Manifesto pela Vida e pela Amazônia. Jornada Internacional Dorothy Stang

Nós, organizações políticas, sociais e religiosas, coletivos, movimento estudantil e instituições acadêmicas que defendemos a vida e a Amazônia, celebramos em 12 de  fevereiro a memória do martírio da Irmã DOROTHY STANG, assassinada há 17 anos pela ganância do latifúndio. 

Dorothy Stang está presente sempre através de nosso compromisso com a defesa da  vida dos povos, de seus territórios e da sua territorialidade. Assim, este é sempre um  dia de luta, de ecoar os clamores dos povos e da terra ameaçada pela ganância dos  grupos econômicos que promovem uma colonização predatória, etnocida e genocida,  que explora e destrói a floresta e seus povos. 

Na luta, também sonhamos e sabemos que é tempo de semear sementes de esperança. Com a força que herdamos das mulheres guerreiras, reinventamos a vida. A Natureza, para nós, vive e tem direitos. Buscamos e cremos no bem viver. Seguimos resistindo e  salvaguardando a casa comum para as futuras gerações em sintonia com a Ecologia  Integral, o plano de vida da Assembleia Mundial Pela Amazônia, Amazônia Centro do  Mundo e Encontro de Saberes Amazônia e Mudanças Climáticas e em preparação ao X  Fórum Social Pan Amazônico. 

Por isso, ecoamos o nosso clamor de repúdio diante: 

⮚ Do avanço da mineração, desde os garimpos ilegais às mineradoras  transnacionais que exploram a todo vapor o minério da região e que, há vários  anos, despejam lama, areia e mercúrio por toda a bacia Amazônica com suas  dragas garimpeiras. 

⮚ Da avassaladora derrubada de milhões de hectares de floresta, acentuada no  último período, que faz de Altamira e São Félix do Xingu os municípios campeões  de emissão de gases do efeito estufa, devido às derrubadas e queimadas nas áreas de reservas extrativistas, unidade de conservação e terras indígenas. 

⮚ Do envenenamento da terra pelos agrotóxicos, que continua em escala  ascendente sobre a terra e as águas do território amazônico. 

⮚ Das atitudes dos órgãos federais responsáveis pela reforma agrária no país, que  negociam terras de assentamentos com empresas mineradoras em troca de  fazendas, veículos e lucros na extração de minérios por essa empresa,  desapropriando centenas de famílias de trabalhadores rurais e agricultores  familiares. 

⮚ Do não cumprimento das condicionantes da hidrelétrica de Belo Monte e os  impactos ambientais, sociais e culturais provocado pela usina contra os povos do Xingu, a cada dia mais visíveis e com mais consequências ao território, confirmando-se a violação dos direitos humanos e ambientais. 

⮚ Do aumento da violência contra mulheres, crianças e jovens, destacando a  violência doméstica, moral, abuso e exploração sexual, feminicídios e homicídios  de crianças e jovens e estupro de vulneráveis. 

⮚ Da violação do direito à saúde, realidade não só da pandemia da COVID 19 no  estado do Pará totalizando hoje 678 mil casos confirmados e 17.513 óbitos como os 4.797.726 casos e mais de 111.207 mortos em toda Pan – Amazônia e,  reforçada pela terceira onda da Covid-19, que deu origem a outra variante (omicrôn) ocasionando o aumento do número de casos e também o desafio de  enfrentar o negacionismo da população diante as vacinas. 

⮚ Do desmonte e irregularidades no licenciamento dos setores de mineração,  agronegócio, energia e mega infraestrutura. 

⮚ Da crise climática que agrava enchentes, secas, incêndios e aumenta os casos de doenças em nossos territórios. 

⮚ Do racismo, da discriminação e da mentalidade colonial contra os povos  indígenas, afrodescendentes, populações humildes e a própria natureza.

⮚ Do autoritarismo, da criminalização e do assassinato de lideranças que  defendem seus territórios. 

⮚ Do patriarcado que, junto com o capitalismo, o racismo, o machismo e a  misoginia estruturam as desigualdades em nossa sociedade. Essas desigualdades  se agravaram durante a pandemia, com o registro de um maior número de  mulheres desaparecidas e altos índices de feminicídio e o descaso nos serviços  de saúde. 

⮚ A crise do sistema político, que contribui para a proliferação de governos  corruptos, apegados ao poder, que minam a democracia e são incompetentes  para responder a múltiplas crises. 

