Um bispo na Bélgica afirmou que um membro do seu episcopado expressou discordância com o Vaticano sobre a bênção a casais homossexuais – proibida por Roma na segunda-feira.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 18-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Dom Johan Bonny, da Diocese de Antuérpia, escreveu uma carta aberta sobre a proibição da Congregação para a Doutrina da Fé, publicada no jornal De Standaard:
“Eu me sinto envergonhado pela minha Igreja. Eu principalmente sinto uma incompreensão moral e intelectual”, disse Bonny.
“Eu queria pedir desculpas a todos aqueles que sentem esse responsum como doloroso e incompreensível. Suas dores com a Igreja são as minhas hoje”, escreveu.
“O documento carece de base científica, nuances teológicos e cuidados éticos, em particular na passagem que afirma, ‘no plano de Deus não é remotamente possível semelhança ou mesmo analogia entre casamento heterossexuais e homossexuais”, ele escreveu.
“Eu conheço casais gays, em casamentos civis, com filhos, que formam uma família estável e harmônica, e que também participam ativamente da vida paroquial”, escreveu. “Alguns deles são empregados ativos da igreja. Eu sou muito grato a eles. Quem está interessado em negar que não é possível semelhança ou analogia com um casamento heterossexual aqui?”, continuou.
“O pecado é uma das mais categorias morais e teológicas mais difíceis de definir, e, portanto, uma das últimas é separar os indivíduos e a sua maneira de viver juntos”, disse Bonny
Bonny fez história em 2014 ao se tornar o primeiro bispo católico a pedir explicitamente que a igreja abençoasse casais do mesmo sexo. Participante do Sínodo sobre a Família de 2015, ele disse ao New Ways Ministry que era melhor que as questões LGBTQ não fossem levantadas no documento final desse evento com muito destaque, mas que ele iria pessoalmente abordar essas questões.
De acordo com o National Catholic Reporter, neste último artigo, Bonny sugeriu que o documento responsum do Vaticano “não chega nem ao nível do ensino médio” intelectualmente e “você vê percebe” pelos argumentos e lógica do documento.
Bonny acrescentou que a forma como a Igreja trata da igualdade no casamento “só pode ocorrer no contexto mais amplo da Ordem de Serviço para o Casamento, como uma eventual variação do tema do casamento e da vida familiar, com um reconhecimento honesto das semelhanças e diferenças reais”.
Notavelmente, devido à sua formulação contundente, Bonny aparentemente recebeu o apoio da Conferência Episcopal da Bélgica. Em um comunicado, a Conferência disse que os bispos do país “tomaram nota” da proibição da Congregação para a Doutrina da Fé:
“[Os bispos] percebem que isso é particularmente doloroso para muitos fiéis gays, seus pais e avós, suas famílias e amigos”.
“Durante anos, a comunidade da Igreja Católica de nosso país em todas as suas seções (bispos, padres, diáconos e agentes pastorais, teólogos, cientistas, políticos e assistentes sociais), junto com outros atores sociais, tem trabalhado por um clima de respeito, reconhecimento e integração. Muitos deles também estão comprometidos com uma instituição eclesiástica ou cristã. Os bispos incentivam seus associados a seguir por este caminho. Sentem-se apoiados na exortação Amoris laetitia, A alegria do amor, que o Papa Francisco escreveu depois do Sínodo dos Bispos de 2015: discernir, orientar e integrar; essas continuam sendo as palavras-chave mais importantes para os bispos”.
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Começa o Ano Amoris Laetitia. O Cardeal Farrell: “Ninguém será excluído dos cuidados da Igreja”
“Eu quero insistir no fato de que ninguém, nenhuma pessoa jamais será excluída do cuidado pastoral, do amor e da solicitude da Igreja”. O cardeal Kevin J. Farrell, Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, apresenta o Ano da Família Amoris Laetitia anunciado pelo Papa, que começará amanhã, solenidade de São José e quinto aniversário da publicação da exortação fruto do duplo Sínodo sobre a Família de 2014-15.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 18-03-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Em transmissão por streaming da Sala de Imprensa do Vaticano, o cardeal dos EUA é questionado sobre a recente resposta da Congregação para a Doutrina da Fé que proíbe a bênção de casais homossexuais. Um documento que tem suscitado um acalorado debate no mundo laico e eclesial e também um aberto dissenso por parte de dioceses mais progressistas, onde essas práticas já estão em vigor, como os Estados Unidos e a Alemanha.
