Desde seu lançamento, a Campanha de Autoproteção de Comunidades e Lideranças Ameaçadas – A Vida por um Fio – tem sido um marco na luta pela segurança de defensores dos direitos socioambientais na Amazônia. Organizada por diversas entidades da sociedade civil e da Igreja Católica, a iniciativa busca fortalecer articulações, consolidar processos de proteção e ampliar a visibilidade sobre a crescente violência contra aqueles que defendem territórios e populações vulneráveis.
O cenário de ameaças e ataques a lideranças comunitárias e ambientais continua alarmante. De acordo com os dados mais recentes do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH), o número de lideranças incluídas no programa na Amazônia aumentou significativamente. Em 2023, havia 369 lideranças protegidas; em 2024, esse número subiu para 459, sendo 291 incluídas e 168 em análise.
Os estados com maior número de casos são Pará (114), Amazonas (90) e Maranhão (117), refletindo o aumento da pressão sobre comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas e outros grupos que atuam na defesa da floresta e dos direitos humanos. A violência no campo e as disputas por terra seguem como as principais motivações das ameaças.
Além da assistência individual prestada pelo PPDDH, a campanha A Vida por um Fio mapeou 78 redes de proteção na Amazônia, atuando diretamente para garantir apoio e segurança a defensores ameaçados. Essas redes são fundamentais para a construção de estratégias de autoproteção coletiva, organização comunitária e denúncia de casos de violência.
A iniciativa também dialoga com o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) Sales Pimenta, criado pelo governo federal em resposta a decisões da Corte Interamericana de Direitos Humanos e do Supremo Tribunal Federal. O objetivo do GTT foi elaborar o Plano Nacional de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, com lançamento e entrega em dezembro de 2024 ao Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.
Diante desse cenário, a campanha A Vida por um Fio segue mobilizando defensores e organizações para garantir que a proteção às lideranças ameaçadas seja uma prioridade efetiva no Brasil. A violência contra aqueles que defendem a Amazônia não pode ser normalizada. É urgente fortalecer redes de proteção e pressionar por políticas públicas que garantam a segurança e a continuidade das lutas socioambientais e implementação do Plano Nacional de Política de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos no país.