A cena dói só de imaginar. É 7 de dezembro, na capital nigeriana Abuja, as autoridades organizam uma cerimônia sinistra e espetacular: a destruição sob as lagartas das escavadeiras de um milhão de doses da vacina AstraZeneca enviadas pelo Ocidente quando estavam muito próximas do vencimento para serem aplicadas. Um ato demonstrativo e abertamente polêmico: o país que com seus 206 milhões de habitantes é o mais populoso da África não concorda em ser considerado uma espécie de ‘sala das vassouras‘ do planeta, um grito de raiva do coração de um continente com um bilhão e 200 milhões de habitantes, dos quais menos de um quarto recebeu até agora pelo menos uma dose.
O comentário é de Francesco Ognibene, publicado por Avvenire, 18-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Projetada em escala global, o número já modesto é ainda mais reduzido: das 100 vacinações aplicadas no planeta, apenas 3,4 ocorreram em solo africano. Um enorme atraso que a Organização Mundial de Saúde tinha pensado em contornar com o lançamento do programa Covax para reequilibrar a difusão de vacinas, baseado no mecanismo virtuoso das doações das quais, no entanto, agora nos é revelada uma face realmente pouco altruísta. Será que a parte mais rica do mundo só pensou em se proteger?
Tínhamos pistas vistosas, porém agora podemos ver que fez isso não apenas deixando o resto da humanidade para trás tanto que o perdeu de vista, mas também se maculando como mesquinha com o cálculo de enviar as sobras (em vencimento) de um almoço já fartamente servido (e no caso dos no-vax inacreditavelmente rejeitado pelos beneficiários).
A denúncia da brutal injustiça de embalar como uma generosa doação medicamentos cuja inutilidade é quase certa não é “tendenciosa”, mas vem da ONU através da Unicef, que em um relatório ao Parlamento Europeu falou em 100 milhões de doses destruídas ou até mesmo devolvidas ao remetente por países pobres de todo o mundo por não possuírem o requisito mínimo que adotamos até mesmo na hora de comprar um iogurte: um prazo de validade que deixasse uma margem de tempo suficiente para não ter que eliminar o produto (que, aliás, teria sido melhor entregar com geladeira e seringas).
Que tipo de solidariedade é essa destinada a se autodestruir, não importa se por maldade ou desleixo? Serve para mostrar valores impressionantes – foi no domingo o anúncio de que o Covax ultrapassou o bilhão de doses enviadas até para os cantos mais esquecidos da terra – mas nem sempre atinge seu objetivo. E quando falha corre o risco de comprometer a credibilidade de todo o sistema. É, portanto, do interesse de todos, a começar pelos doadores mais sinceros, exigir que na ajuda aos pobres não haja a menor sombra de iniquidade, cálculo ou aproximação, atitudes que onde a pandemia ainda corre praticamente imperturbada acabam por trair a confiança na humanidade.
As mesmas cenas de Abuja – como Matteo Fraschini Koffi documentou nestas páginas em 15 de janeiro em uma preciosa matéria da capital senegalesa Dakar – se repetiram em outras partes da África, do Sudão do Sul ao Malawi, com taxas de vacinação ainda mais baixas do que na Nigéria, onde as barreiras contra o Covid atingiram apenas 5,86% da população, quando na Itália estamos praticamente em 90. Um desequilíbrio espantoso, ao qual a farsa das doses quase vencidas acrescentou um toque de insuportável vulgaridade.
A impressão de uma expansão da área de desequilíbrio infelizmente encontra confirmação e amplificação no Relatório que a Oxfam – associação global que luta contra o subdesenvolvimento – entregou ontem, como tradição, enquanto o Fórum Econômico Mundial se iniciava em Davos. Dois anos de pandemia mais que dobraram os dez maiores patrimônios do mundo, levando com o mesmo indiferente movimento global 163 milhões de pessoas ao limiar da pobreza, para a ravina da miséria. Como se o vírus tivesse se tornado um negócio inesperado para alguns homens, privando outros – infinitamente mais – até do essencial para sobreviver.
