Apelo da Caritas Internationalis por solidariedade global com o Haiti

Dois haitianos passam por uma igreja destruída durante um terremoto em Les Anglais (Foto AFP/Louissant Jr)

O primeiro ministro do Haiti, Ariel Henry, decretou três dias de luto nacional em recordação das vítimas do terremoto ocorrido no último sábado. Segundo um balanço ainda provório divulgado pela Administração da Proteção Civil haitiana, os mortos são ao menos 1.419 e os feridos 6.900 feridos, sem falar nos grandes danos. “Hoje, mais do que nunca, é necessária uma demonstração de solidariedade global, para ajudar às vítimas desta crise”, diz a Caritas Internationalis.
 

Vatican News

Após o terremoto do último sábado,  14, que ceifou a vida de ao menos 1.400 pessoas, a Caritas Haiti mobilizou suas equipes para levar ajuda às áreas atingidas, sobretudo as Dioceses de Jérémie, em Grande-Anse, a de Les Cayes e Nippes. Mais de mil casas e prédios desabaram ou foram seriamente danificados, incluindo igrejas, escolas e hospitais.

O padre Jean-Hervé François, diretor da Caritas Haiti, declarou que “toda a rede da Caritas Haiti, de modo especial as equipes de emergência, estão participando das operações de coordenação e socorro nos lugares mais atingidos pelo sisma. As necessidades da população são imensas: faltam comida, água, barracas, kits de higiene e primeiros socorros”.

 

Por sua vez, o secretário-geral da Caritas Internacionalis, Aloysius John, afirmou que “assistimos com compaixão e tristeza a mais um desastre natural que afeta a pobre nação do Haiti, após o trágico terremoto de 11 anos atrás e os inúmeros ciclones e terremotos, que se seguiram. Em Les Cayes, a residência do cardeal Chibly Langlois, bispo da diocese e presidente da Conferência Episcopal do país, ficou danificada e o cardeal ferido. Um sacerdote que estava hospedado na Cúria episcopal morreu sob os escombros. O governo declarou estado de emergência por um mês. Além disso, a situação das operações de socorro torna-se bem mais difícil devidos às más condições das estradas e a pouca segurança. O terremoto ocorreu em um momento muito penoso para o país, que se encontra em uma crise política, desde que o presidente Jovenel Moïse foi assassinado em 7 de julho, sem contar o alto nível de insegurança e violência”.

A entidade – concluiu Aloysius – lançou imediatamente uma campanha de arrecadação de fundos para apoiar a obra da Caritas Haiti: “Hoje, mais do que nunca, é necessária uma demonstração de solidariedade global, para ajudar às vítimas desta crise”. É possível fazer doações pelo site: www.caritas.org/donate-now/haiti-earthquake-2021/.

 

Solidariedade do Conselho Mundial de Igrejas

 

O Conselho Mundial de Igrejas (WCC sigla em inglês) enviou uma carta ao povo do Haiti expressando suas condolências pelas vítimas do terremoto e assegurando suas orações pelos que perderam seus entes queridos e pelas incontáveis pessoas e Igrejas que estão trabalhando nas regiões atingidas pelo sisma.

“Os hospitais – recorda a mensagem – estão superlotados e os pacientes atendidos e tratados em tendas. Para agravar a situação, o Haiti está localizado no cone da tempestade tropical “Grace” e se teme que fortes ventos e tempestades possam causar inundações e deslizamentos”.

O secretário-geral adjunto do Conselho Mundial de Igrejas, Rev. Odair Pedroso Mateus, afirma: “Devastado pelo terremoto de janeiro de 2010, bem como pelas crises econômicas e políticas que se seguiram, o povo haitiano volta a enfrentar, mais uma vez, sofrimentos e dificuldades. Ao mesmo tempo, se mobiliza com meios limitados para ajudar as pessoas envolvidas pela nova tragédia. Com razão, a raiva aumenta entre os que se sentem ameaçados pela violência da natureza e abandonados pelo Estado”.

Por fim, o reverendo Odair Pedroso Mateus expressa a solidariedade do Conselho Mundial de Igrejas com o povo haitiano e lança um apelo às suas Igrejas membros, para que ofereçam sua ajuda ao Haiti.

Vatican News Service – TC

 

fonte: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-08/caritas-internationalis-haiti-apelo-solidariedade-terremoto.html


 

“MUITA MISÉRIA, MUITA NECESSIDADE” RELATA MISSIONÁRIA BRASILEIRA NO EPICENTRO DO TERREMOTO NO HAITI

 
 

Pelo menos 1.419 mortos e 6.900 feridos são os últimos números oficiais do terremoto de magnitude 7,2 que atingiu o sul do Haiti no sábado 14 de agosto. Entre os mortos estão dois sacerdotes e entre os feridos está o Cardeal Chibly Langlois.