É nessa realidade tão gritante que se faz urgente restabelecer a harmonia entre os  seres humanos e a natureza, entre os indivíduos e suas famílias, entre a sociedade e o  Estado. 

Por isso, os povos do Xingu, populações negras, indígenas, ribeirinhos, extrativistas,  pescadores/as, povos das águas, da Transamazônica, vicinais, pequenos agricultores, junto com as organizações sociais, femininas, ambientais, culturais, religiosas e  defensoras dos direitos humanos e dos direitos da natureza, queremos na Semana Memorial de Irmã DOROTHY STANG fortalecer a defesa da Vida para salvaguardar nossa  casa comum, nossa Amazônia. 

Queremos SEMEAR as sementes de ESPERANÇAS e fazer RESSOAR: 

✔ A solidariedade e a ação urgente para o enfrentamento da emergência sanitária  e importância das vacinas diante das várias endemias e pandemias.

✔ A defesa e a garantia dos planos de vida e das culturas dos povos indígenas e  demais populações que aqui habitam.

✔ Favorecer as economias locais em pequena escala e ciclos de produção e  comercialização que respeitem nossos ritmos, saberes tradicionais e relações  com a natureza. 

✔ Que pare AGORA o desmatamento e a degradação da Amazônia.

✔ A suspensão e proibição de atividades, investimentos e projetos predatórios de  mineração, petróleo, mega-hidrelétricas e pequena central hidrelétrica (PCHs),  agronegócio, infraestrutura e outros na Amazônia. 

✔ Denunciar as empresas transnacionais que incentivam a destruição da  Amazônia em seus países de origem e exigir a garantia do cumprimento dos  direitos humanos e da natureza nas cadeias de valor. 

✔ Pressionar os governos e conscientizar os consumidores para que não  alimentem mais processos de destruição na Amazônia. 

✔ O cancelamento total do projeto da mineradora Belo Sun na Volta Grande do  Xingu. 

✔ Proibir o uso e expansão de sementes transgênicas e agrotóxicos que favorecem  a expansão da fronteira agrícola e a destruição da floresta. 

✔ Rejeitar a entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio entre a União Europeia  e o Mercosul por seus graves impactos na Amazônia.  

✔ Reconhecer e fortalecer a contribuição das mulheres na defesa de sua  identidade e cultura no âmbito da luta dos povos pan-amazônicos e garantir a  igualdade de gênero na participação política em todos os espaços decisórios. 

✔ Exigir que bancos e fundos de investimento de países desenvolvidos e  emergentes suspendam o financiamento de atividades extrativistas, produtivas  e comerciais como a pecuária intensiva, monoculturas e outras que nos  aproximam do ponto de não retorno dos ecossistemas. 

✔ Transformar as economias, formas de produção, consumo e desperdício dos  países desenvolvidos e das elites dos países em desenvolvimento para deter a  destruição da Amazônia. 

✔ Mudar nossa relação com a natureza reconhecendo os direitos da natureza e  estabelecendo legislações e mecanismos em nossos países para evitar a  ocorrência de novos ecocídios como o que a Amazônia vive hoje. 

✔ Exigir metas mais ousadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa  dos países desenvolvidos e emergentes. 

✔ Capacitar os povos indígenas e a sociedade civil para monitorar e auditar as  contribuições de redução de emissões relacionadas à Amazônia.

✔ Rejeitar falsas soluções de mecanismos de mercado de carbono e tecnologias de  sequestro de carbono que apenas aprofundam as causas que nos levaram a esta  grave crise climática. 

✔ Acabar com a criminalização e assassinatos de lideranças indígenas e de defensores da natureza. Fortalecer os mecanismos culturais dos povos para  coibir a violência contra eles. Ação urgente das instâncias de direitos humanos  da ONU para que os Estados assumam compromisso contra a impunidade  nesses casos. Promover a implementação do acordo de Escazú, e sua ratificação  por todos os países da região. Incidir sobre o Pacto de Letícia. 

✔ Promover o autogoverno dos territórios e a governança inclusiva.

✔ Fortalecer a autonomia e o autogoverno territorial dos povos indígenas e  amazônicos em geral, como formas legítimas de poder público social coletivo, bem como seu reconhecimento legal e apoio orçamentário pelos estados  amazônicos. 

✔ Aplicação do direito ao consentimento prévio, livre e informado aos povos  indígenas. 