Mesmo os países em que vive a multidão de despossuídos mostram uma duplicação: mas se refere às taxas de mortalidade por Covid em comparação com as nações abastadas, aquelas que doam as vacinas quase vencidas, sofisticadas migalhas da mesa de Epulão. À nossa porta o abandono em que jaz Lázaro continua a nos julgar. Nem mesmo a pandemia, que há dois anos une a humanidade na mesma duríssima prova, consegue, portanto, mostrar que ele é nosso irmão?
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fonte: https://www.ihu.unisinos.br/615991-as-feridas-cada-vez-mais-abertas-as-acusacoes-da-unicef-e-da-oxfam
Oxfam acusa: a “variante bilionários” aumenta as desigualdades mundiais
Esses são os outros números da pandemia. O revés da medalha: por um lado vacinados e hospitalizados, pelo outro quem – alguns gigantes, antigos e novos, farmacêuticos e das biotecnologias – produzindo essas vacinas, salva vidas, mas também aumenta suas fortunas. E assim, ao lado do Covid, o vírus histórico das desigualdades voltou a galopar novamente após um 2020, o primeiro ano da era do Coronavírus, de relativa estase.
A reportagem é de Eugenio Fatigante, publicada por Avvenire, 18-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Se para muitos a luta contra a pandemia (com os respetivos fechamentos de atividades econômicas) comportou o empobrecimento financeiro, nestes 2 anos, os 10 homens mais ricos do mundo mais do que duplicaram seus patrimônios, de 700 para 1.500 bilhões de dólares, num ritmo de 15 mil dólares por segundo. No mesmo período, estima-se que 163 milhões de pessoas tenham caído na pobreza (ou seja, vivendo com menos de US$ 5,50 por dia) em comparação com o período pré-pandêmico. E as projeções dizem que, sem intervenções radicais, não é provável que se retorne à situação anterior antes de 2030.
As diferenças socioeconômicas também pioraram na Itália: nos 21 meses de pandemia entre março de 2020 e novembro de 2021, o número de bilionários italianos na ‘lista da Forbes‘ cresceu em 13 nomes, de 36 para 49. A família Ferrero (chocolate) é confirmada em primeiro lugar, seguida por Leonardo Del Vecchio, com Berlusconi ‘apenas’ em quinto lugar, precedido em terceiro lugar por aquele Stefano Pessina que muitos teriam dificuldade em reconhecer e que é um dos acionistas da Walgreens Boots Alliance, gigante na distribuição de fármacos.
Como todos os anos, a Oxfam, a confederação internacional de ONGs engajadas na luta contra as desigualdades, que está investigando essas diferenças sociais clamorosas que, por ocasião da abertura do Fórum Econômico Mundial, publicou ontem o relatório “A Desigualdade Mata”. Desde o início da emergência Covid-19, a cada 26 horas um novo bilionário se juntou a uma elite composta por mais de 2.600 super ricos, cujas fortunas aumentaram em 5 trilhões de dólares, em termos reais, também nos 21 meses levados em consideração.
Alguns produtores de vacinas entraram no grupo desses tios Patinhas, denuncia a Oxfam, que já em julho de 2021 havia falado sobre “O grande roubo de vacinas” e agora fala de ‘variante bilionários’: os monopólios detidos pela Pfizer, Biontech e Moderna permitiram que realizassem lucros de US$ 1.000 por segundo e criaram 5 novas realidades bilionárias.
No entanto, a desigualdade prolonga o curso da pandemia: apenas menos de 1% de suas vacinas chegaram a pessoas em países de baixa renda até agora. A porcentagem de pessoas com Covid-19 que morrem por causa do vírus nesses países é cerca do dobro das nações ricas, enquanto apenas 4,81% de sua população foi vacinada até o momento. “A desigualdade não é uma fatalidade, mas o resultado de escolhas políticas precisas – disse Gabriela Bucher, diretora da Oxfam Internacional, que, por isso, volta a propor a ideia de um imposto sobre os mais ricos -. Nunca foi tão importante intervir nas injustiças e desigualdades cada vez mais marcadas”.
Em vez disso, acontece que empresas como Pfizer/Biontech e Moderna cobrem uma dose até 24 vezes seu custo de produção, numa prensa que também vê os esforços dos países em desenvolvimento para derrogar sobre as regras da propriedade intelectual das relativas patentes na sede do Organização Mundial do Comércio (OMC). A consequência é que a falta de acesso a vacinas está aumentando ainda mais a distância entre países ricos e pobres e está atrasando a recuperação global.
