*Por Nuno Coelho
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado (norte de Moçambique) tem sido abalada por ataques mortais perpetrados por grupos armados. Tais operações estão se tornando cada vez mais sofisticadas e uma fonte de ansiedade para os vizinhos de Moçambique, particularmente a Tanzânia. Os ataques resultaram em centenas de mortos e o deslocamento de cerca de quinhentos mil moradores devido ao clima de medo que reina na região.
Com certeza, são muitos deslocados que chegam diariamente na cidade de Nampula, capital de Moçambique. Além da questão humanitária que vem se agravando, tem a questão econômica, havia muita expectativa em Cabo Delgado devido à exploração do gás, e outros recursos minerais como rubi e ouro. A região que vem sofrendo os ataques é muito rica em recursos minerais, além de ser uma das maiores reservas de gases naturais do mundo. Foi disputada por muitas multinacionais, como a Galp, Exon.
Embora não se trate de conflito religioso, as comunidades de fé estão sendo dizimadas. Destruição em massa das comunidades religiosas são vistas em toda a parte. O grande motivo é o interesse econômico.
Esse grupo terrorista vem sendo financiado por grupos (nacional ou internacional) que desejam retirar a população do local, para explorar os recursos naturais. O governo do presidente Filipe Jacinto Nyusi, vem sendo inoperante desde de então.
O Bispo brasileiro da Diocese de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, tem sido uma voz consistente chamando a atenção para o agravamento da situação humanitária na conturbada província de Cabo Delgado, onde fica sua diocese.
Dom Lisboa fez um importante apelo de justiça e solidariedade humana, durante encontro com o Observatório Racial Dom José Maria Pires, da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP). O que se percebe em Cabo Delgado é que um clamor de justiça está no ar.
*Secretário Executivo Adjunto da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB; Servidor Público; Membro dos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs) e da Coordenação do Observatório Racial Dom José Maria Pires da CBJP.