Farrell, também Camerlengo e presidente da Comissão de Assuntos Reservados, amortece o debate: “Considero que seja muito importante que todos entendamos que a vida pastoral da Igreja está aberta a todas as pessoas. É essencial que nós estejamos sempre de braços abertos para receber e acompanhar todas as pessoas em suas diferentes fases da vida e nas suas diferentes situações”.
Porém, para o purpurado, deve-se compreender que, quando a Igreja fala de matrimônio, faz uma distinção entre “matrimônio sacramental” e “uniões civis“: “Não fala de outras formas de matrimônio“. E esta distinção, diz Farrell, “é muito importante quando se fala de bênção dos matrimônios. A bênção é sacramental e, portanto, ligada ao sacramento do matrimônio”.
“Isso não significa que aqueles que estão casados apenas na Igreja recebam os benefícios do cuidado pastoral”, esclarece o chefe do dicastério. “Existem muitas situações pastorais diferentes no mundo atual, em qualquer paróquia. Ainda há pessoas que não podem ter plena participação na vida da Igreja, mas isso não significa que não devam ser acompanhadas por nós e pelas paróquias. Acompanhamos todas as pessoas”.
Certamente, diz Farrell, neste “Anno Amoris Laetitia” muitas dioceses “têm programas” para a pastoral dedicados aos casais do mesmo sexo. E “há organizações e movimentos eclesiais que já trabalharam muitas vezes” com esses fiéis “e continuam a trabalhar diariamente e trabalharão sempre com eles”. O mesmo acompanhamento está reservado também para os casais divorciados e novamente casados: “A Igreja os acompanhará na esperança de que um dia vivam totalmente de acordo com o Magistério da Igreja”.
Com igual apreensão, o cardeal olha para as dificuldades vividas por milhares de famílias em tempos de pandemia, entre lockdowns, ensino à distância, desemprego e – segundo as estatísticas – um aumento de casos de violência doméstica, cujas consequências muitas vezes são pagas, infelizmente, pelas mulheres.
“É importante – ressalta Farrell – que nós, sacerdotes, juntamente com os leigos e os casais, tenhamos um sentido de responsabilidade nestes tempos. Não devemos esperar que os párocos entrem em contacto via zoom, mas sim que cada um se coloque a disposição, por exemplo, para as outras pessoas do mesmo edifício. Devemos nos sentirmos responsáveis pela comunidade”.
Isso é fundamental para superar aquela “sensação de solidão” que “gera frustração e na qual amadurecem as piores violências”, ressalta a professora Gabriella Gambino, subsecretária do Dicastério Leigos, Família e Vida, na mesa dos palestrantes junto com um casal de Arezzo, Valentina e Leonardo Nepi, que propiciou hoje seu testemunho.
A “solução” para esse isolamento físico e espiritual, segundo Gambino, é “criar oportunidades de compartilhamento”. Fala-se de iniciativas concretas, como pontos de escuta na paróquia a que as famílias podem recorrer, associações familiares, encontros online no Zoom para oferecer a pais e filhos a oportunidade de “poder narrar sua história”. “Todos nós precisamos poder falar de nossa vida”, ressalta a professora, inspirando-se em sua própria experiência como esposa e mãe de cinco filhos.
“É preciso de um espírito de comunhão para se fazer presente como Igreja”, diz Gabriella Gambino, “seria uma grande ajuda para superar o sentimento de solidão, fazer uma rede, criar laços de ajuda”. Nesse sentido, vários instrumentos pastorais já foram produzidos pelo Dicastério e por numerosas Dioceses.