No entanto, a Oxfam denuncia, tudo isso poderia ser inevitável: bastaria uma renúncia à OMC e uma injeção financeira que poderia custar menos de 10 bilhões de dólares. Um nada, por exemplo, para Jeff Bezos, o boss da Amazon, que durante a pandemia acumulou sozinho um superávit patrimonial igual a mais de 81,5 bilhões de dólares, que equivale ao custo total estimado da vacinação (duas doses e reforço) para toda a população mundial. “Já agora os 10 super ricos têm uma riqueza seis vezes superior à riqueza dos 3,1 bilhões de pessoas que são os 40% mais pobres da população mundial – afirma ainda Bucher -.
Mesmo que suas fortunas fossem reduzidas em 99,993%, eles ainda seriam membros titulados do top 1% global”. O vírus da desigualdade também atinge em particular as mulheres que, além de terem perdido um total de 800 bilhões de dólares em renda em 2020, enfrentam um aumento significativo do trabalho de cuidado não remunerado, que ainda hoje recai principalmente sobre elas.
“Os bancos centrais injetaram bilhões de dólares nos mercados para salvar a economia, mas muitos desses recursos foram para os bilionários que aproveitaram o boom do mercado acionário”, conclui Bucher. Também na Itália, a riqueza líquida total dos bilionários italianos que somava 185 bilhões de euros em novembro de 2021, aumentou de 56% (66 bilhões) em relação ao primeiro mês de Covid. E os 40 mais ricos hoje possuem o equivalente à riqueza líquida de 30% dos italianos mais pobres (18 milhões de adultos).
O relatório está disponível aqui.
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fonte: https://www.ihu.unisinos.br/615992-oxfam-acusa-a-variante-bilionarios-aumenta-as-desigualdades-mundiais
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A reportagem é de Eugenio Fatigante, publicada por Avvenire, 18-01-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Se para muitos a luta contra a pandemia (com os respetivos fechamentos de atividades econômicas) comportou o empobrecimento financeiro, nestes 2 anos, os 10 homens mais ricos do mundo mais do que duplicaram seus patrimônios, de 700 para 1.500 bilhões de dólares, num ritmo de 15 mil dólares por segundo. No mesmo período, estima-se que 163 milhões de pessoas tenham caído na pobreza (ou seja, vivendo com menos de US$ 5,50 por dia) em comparação com o período pré-pandêmico. E as projeções dizem que, sem intervenções radicais, não é provável que se retorne à situação anterior antes de 2030.
As diferenças socioeconômicas também pioraram na Itália: nos 21 meses de pandemia entre março de 2020 e novembro de 2021, o número de bilionários italianos na ‘lista da Forbes‘ cresceu em 13 nomes, de 36 para 49. A família Ferrero (chocolate) é confirmada em primeiro lugar, seguida por Leonardo Del Vecchio, com Berlusconi ‘apenas’ em quinto lugar, precedido em terceiro lugar por aquele Stefano Pessina que muitos teriam dificuldade em reconhecer e que é um dos acionistas da Walgreens Boots Alliance, gigante na distribuição de fármacos.
Como todos os anos, a Oxfam, a confederação internacional de ONGs engajadas na luta contra as desigualdades, que está investigando essas diferenças sociais clamorosas que, por ocasião da abertura do Fórum Econômico Mundial, publicou ontem o relatório “A Desigualdade Mata”. Desde o início da emergência Covid-19, a cada 26 horas um novo bilionário se juntou a uma elite composta por mais de 2.600 super ricos, cujas fortunas aumentaram em 5 trilhões de dólares, em termos reais, também nos 21 meses levados em consideração.
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Mesmo que suas fortunas fossem reduzidas em 99,993%, eles ainda seriam membros titulados do top 1% global”. O vírus da desigualdade também atinge em particular as mulheres que, além de terem perdido um total de 800 bilhões de dólares em renda em 2020, enfrentam um aumento significativo do trabalho de cuidado não remunerado, que ainda hoje recai principalmente sobre elas.
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