✔ Democratizar o acesso direto aos recursos nacionais e internacionais pelos governos autônomos dos territórios indígenas para uso adequado, oportuno e  efetivo para enfrentar as diferentes pandemias que afligem a Amazônia. 

✔ Fortalecer as instâncias jurisdicionais nacionais, regionais e locais de defesa dos  direitos dos povos indígenas e da natureza para que haja justiça pronta e  efetiva. 

✔ Promover a adoção de marcos regulatórios que garantam a proteção dos  territórios dos povos isolados como corredores da vida nos países da bacia  amazônica. 

✔ Punir governantes como Bolsonaro, que promovem abertamente a destruição  da Amazônia. Exigir investigações do sistema internacional para julgar os  culpados do genocídio dos povos amazônicos. 

✔ Promover a mobilização dos povos do mundo para salvar a Amazônia da  ganância do capital. 

Reforçamos nossos compromissos: 

✔ Organizar rodas de cultura por meio da Educação Popular, da comunidade e dos  movimentos sociais para fortalecer a mobilização em defesa da Amazônia.

✔ Lutar contra as queimadas em todos os nossos países para evitar que a  Amazônia sofra mais um incêndio este ano devido ao fogo descontrolado  causado pela pecuária e pelo agronegócio. 

✔ Defender a justiça climática e ambiental. 

✔ Promover a sustentabilidade da vida como compromisso político, visando a  construção de um modelo justo e equitativo, cuja prioridade seja a vida humana  e da natureza, em uma relação interdependente e equilibrada. 

✔ Em defesa da vida das mulheres, livre de toda discriminação e violência.

✔ Fazer da defesa da Amazônia um dos principais eixos do combate à crise  climática. 

Cientes de nosso compromisso como guardiães da Amazônia e em memória do legado deixado por Irmã Dorothy Stang, continuamos a LUTAR, RESISTIR e EXISTIR para que a  AMAZÔNIA tenha vida plena. 

#DorothyStangPRESENTE  

Assinam e adesão:  

Mutirão Pela Cidadania 

Movimento Xingu Vivo Para Sempre 

Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Altamira Campo e Cidade – MMTA/CC.  COLETIVO DE MULHERES NEGRAS MARIA MARIA – COMUNEMA 

Coletivo de Mulheres do Xingu

Associação de Mulheres de Altamira e Região 

COMITÊ DOROTHY STANG 

DIOCESE DE XINGU – ALTAMIRA 

Fundação Viver Produzir e Preservar -FVPP 

Conselho Ribeirinho Médio Xingu 

Associação dos Moradores da Resex Verde Para Sempre 

CENTRO DE FORMAÇÃO DO NEGRO DA TRANSAMAZONICA XINGU – CFNTX COLETIVO AMAZÔNICO LESBITRANS  

COALIZÃO NEGRA POR DIREITOS 

Irmãs de Notre Dame de Namur Brasil 

Irmãs de Notre Dame de Anapu 

Comissão Pastoral da Terra- CPT Anapu 

Comitê de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual contra Criança e Adolescente  de Altamira 

MOVIMENTO MULHERES CAMPO E CIDADE- PARÁ 

SINTEPP REGIONAL XINGU 

AÇÃO POPULAR SOCIALISTA 

SOCIEDADE PARAENSE DE DIREITOS HUMANOS- SDDH-PA 

INTERSINDICAL – CENTRAL DOS TRABALHADORES  

Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB 

Comitê de Desenvolvimento Sustentável de Porto de Moz CDS-PM 

Oficina Território Livre 

Comissão Pastoral da Terra-CPT Anapu 

Comissão Diocesana Justiça e Paz – Diocese de Xingu-Altamira –CJP/ATM Comissão Justiça e Paz –CJP Regional Norte II 

Missionários do Verbo Divino 

Instituto Maria de Mattias  

Associação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo 

Conselho Indigenista Missionário- CIMI/ Xingu 

Pastoral Indigenista Diocese de Xingu- Altamira 

Pastorais Sociais da Diocese de Xingu- Altamira 

Conselho Diocesano de Leigas e Leigas do Xingu CDLB-XINGU 

Comitê em Defesa da Vida das Crianças Altamirense 

REDE ECLESIAL PAN-AMAZÔNICA – REPAM Brasil 

VIVAT INTERNACIONAL 

COMISSÃO BRASILEIRA DE JUSTIÇA E PAZ- CBJP 

COMISSÃO VERBITA JUSTIÇA, PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇAO – JUPIC Centro Popular de Formação Vida e Juventude 