Uma das principais iniciativas do “Ano Amoris Laetitia” será também uma série de dez vídeos em que o próprio Papa Francisco participará com algumas famílias de todo o mundo: “Junto com o Santo Padre elas vão falar sobre como vivem, sobre os aspectos da vida familiar de que fala Amoris Laetitia”, explica Gambino. Não se trata de pessoas perfeitas e modelos já prontos, mas de vislumbres da “vida concreta das famílias”. Aquelas “que vivem nas grandes cidades e têm que manter juntos os compromissos de trabalho e os compromissos escolares e extracurriculares dos filhos. Coisas que envolvem deslocamentos constantes de uma parte a outra da cidade, muitas vezes sem grande ajuda de parentes próximos”.
Para essas pessoas foram concebidas iniciativas multimídia, visto que é “quase impossível para elas participar em eventos paroquiais ou diocesanos”. “Todos os agentes pastorais – afirma ainda Gambino – devem ir ao encontro das famílias, encontrar novas maneiras, tempos e espaços para estabelecer um diálogo e cuidar delas”. Também estão incluídos os idosos, cujo “protagonismo eclesial” deve ser cada vez mais aproveitado.
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Mary McAleese condena decisão “cruel” sobre bênçãos de casais do mesmo sexo
A ex-presidente da Irlanda, Mary McAleese, escreveu ao chefe da Igreja Católica do país apelando a ele para “reconhecer a mágoa” causada pelo recente documento da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a bênção de uniões entre pessoas do mesmo sexo.
A reportagem é de Sarah Mac Donald, publicada em The Tablet, 18-03-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Em sua correspondência ao arcebispo Eamon Martin, vista pela The Tablet, a ex-chefe de Estado descreve a linguagem do Responsum de duas páginas sobre a bênção das uniões de pessoas do mesmo sexo como “gratuitamente cruel ao extremo”.
Sua correspondência ao arcebispo Martin estava acompanhada por uma carta que ela escreveu à The Tablet criticando o conteúdo do documento da Congregação e o Papa Francisco.
Admitindo que ela não esperava que a resposta ao dubium fosse positiva – “Eu não sou tão ingênua” – a professora McAleese acrescenta, porém, que não antecipou a “linguagem insuportavelmente perversa que só pode ter provocado mais dores de cabeça nos nossos filhos gays e em nós, suas famílias”.
“Dores e mágoas disparadas como um míssil do centro de governo da Igreja. Tolamente, eu ousava esperar que a linguagem pudesse refletir uma consciência crescente dos danos que a linguagem da Igreja já provocou.”
Na segunda-feira, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu uma resposta formal à questão sobre se a Igreja pode abençoar as uniões gays. Em seu Responsum sobre a bênção das uniões entre pessoas do mesmo sexo, ela concluiu que a Igreja não tem o poder de abençoar as uniões entre pessoas do mesmo sexo, pois era impossível para Deus “abençoar o pecado”. Tais uniões são “ilícitas”.
Embora a Igreja deva acolher as pessoas gays, escreve a Congregação, ela não deve abençoar suas uniões, pois todo reconhecimento sacramental poderia ser confundido com o matrimônio e poderia “aprovar e encorajar uma escolha e uma praxe de vida que não podem ser reconhecidas como objetivamente ordenadas aos desígnios divinos revelados”, afirma o documento.
Mary McAleese se refere a outra correspondência que ela enviou recentemente ao arcebispo Martin como presidente da Conferência dos Bispos da Irlanda, buscando o apoio da Conferência para a Declaração da Santidade da Vida e da Dignidade de Todos da Comissão Global Inter-Religiosa 2020, “que reconhece o dano causado a nossos irmãos e irmãs gays pela linguagem empregada historicamente dentro dos sistemas religiosos”.
“Agora, estou escrevendo novamente para perguntar se há alguém entre vocês disposto a reconhecer publicamente que a linguagem usada neste documento mais recente da Congregação para a Doutrina da Fé é gratuitamente cruel ao extremo”, desafia ela.
“Eu apelo ao senhor, por favor, reconheça a ferida que essas palavras da Congregação para a Doutrina da Fé e do Papa Francisco provocaram e continuarão provocando. O senhor representa um dos principais influenciadores da sociedade irlandesa.”
