Maria do Rosário apresenta projeto para que Estado identifique locais de repressão durante a ditadura
SUL21
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) ingressou na manhã desta quarta-feira (31), data que marca o golpe civil-militar de 1964, com dois projetos na Câmara dos Deputados que visam recompor a história e a memória dos crimes praticados pela ditadura militar, e sustar portarias do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que anularam anistias políticas concedidas entre 2002 e 2006 pelo Ministério da Justiça.
O PL 1156/2021 institui a responsabilidade do Estado Brasileiro em identificar publicamente lugares de repressão política durante a ditadura civil-militar (1964-1985) em todo o território nacional. O projeto tem como fonte o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, que, por sua vez, tem como pilar básico a Justiça de Transição no Brasil.
De acordo com o Projeto de Lei, caberá ao estado brasileiro tomar as providências para que locais onde a repressão política vitimou cidadãs e cidadãos, cometendo crimes de lesa-humanidade, sejam sinalizados por meio de placas e outros meios, de forma a preservar na memória da população um tempo que não deve voltar a assombrar a vida da sociedade.
Já o PDL 138/2021, tem objetivo de impedir que se anule em bloco a concessão de anistias políticas. Para Maria do Rosário, que foi ministra dos Direitos Humanos no governo de Dilma Rousseff, “a anistia política em forma de reconhecimento e reparo econômico é um aspecto essencial à democracias constituídas após transições políticas de regimes autoritários em que graves violações de direitos humanos foram cometidas, como é o caso do Brasil durante a ditadura militar de 1964 a 1985”.
Ambos os projetos, assinala ainda a parlamentar, estão previstos na Constituição Federal de 1988, que reconhece como um período de violações de direitos e perseguição política, como expressamente declarado nos Arts. 8 e 9 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Nos 21 anos de ditadura, o Brasil teve 434 pessoas mortas ou desaparecidas, sendo 191 execuções sumárias ou decorrentes de torturas. O Relatório final da Comissão da Verdade identificou 377 agentes do estado brasileiro como autores de graves violações de direitos humanos.