos do campo, das águas e das florestas, e contra quem defende os direitos humanos e a natureza, é reflexo da impunidade frente aos crimes no campo, mas não só. Está relacionada também ao amplo processo de retirada de direitos sociais, territoriais e ambientais que vivenciamos no Brasil, com aprofundamento após as eleições de 2018”. Confira o documento na íntegra:
No feriado de corpus christi, a Amazônia e o Brasil em luto
A Comissão Pastoral Terra (CPT) se junta às demais entidades e pessoas, no nosso país e no mundo, que nestes dias estão expressando sua profunda tristeza e indignação com o bárbaro assassinato do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, Amazonas.
Nossa indignação é crescente ao saber que o Presidente da República tenta culpabilizar as vítimas, por suas mortes, ao afirmar que estas pessoas não eram bem-vistas na região. Na realidade o presidente tem razão! Numa região dominada pelo crime organizado, comandada pelo narcotráfico, pela extração ilegal de madeira, exploração ilegal de garimpos e pesca ilegal, aqueles que defendem os povos indígenas e seus territórios, os que lutam em defesa da floresta e de suas riquezas não podem ser bem-vistos, ainda mais quando estas pessoas denunciam os crimes que ali se cometem. Ao contrário, por alguns ali, é bem-visto o Presidente da República e todos os que querem uma Amazônia livre de qualquer restrição legal de exploração.
A violência bárbara que vitimou Bruno e Dom, e praticada cotidianamente contra os povos do campo, das águas e das florestas, e contra quem defende os direitos humanos e a natureza, é reflexo da impunidade frente aos crimes no campo, mas não só. Está relacionada também ao amplo processo de retirada de direitos sociais, territoriais e ambientais que vivenciamos no Brasil, com aprofundamento após as eleições de 2018.
Na medida em que esses direitos não são assegurados e garantidos, as populações ficam cada vez mais vulneráveis a ações violentas, promovidas por agentes estatais e paraestatais, como as agromilícias e o narcotráfico, que ampliam suas ações em diversas regiões da Amazônia brasileira, aliando-se a outras organizações criminosas que desenvolvem ações ilegais de exploração dos recursos naturais.
Tudo isso ocorre num contexto em que a atuação dos órgãos de fiscalização é sistematicamente enfraquecida pelo Governo Federal. Diante da fragilidade do Estado, a proteção territorial contra invasores é feita pelas próprias comunidades. A Funai, órgão de defesa dos direitos indígenas foi transformado num órgão de comando das políticas anti-indígenas praticadas por esse (des)governo.
Este último bárbaro crime demonstra como disse o Conselho Indigenista Missionário, CIMI, em nota publicada, que se “trata de um projeto deliberado e intencional, de perseguição e ameaça à vida dos povos indígenas e de seus aliados”. O grave crime que vitimou Bruno e Dom escancara o que a CPT vem denunciando nos últimos anos: a Amazônia é o palco onde se concentra o maior número de conflitos e de violências contra os povos originários e tradicionais que ali vivem, e sobre os sem-terra que buscam um pequeno espaço para sobreviver do seu trabalho.
Os dados coletados pela CPT a partir do acompanhamento das comunidades do campo das águas e das florestas, continuam refletindo este cenário. Em 2021, houve um aumento de 75% dos homicídios em comparação a 2020. Dos 35 casos registrados pela CPT em todo o Brasil, 28 ocorreram na Amazônia. Com relação aos dados parciais coletados em 2022 essa realidade se repete: 19 assassinatos, 15 deles registrados na Amazônia Legal e a maioria das vítimas, novamente, são indígenas.
Com todos e todas aqueles e aquelas, que desenvolveram seu senso de humanidade, a CPT exige que medidas urgentes e concretas sejam adotadas para evitar que outros casos como este aconteçam, e que todos que defendem seu território de vida e reprodução da vida, seu solo ancestral, e aquelas e aqueles que defendem os direitos humanos e a natureza, sejam respeitados. Do contrário, infelizmente teremos que continuar lidando com situações bárbaras de assassinatos de defensores de Direitos Humanos, indígenas, quilombolas, sem-terras, que sofrem essa violência cotidianamente.
À família de Bruno Araújo e Dom Phillips externamos nossa mais profunda e sincera solidariedade. O sangue por eles derramado não será em vão!
Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra
Goiânia/GO, 16 de junho de 2022.
fonte: https://www.cptnacional.org.br/publicacoes-2/destaque/6073-nota-publica-no-feriado-de-corpus-christi-a-amazonia-e-o-brasil-em-luto
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A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), vinculada à Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para divulgou na tarde da quarta-feira, 15, a nota “NÃO às mortes e à degradação na Amazônia” na qual exige providências urgentes dos poderes públicos frente às mortes e à degradação do território amazônico. “É indispensável o desenvolvimento de ações rápidas do Estado brasileiro, por meio do Governo Federal, Congresso Nacional e Ministério Público, para conter o avanço destruidor sobre a Amazônia”, diz o documento.
A nota, assinada pelo três bispos da região Norte recém eleitos para presidência da REPAM-Brasil, afirma ser necessário não só prestar esclarecimentos sobre o desaparecimento de Bruno e Dominic, mas buscar agilidade nas apurações e punição dos responsáveis pelas mortes e pela dor que pesam sobre a Amazônia, seus povos e seus defensores.
A Rede manifesta solidariedade às famílias das vítimas e agradece aos povos indígenas do Vale do Javari “pela solidariedade, sensibilidade humana e reconhecimento por aqueles que apoiam as suas lutas”. Menciona e agradece o comprometimento do jornalismo “com os Direitos Humanos e as causas da Amazônia”.
Expressa, também, indignação com as mortes constantes de lideranças indígenas, ribeirinhas e quilombolas e com a violação dos Direitos Humanos no bioma. “A REPAM-Brasil, comprometida com a defesa da vida humana e da Natureza, solicita com veemência a atuação enérgica das autoridades para estancar a ilegalidade e a exploração da Natureza na Amazônia, o que tem provocado mortes constantes. Reivindicamos que todos os que ocupam cargos de responsabilidade e poder de intervenção, seja em âmbito político, social e econômico, local, nacional e internacional, se tornem guardiões da Criação, do desígnio de Deus inscrito na Natureza, guardiões do outro e do Meio Ambiente”.
Leia a íntegra nota: “REPAM-Brasil: NÃO às mortes e à degradação na Amazônia”
Com informações REPAM-Brasil
fonte: https://www.cnbb.org.br/repam-brasil-em-nota-exige-respostas-dos-poderes-publicos-frente-as-mortes-e-a-degradacao-no-territorio-amazonico/