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Memória Digital: os bugreiros
Ocupação europeia e “conflitos” com os índios no território catarinense.
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Quando da chegada dos primeiros europeus, a distribuição de grupos indígenas no que é o atual Estado de Santa Catarina, era a seguinte: os Carijó, que ocupavam estreita faixa ao longo do Litoral; os Xokleng, que viviam na região dos vales até o Planalto, formado por grupos nômades que circulavam por um território que ia das proximidades de Curitiba até Porto Alegre; os Caingang, ocupantes mais para o interior do Planalto e Oeste e, finalmente, muito provavelmente em partes do extremo Oeste, os Guarani, ocupantes da região do atual Paraguai. Os indígenas que os primeiros europeus encontraram na região de Blumenau foram, portanto, os Xokleng. Ao contrário dos Guarani do Litoral, mais amistosos e até bons anfitriões e que rapidamente foram caçados como escravos e dizimados totalmente até fins do século XVII, os Xokleng logo ofereceram resistência e lutaram bravamente, ao perceberem o rápido avanço daqueles estranhos homens e mulheres não nus como eles, mas que usavam roupas e calçados e que, com uma eficiente tecnologia, causavam uma veloz supressão do habitat. Na imagem, os bugreiros e os índios capturados em processo de pacificação.
Fonte: Fundação Cultural de Blumenau / Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / Bacca, Lauro Eduardo: Meio ambiente em Blumenau: da Pré-história à História p. 19-56. Revista Blumenau em Cadernos – Edição Especial 1957-2007. Tomo XLVIII. Número 11/12
fonte: https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/fundacao-cultural/fcblu/memaoria-digital-os-bugreiros59
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As tropas de bugreiros compunham-se, em regra, de oito a quinze homens. A maioria era aparentada entre si. Atuavam sob a ação constante de um líder, que tinha sobre o grupo pleno poder decisão. As referências que logramos obter sobre essas tropas indicam que a quase totalidade era formada por caboclos, conhecedores profundos da vida do sertão. Ao formar um grupo, o líder não tratava apenas de prestar serviços às colônias e seus habitantes. Também viajantes, tropeiros e agrimensores utilizavam-se constantemente dessas tropas para sua proteção quando necessitavam atravessar ou permanecer em territórios onde a presença indígena era freqüente. Quando os bugreiros eram chamados por colonos, pelos administradores das colônias ou pelo governo para realizarem expedições de afugentamento do selvagem, eles se preparavam verdadeiramente para uma expedição de guerra. Eduardo Hoernhan, em relatório apresentado ao Serviço de Proteção aos Índios, assim os descreve: “Infinitas precauções tomam, pois é preciso surpreender os índios nos seus ranchos quando entregues ao sono. Não levam cães. Seguem a picado dos índios, descobrem os ranchos e, sem conversarem, sem fumarem, aguardam a hora propícia. É quando o dia está para nascer que dão o assalto. O primeiro cuidado é cortar as cordas dos arcos. Depois praticam o morticínio. Compreende-se que os índios acordados a tiros e a facão nem procuram defender-se, e toda heroicidade dos assaltantes consiste em cortar carne inerme de homens acobardados pela surpresa. Depois das batidas dividem-se os despojos, que são vendidos a quem der mais, entre eles os troféus de combate e as crianças apresadas”. (Santos, Sílvio Coelho dos. Índios e brancos no sul do Brasil – a dramática experiência dos Xokleng. Florianópolis: Edeme, 1973. p. 83-4.)
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