Atualização de 11/7 – Revista Fórum
Rodrigo Pilha é solto e se encontra com a família
Ativista passou mais de três meses preso por protestar contra Bolsonaro; Pilha denunciou com exclusividade à Fórum que sofreu tortura na prisão
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O ativista Rodrigo Pilha foi solto na noite deste sábado (10) e se encontrou com a família em Brasília (DF).
No final da tarde, Erico Grassi, irmão de Pilha comemorou nas redes a emissão do alvará de soltura: “VALEU A PRESSÃO! Saiu o alvará de soltura do @RODRIGOPILHA!!! A família e os advogados estão tratando dos trâmites burocráticos. Ainda não sabemos se ele irá hoje ou amanhã p/ casa!”.
Logo a seguir, a imagem de Pilha com a família ganhou as redes e foi compartilhada por diversos políticos e internautas.
O jornalista Rogério Tomaz, amigo de Pilha, postou foto do ativista já em casa, meia hora antes da final da Copa América entre Brasil e Argentina, com a camisa da Argentina: “O Rodrigo Pilha saiu meia hora antes do jogo e no final me ligou com a camisa do Crespo que dei de presente pra ele”.
Espancamento
Em 29 de abril, o Blog do Rovai revelou que Rodrigo Pilha, preso por estender uma faixa chamando o presidente Jair Bolsonaro de genocida, havia sido espancado e humilhado na prisão. Ele estava há exatos 41 dias detido, dormido no chão desde quando tinha sido privado de sua liberdade. Rovai conversou com diversas pessoas que têm proximidade com Pilha que não podia dar entrevistas e confirmou a informação que já havia sido publicada sem maiores detalhes num tuíte por Guga Noblat.
Enquanto esteve na Polícia Federal prestando depoimento, Rodrigo Pilha foi tratado de forma respeitosa, mas ao chegar no Centro de Detenção Provisória II, área conhecida como Covidão, em Brasília, alguns agentes já o esperavam perguntando quem era o petista.
A recepção de Pilha foi realizada com crueldade. Ele recebeu chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça. Enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia, e do qual a família e advogados têm a identificação, perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista. E dizia que Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara.
Prisão com base na LSN
18 de março de 2021. Com base na Lei de Segurança Nacional (LSN), da ditadura militar, o ativista Rodrigo Pilha e mais quatro militantes foram presos pela Polícia Federal em Brasília. O motivo da detenção: eles estenderam uma faixa contra o presidente Jair Bolsonaro com a palavra “genocida” escrita. O desenho da faixa era baseado em uma charge do cartunista Aroeira, que também foi alvo de pedido de inquérito pelo advogado-Geral da União e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, com base na LSN.
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fonte: https://revistaforum.com.br/politica/rodrigo-pilha-e-solto-e-se-encontra-com-a-familia/
São inúmeros os exemplos recentes de uso do Poder Judiciário, por seus próprios membros e órgãos auxiliares, para criminalização de movimentos e ativistas sociais desconsiderando o Estado Democrático de Direitos e as garantias constitucionais. Essa forma de intimidação e de perseguição política tem várias facetas, nenhuma delas democrática e jurídica. Todas elas usadas como forma de inibir ou impedir o exercício da cidadania e da crítica.
O caso de Rodrigo Pilha é um exemplo (há inúmeros outros). Preso de forma tortuosa e supostamente ilegal, foi torturado e maltratado no Sistema Penitenciário do Distrito Federal, censurado e impedido de se comunicar por meio de redes sociais e da imprensa, está sendo agora mais uma vez perseguido em uma forma flagrante de uso de instrumentos burocráticos para prolongar seu sofrimento e castigo. Não tendo como fazer Justiça, o Judiciário passa a ser instrumento de castigo.
Com prisão prolongada injustamente e ilegalmente, Rodrigo Pilha usa de uma ação extrema contra a própria vida para denunciar seu caso. A greve de fome é um caso extremo, quando não se tem outra alternativa.
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O ativista, preso desde 18 de março, chegou a escrever escreveu uma carta, em maio, na qual denunciou uma série de violações de direitos humanos que sofreu e que tem observado no cárcere.