Ela destaca que a Igreja Católica na Irlanda administra 90% das escolas primárias do país e 50% das instituições de nível médio.
Crianças em idade escolar em escolas religiosas têm direitos de acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança. “O nosso governo é um Estado Parte dessa Convenção (assim como a Santa Sé) e, portanto, um protetor desses direitos”, destaca ela. “Entre eles está o direito de nossos filhos de não serem expostos a ensinamentos com palavras cruéis que levem à homofobia, por apresentarem casais do mesmo sexo como pecadores ipso facto e incapazes de receber a graça de Deus.”
Ela acrescenta: “Já sabemos a disfunção e os danos que esses ensinamentos causaram no passado e a mensagem do referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi um retumbante ‘Parem’. Vocês não ouviram?”.
Referindo-se aos esforços realizados recentemente por alguns clérigos e bispos para contestar a linguagem do documento da Congregação, ela diz que isso foi “encorajador”.
“A coragem deles é louvável. Existe algum vestígio de tal coragem episcopal aqui?”, pergunta ela aos bispos irlandeses, avisando que “sem isso não pode haver nenhum caminho sinodal genuíno, se esse caminho simplesmente volta para o ponto de partida, como a nota explicativa terrivelmente mal formulada da Congregação para a Doutrina da Fé para o responsum.”
A canonista afirma que a postura dos bispos irlandeses “é um mau presságio” para o caminho sinodal no qual, encorajados pelo Papa Francisco, eles estão convidando os fiéis a embarcar.
“É realmente um convite aberto, honesto e de boa fé para um diálogo de escuta, especialmente com aqueles que abandonaram a Igreja ou que estão por um fio de o fazer? Ou a sorte já foi lançada? É pouco mais do que um projeto mal disfarçado de Nova Evangelização, no fim da qual aqueles que discordam conscientemente de aspectos do ensino da Igreja sobre uma ladainha de questões bem repetidas serão convidados, nas palavras do recente documento da Congregação para a Doutrina da Fé, a ‘reconhecer a sincera proximidade da Igreja’ e a ‘acolher com disponibilidade os seus ensinamentos’?”, pergunta ela.
“Em outras palavras, não espere nenhuma mudança por parte do magistério, mas espere ser convidado a renovar a obediência a ele, apesar das suas opiniões em consciência. Se esse for o caminho sinodal, pode ter certeza de que ele já está fadado ao fracasso.”
Em sua carta à The Tablet, a professora McAleese relembra as palavras do Papa Francisco em 2013: “Quem sou eu para julgar?”, em resposta à pergunta de uma jornalista sobre os católicos gays.
Ela observa que o papa, ao usar essas palavras, evitou usar as palavras “cruéis” dos ensinamentos da Igreja sobre a homossexualidade e os atos homossexuais como “objetivamente desordenados” ou “intrinsecamente maus”.
“Mais recentemente, ele até pareceu apoiar as parcerias civis entre pessoas do mesmo sexo. Mas as aparências podem enganar, e as palavras podem aumentar as expectativas apenas para depois decepcionar”, escreve ela.
Ela observa que, encorajados pelas palavras faladas pelo Papa Francisco, alguns cardeais, bispos e padres ofereceram bênçãos a casais católicos que selaram casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo.
“É impossível imaginar o conforto espiritual, a esperança e o sentimento de inclusão que isso provocou. Também provocou a resposta fulminante desta semana da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a questão sobre se saber se a Igreja pode oferecer tais bênçãos. A resposta não é simplesmente um ‘não’ enfático e decepcionante. É uma ladainha de declarações de julgamento envoltas em uma linguagem melosa que pede que os gays católicos reconheçam a genuína proximidade da Igreja e recebam seus ensinamentos com abertura.”
Observando que o Papa Francisco deu seu consentimento a esse documento, ela diz que, com isso, ele deu uma resposta firme à sua própria pergunta: “Quem sou eu para julgar?”.
“Quando ele está em um avião conversando com jornalistas, ele é o papa populista que é alardeado como o grande reformador, um rótulo que ele parece apreciar. Atrás da sua mesa, está o papa que segue a velha linha dura.”
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