A Igreja latino-americana, assim como a Igreja universal, mostrou desde o início sua solidariedade, sua oração e sua disponibilidade para ajudar uma população duramente atingida pela pobreza, pela violência, o que levou ao assassinato do presidente do país em 7 de julho, e agora um terremoto que causou grande destruição.

A congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, fundada no Brasil por Barbara Maix, está presente no Haiti desde 1987. Atualmente eles têm duas comunidades, em Jeremie e Okay, na região onde ocorreu o epicentro do terremoto e onde as consequências foram mais graves, semeando um panorama de morte e destruição.

No momento são 4 religiosas, três brasileiras, Maria Inês Alves Sampaio, Beloni Luiza Monfardini e Eni Teresinha Azambuja da Silva, e uma haitiana, Estine Jean Charles. Até o momento, há dois religiosas haitianas que fazem parte da congregação. Junto com Irmã Estine, a Irmã Maria Mirca Cineia, que estuda teologia no Brasil, e duas noviças haitianas, também residentes no Brasil no momento: Dieula Samuel e Lourna Bony.

O terremoto atingiu exatamente quando as religiosas estavam tomando o café da manhã e embora suas casas ficassem muito danificadas, apenas uma delas ficou ligeiramente ferida. A Irmã Estine Jean Charles, que vive em Jeremie, relata a situação de destruição e morte e a chegada da tempestade tropical Grace, o que torna a situação difícil para o povo, que, segundo ela, “está na rua, não tem onde dormir e agora a chuva e o vento estão chegando”.

A religiosa reconhece que por enquanto não há muito que elas possam fazer, as fortes chuvas estão impedindo-os até mesmo de visitar seus vizinhos e os hospitais, que estão superlotados com pessoas feridas, mesmo no pátio, devido à falta de espaço dentro dos hospitais. Além disso, segundo a Irmã Estine, igrejas foram destruídas, inclusive a catedral local, que foi muito afetada.

A situação é bastante delicada na região de Okay relata a irmã Maria Inês Alves Sampaio, onde ela mora com a irmã Eni. O povo ainda estava se recuperando do furação Matthew, que em 2016 provocou grande destruição. Aqueles que tinham reconstruídos suas casas, agora com o terremoto vieram todas abaixo novamente, segundo a religiosa. Após o terremoto, as religiosas tem visitado algumas famílias, a única coisa que está ao seu alcance neste momento.

Segundo a irmã Maria Inês, falta de tudo, inclusive água e alimentos. Ele relata informações sobre a chegada de ajuda desde as Nações Unidas, Estados Unidos e outros países, assim como o sobrevoo de vários aviões, uma ajuda que ainda não chegou à população da região onde as religiosas moram. A irmã fala de uma situação de “muita miséria, muita necessidade”, insistindo em que “a fome agora vai chegar, porque desde sábado sem poder trabalhar, porque as mulheres e os homens saem para trabalhar todos os dias, na troca daquilo que eles plantam nos seus jardins para poder ter alguma coisa para comer”.

O trabalho das Irmãs do Imaculado Coração de Maria é na formação, acompanhando 4 jovens, e na pastoral, na visita às famílias, no trabalho com a juventude, a coral, as escolas bíblicas, a formação das lideranças das comunidades eclesiais de base, agroecologia para ajudar os pequenos produtores, escola de música, compartilhando a vida do povo haitiano.

Diante das consequências do terremoto e dos desastres naturais que vem acontecendo no Haiti, “os desafios são muitos também, devido à miséria, à carência de tudo”, afirma a irmã Maria Inês. Segundo a religiosa, “torna-se difícil até a parte da evangelização, porque pela questão cultural, eles esperam muito receber ajuda dos estrangeiros, e isso é um desafio muito grande”.

A missionária brasileira diz que o Haiti “é um país que não tem ainda como andar com as próprias pernas, não conseguiu encontrar um jeito. A questão econômica, política, muito complicada, haja visto o que aconteceu há pouco tempo com o assassinato do presidente”. Em referência ao trabalho da Igreja, a religiosa afirma que “é mais na linha da administração dos sacramentos”, destacando a grande precariedade em que vive a Igreja haitiana.

 

Por padre Luis Modino/ Equipe de Comunicação do Celam
fonte: https://www.cnbb.org.br/muita-miseria-muita-necessidade-relata-missionaria-brasileira-no-epicentro-do-terremoto-no-haiti/

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *