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O documento “O Povo não pode pagar com a própria vida” publicado, no último dia 11 de março, pelas instituições signatárias do Pacto pela Vida e pelo Brasil (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Ordem dos Advogados do Brasil, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, Academia Brasileira de Ciências, Associação Brasileira de Imprensa e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) vem contando com grande repercussão nacional e internacional.
Jornal Nacional
Na edição do dia 12 de março, o apresentador Willian Bonner anunciou que seis entidades da sociedade brasileira assinaram um Pacto pela Vida e pelo Brasil, entre as quais a CNBB. Os apresentadores do telejornal destacaram as medidas apontadas pelas seis entidades signatárias para estancar o avanço das mortes no país. Acesse o link aqui.
La Croix Internacional
Em sua edição de domingo, 15 de março, o jornal diário católico LaCroix dedicou parte de sua editoria Mundo para falar do documento. O jornal destacou que com quase 11,5 milhões de casos e 277.216 mortes, o Brasil superou a Índia como o segundo país mais atingido pelo COVID-19 globalmente.
“É hora de parar a escalada da morte e vacinar as pessoas, diz uma campanha criada pela conferência dos bispos católicos brasileiros e outras organizações da sociedade civil, à medida que o Brasil mergulha em mais uma onda macabra da pandemia COVID-19”, diz um trecho da matéria.
O jornal católico francês destacou ainda a origem do Pacto pela Vida e pelo Brasil, lançado dia 7 de abril de 2020, ainda no início da pandemia no país, no Dia Mundial da Saúde. O documento reconhecia, à época, que o “Brasil vive uma grave crise – sanitária, econômica, social e política – e que exige de todos, especialmente de governantes e representantes do povo, o exercício de uma cidadania guiada pelos princípios da solidariedade e da dignidade humana, assentada no diálogo maduro, corresponsável, na busca de soluções conjuntas para o bem comum, particularmente dos mais pobres e vulneráveis”.
VaticanNews
Quem também deu destaque ao documento foi o VaticanNews, em sua edição francesa. O site destacou que “diante do agravamento da pandemia Covid-19 no Brasil, onde atualmente ocorrem 11,3 milhões de infecções e mais de 270 mil óbitos, instituições e organizações se uniram para firmar um Pacto pela Vida”.
O VaticanNews deu ênfase aos amargos fatos apontados pelo documento: “o vírus circula de norte a sul do Brasil, as cepas sofrem mutações e se espalham, atingindo diferentes faixas etárias, atingindo os mais vulneráveis. Os pacientes estão morrendo com dores terríveis por falta de recursos hospitalares, enquanto os trabalhadores da saúde, depois de um ano na linha de frente, estão à beira da exaustão”. “Para os signatários deste documento, ‘não há tempo a perder, o negacionismo mata’ e as pessoas não podem continuar a ‘pagar com a vida’”, diz outro trecho da matéria.
Conheça a íntegra do documento:
Veja, abaixo, a íntegra do documento cujas versões em pdf, com as logos de todas organizações, pode ser encontrada aqui e em inglês aqui.
‘‘Maior responsável pela tragédia da pandemia é Bolsonaro’’, afirmam CNBB, governadores e entidades
Encontro virtual teve a entrega de documento ‘O povo não pode pagar com a própria vida’, elaborado pela CNBB, OAB e outras instituições.
A reportagem é de Felipe Mascari, publicado por Rede Brasil Atual – RBA, 15-03-2021.
O negacionismo e a omissão de Jair Bolsonaro ante a pandemia, foram amplamente criticados nesta segunda-feira (15), em evento organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento teve a participação de governadores, cientistas e entidades da sociedade civil. Para os participantes, em unanimidade, a tragédia causada pela covid-19, que já custou a vida de 278 mil brasileiros, tem o presidente da República como o maior responsável.
O encontro virtual teve como objetivo a entrega do documento “O povo não pode pagar com a própria vida” ao governador do Piauí e coordenador do Fórum Nacional dos Governadores, Wellington Dias (PT). A carta declara apoio aos esforços de governadores e prefeitos para garantir o cumprimento das medidas sanitárias de proteção, paralelamente à imunização rápida e consistente da população, neste que é o momento mais grave da crise causada pela pandemia.
A carta dos bispos afirma que “não há tempo a perder e negacionismo mata” e aponta o governo Bolsonaro como o “primeiro responsável” pela tragédia que assola o Brasil. “O vírus não será dissipado com obscurantismos, discursos raivosos ou frases ofensivas. Basta de insensatez e irresponsabilidade. Além de vacina já e para todos, o Brasil precisa urgentemente que o Ministério da Saúde cumpra o seu papel, sendo indutor eficaz das políticas de saúde em nível nacional, garantindo acesso rápido aos medicamentos e testes validados pela ciência, a rastreabilidade permanente do vírus e um mínimo de serenidade ao povo”, defende o texto.
Neste domingo (14), o Brasil bateu novo recorde na média móvel de mortes decorrentes da covid-19 dos últimos sete dias, com 1.831 óbitos diários em média. Em pleno domingo, foram oficialmente notificadas mais 1.138 mortes pela doença, o que totalizou 278.327 óbitos, desde o início do surto, há um ano.
Incompetência de Bolsonaro
Durante o encontro, governadores e representantes de entidades civis fizeram duras críticas a Bolsonaro. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, lembrou que a sociedade está “exausta, empobrecida e vive realidade aviltante”.
Ele ainda citou a provável saída do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, divulgada pela imprensa, desde ontem, e a recusa do convite por parte da cardiologista Ludhmila Hajjar para assumir a pasta, nesta segunda-feira. “O pior ministro da Saúde da história do país, no governo mais incompetente da história do Brasil, não será substituído por uma médica. Pois nenhum médico em sã consciência comprará a agenda política do governo. Bolsonaro trabalha para ver o Brasil pegar fogo e ver romper os limites da institucionalidade. Precisamos estar prontos para defender a democracia. A covid-19 mata, mas a irresponsabilidade na condução da pandemia, por parte de Jair Bolsonaro, mata também a nossa democracia”, alertou o presidente da OAB.
Governadores unidos
Os chefes estaduais de governo endossaram a culpa de Bolsonaro na ascensão da pandemia de covid no país e o colapso no sistema de saúde. Wellington Dias lembra que todos os estados enfrentam fila de UTI para atender as vítimas do vírus, o que comprova a necessidade de o Brasil aderir ao isolamento social, através de uma coordenação nacional. “Precisamos criar um movimento nacional para que os protocolos de proteção sejam cumpridos. Não adianta fazer o trabalho nos estados e municípios sem o apoio do governo federal”, disse o governador do Piauí. Ele listou algumas das medidas necessárias. “Precisamos de apoio para a área da saúde. O governo federal apresentou, em 2021, um orçamento com R$ 43 bilhões a menos que o ano passado. Destaco ainda o apoio às medidas sociais, como o auxílio emergencial. Ele ajudará a deixar as pessoas em casa. É preciso fechar bares e comércios, mas dar suporte às pessoas para que fiquem casa”, acrescentou.
Pauta única
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que os verdadeiros defensores da economia e dos empregos são os chefes de Estado que defendem a vida e a saúde. “Criar uma dualidade sobre as pautas é uma ideologia falaciosa, afastando o Brasil do rumo correto”, disse.
A carta das entidades, na avaliação de Dino, é um convite para um novo caminho a ser adotado pelos governos estaduais. “O problema do Brasil não está no ministro, vai além disso. Acreditar nisso é cair na armadilha do maior responsável pelo caos do Brasil. Precisamos endossar o humanismo, criar laços humanitários, porque é assim que se responde ao fascismo e sua política do ódio”, finalizou.
Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte, e Camilo Santana, governador do Ceará, ambos do PT, também atrelaram a tragédia da pandemia ao desprezo de Bolsonaro pela ciência. “Quando nós, governadores e prefeitos, adotamos medidas de restrição, fazemos pela absoluta necessidade e são avalizadas pela ciência”, explicou a governadora potiguar.
Entidade civil mobilizada
A carta da CNBB teve o apoio do presidente da Frente Nacional de Prefeitos, Jonas Donizetti. Em sua participação no evento, ele afirmou que a entidade endossa as medidas de restrição e o aumento de investimento público para garantir renda e dinheiro para quem gera emprego.
Já o presidente da Comissão Arns, José Carlos Dias, lembrou que o isolamento social é o único caminho para o Brasil reduzir seus números de casos. Ele alertou ainda para a lentidão na vacinação da população: apenas 9,7 milhões de pessoas já receberam a primeira dose de vacina contra a covid-19, ou seja, 4,5% da população. “Precisamos estar sensibilizados e nos unir por mais vacinas. Temos estrutura para vacinação em massa, o processo se arrasta com uma lentidão inaceitável. A inoperância e negacionismo matam e o governo federal é conivente com a tragédia nos abate, que se omitiu na compra das vacinas e propalou risco para quem se imunizasse”, criticou.
Ciências e imprensa
O presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, lembrou que, desde o começo da pandemia especialistas em saúde e ciência pedem medidas para salvar vidas. No entanto, tiveram seu clamor negado por Bolsonaro. “O governo não fez nada e continua a propagar opiniões negacionistas, oferecendo kit de cloroquina aos infectados, mesmo que ineficazes. O nosso manifesto é político e humanitário para lutar contra a insensatez que está causando muitas mortes no país. Devemos esperar até chegar a 300 mil mortos? Quantos aviões isso representa por dia?”, questionou.
Por fim, o jornalista Juca Kfouri, que representou a Associação Brasileira de Imprensa, disse que a salvação para o país é o impeachment. “A ABI defende o auxílio emergencial pelo tempo que for necessário e somos a favor do impeachment de Jair Bolsonaro. Conclamamos os governadores a pressionarem suas bancadas no Congresso Nacional. Maior do que a covid-19 é a pandemia chamada Jair Bolsonaro que assola o país.”
A carta endereçada aos governos estaduais, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF) é assinada, além da CNBB, pela OAB, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, Academia Brasileira de Ciências (ABC), ABI e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
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