Associação Defesa Direitos Humanos e Meio Ambiente -ADHMA 

Caritas Brasileira 

Movimento Nacional de Direitos Humanos – MNDH Brasil 

Fórum de Direitos Humanos e da Terra (FDHT), Mato Grosso 

Centro Burnier, Cuiabá MT 

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA Articulação pela Economia de Francisco e Clara (ABEFC) 

COMISSÃO PASTORAL DA TERRA- CPT Nacional 

Comissão Pastoral da Terra – CPT – Mato Grosso

Pastoral Carcerária Regional Oeste 2  

CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO- CIMI 

Associação Auxilium 

Centro Gaspar Garcia de Dhs 

Centro de Direitos Humanos de Sapopemba-CDHS 

Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil 

Fórum Ecumênico e Inter-religioso do RS 

Fórum Ecumênico Act Brasil – FE ACT BRASIL 

Fundação Luterana de Diaconia – Conselho de Missão entre Povos Indígenas – Centro de  Apoio e Promoção da Agroecologia (FLD-COMIN-CAPA) 

Coordenadoria Ecumênica de Serviço CESE 

Processo de Articulação e Diálogo Internacional PAD 

CDDH Maria da Graça Brás de Joinville 

Círculo Operário Leopoldense-COL 

Proame-Cedeca/ Rio Grande do Sul 

Grupo Pesquisador de Educação Ambiental, Comunicação e Arte, GPEA Rede Mato-grossense de Educação Ambiental, REMTEA 

Rede Internacional de Educação Ambiental e Justiça Climática, REAJA Observatório da Educação Ambiental, OBSERVARE 

FASE- MT 

Grupo Tortura Nunca Mais Bahia – GTNM-BA 

Serviço de Paz – SERPAZ 

Nuances – Grupo pela livre expressão sexual 

Instituto Travessias Viamão RS 

Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente – São Leopoldo, RS Grito dos/das Excluídos/as 

Coalizão Negra por Direitos 

Coalizão Direitos Valem Mais 

Rede Jubileu Sul 

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras  Familiares 

Articulação Grito dos Excluídos e Excluídos de MT 

Ampliada Nacional e Secretariado para o 15° Intereclesial das CEBs do Brasil  Centro de Direitos Humanos dom Pedro Casaldáliga  

Centro de Pastoral para Migrantes  

Comitê de Povos e Comunidades Tradicionais do Pampa 

Serviço Inter-franciscano de Justiça, Paz e Ecologia (SINFRAJUPE) 

Koinonia Presença Ecumênica e Serviço 

Estudos e Ação Social Dom Helder Câmara – CENDHEC 

Centro Dom José Brandão de Castro – CDJBC 

Unidos pelos Direitos Humanos no Brasil  

Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos do Piauí – CEEDHPI Centro de Defesa Dos Direitos Humanos Nenzinha Machado – CDDHNM Centro de Defesa dos Direitos Humanos Mandu Ladino- CDDHML  

Centro de Defesa dos Direitos Humanos Helda Regina – CDDHER 

Fórum Estadual de Mulheres Piauiense 

Movimento de Apoio a Inclusão Social -MAIS

Núcleo de Direitos Humanos, Educação e Movimentos Sociais da UEG (NUDHEM/UEG) Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo CDHPF 

Movimento Nacional Fé e Política 

Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino 

Policiais Antifascismo 

Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil 

Instituto Brasil Central (IBRACE) 

Grupo Oxumare de Direitos Humanos de Negritude e LGBTTQIA + 

Associação Ipê Rosa LGBTTs 

Comissão de Justiça e Paz da Diocese dos Palmares – PE 

Coordenação das Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém. 

Grupo de Defesa da Amazônia – GDA 

Área Pastoral São Mateus do Maracanã- Santarém 

Movimento Tapajos Vivo 

Comissão de Justiça e Paz da Diocese de Santarém- CJP 

Associação Irmã Dulce dos Pobres 

Associação de Pesquisa e Patrimônio Histórico Cultural Alberto e Ema Boeing – APAHCAEB 

Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Sócio Ambiental, núcleo SC ODH Projeto Legal 

União de Entidades Comunitárias de Santarém 

CEBS da Arquidiocese de Santarém 

Comissão Regional de Justiça e Paz de Mato Grosso do Sul – CRJP/MS

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