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Neste mês de agosto, em que comemoramos o Dia dos Pais, a Semana da Família, o movimento Respira Brasil intensificará a realização de atos, no período de 18 a 21 de agosto, em diferentes cidades do Brasil. O objetivo é refletir sobre os impactos da pandemia nas famílias e solidarizar-se com as famílias que foram dilaceradas pela anti-política da COVID-19 no Brasil.
O atual governo assume a família tradicional como eixo transversal em todos os seus ministérios. No entanto, a pandemia da COVID-19 revelou que a retórica política da proteção da família e das crianças é mais um dos discursos que não se reverte em políticas públicas que garantam às famílias dignidade, saúde, educação e autonomia financeira.
Quem são as famílias dilaceradas?
1) São todas aquelas que presentes nas estatísticas que apontam que atualmente no Brasil existem 14,4 milhões de pessoas desempregadas e 17,7 milhões de pessoas na pobreza. Estas pessoas fazem parte de famílias, eram responsáveis pela renda da casa. Sem ter onde morar, muitas foram para a rua e vivem de doações e caridade.
Os números do desemprego e da pobreza mostram que o atual governo não protege nenhuma família, sejam elas as consideradas “tradicionais”, sejam as famílias reais e plurais de nossa sociedade, constantemente atacadas pelo preconceito que o próprio governo estimula.
2) São todas aquelas que perderam um ente querido pela pandemia ou que precisa lidar com as sequelas deixadas pela Covid-19. Dados divulgados no dia 20/07/2021, na Revista The Lancet indicam que, no Brasil, entre março de 2020 e abril de 2021, aproximadamente 130.363 crianças e adolescentes brasileiros de até 17 anos ficaram órfãos por causa da COVID-19.
Segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19, o número de gestantes e de mães de recém-nascidos que morreram por COVID-19 mais do que dobrou em 2021 em relação à média semanal de 2020. No ano de 2020, foram registradas 453 mortes (10,5 óbitos na média semanal). Em 2021, até 7 de abril, foram registradas 289 mortes (22,2 óbitos na média semanal).
O atual governo propaga o discurso do ideal da maternidade e da mulher como a responsável pelo bem-estar familiar. Os dados da Covid-19 e a morte materna indicam um governo que não se preocupa com o bem-estar e o cuidado das mulheres gestantes. As políticas obstétricas revelam práticas políticas fundamentadas na misoginia e na total indiferença com os impactos da ausência materna na vida das crianças e de seus familiares.
Eis outro dado que revela que o discurso da família tradicional é revela-se em uma prática política anti-família.
O que precisamos para realizar o Ato?
Momento 1
1. Onde não há, mobilizar um grupo inter-religioso para preparar o Ato. Quanto mais diverso o grupo, mais poderemos mostrar a força da diversidade.
2. Coletivamente definir se o Ato será online ou presencial. Para isso, é fundamental levar em conta os índices de contágio em sua cidade.
3. Levantar informações sobre quem são as famílias dilaceradas em sua cidade – onde estão os pais sem filhos e filhas e filhos e filhas sem pais.
Momento 2
1. Em um lugar de grande circulação, organizar um painel ou varal com nomes ou fotografias das pessoas vitimadas pela COVID-19 (Importante ter a autorização das famílias para isso).
2. Divulgar com o card anexo, horário, data e local da realização do Ato, caso seja presencial. Se for online, divulgar no card o endereço e horário de transmissão do Ato.
3. No caso do Ato presencial, o painel e varal com nomes e imagens das pessoas falecidas precisa ser montado antes do Ato. Importante deixar material disponível (pincel atômico, papel) para quem desejar lembrar o nome de uma pessoa.
4. Dar tempo para que as pessoas presentes possam refletir individualmente ao olhar o mural e/ou varal. Após, convidar as pessoas a ficarem em círculo, preparar previamente pequenas orações, poemas e cantos que serão apresentados. Ao final, podem junto ao painel ou varal ou, então, depositadas, flores.
Momento 3
1. Ao longo da semana de 16 a 23/08, motivar crianças e adolescentes a escreverem cartinhas ou gravarem pequenos vídeos direcionados para os pais, mães, avós, avôs, tios e tias falecidos por COVID-19.
2. Divulgar as cartas e/ou vídeos nas redes sociais com a #RespiraBrasil #PaisSemFilhosEFilhosSemPais.
3. Motivar pais que perderam filhos e filhas pela COVID-19 a escrevam cartas ou gravem vídeos direcionados à pessoa perdida e divulguem nas redes sociais com a #RespiraBrasil #PaisSemFilhosEFilhosSemPais.
ATENÇÃO
- Todo cuidado é pouco quando começarem a acender as velas, portanto, atenção com bolsas, lenços, álcool em gel e outras coisas inflamáveis próximas ao local.
- É fundamental registrar a ação. Por isso, destaque pessoas do grupo para fazer fotos e vídeos desde a montagem até a ação. Circule as imagens imediatamente após o evento com as hashtags #RespiraBrasil #PaisSemFilhosEFilhosSemPais – isso ajuda a criar o impacto e dar velocidade à sua divulgação. Se conseguir articular mídias anteriormente para enviar as imagens seria ótimo.
- Essas ações devem ser adaptadas à sua realidade, considerando o espaço da cidade, as pessoas que participarão, as expressões religiosas locais ou a ausência delas. Tenha em consideração que essa ação se refere a perda de milhares de pessoas, então, respeito e atenção são muito importantes.
Pais sem filhos e filhos sem pai: quem deveria proteger, dilacera nossas famílias!