Bolsonaro nomeia dois militares ao Comitê Nacional de Combate à Tortura

São eles o capitão Eduardo Miranda Freire, que forma parte da ala olavista do governo, e o coronel da reserva Valdir Campoi Junior, assessor da Secretaria Geral da Presidência que trabalha no decreto de flexibilização do porte de armas

Por Victor Farinelli – Revista Fórum

 

 

Dois militares serão os novos integrantes do CNPCT (Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), designados pelo presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (22).

Um deles é o capitão de corveta Edurardo Miranda Freire de Melo, intendente da Marinha e integrantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos – pasta que é comandada pela ministra Damares Alves. Segundo o Estadão, ele seria um dos integrantes da ala olavista das Forças Armadas e do governo.

O outro recém nomeado é o coronel da reserva Valdir Campoi Junior, que trabalha na Secretaria Geral da Presidência – sob as ordens do ministro Onyx Lorenzoni – como um dos assessores responsáveis por confeccionar o decreto para a flexibilização do porte de armas.

O CNPCT foi criado em 2013 pela então presidenta Dilma Rousseff. Possui 23 integrantes, entre os quais são 12 indicados por organizações da sociedade civil e as outras 11 por órgãos federais – não necessariamente as Forças Armadas. As indicações devem passar pelo crivo do presidente da República, figura responsável pelas nomeações.

fonte: https://revistaforum.com.br/politica/bolsonaro-nomeia-dois-militares-ao-comite-nacional-de-combate-a-tortura/


Expert em tiro e olavista são nomeados para área de Combate à Tortura

Presidente Jair Bolsonaro assina as nomeações. Valdir Campoi Junior é expert em tiro e Eduardo de Melo é aluno de Olavo de Carvalho

 

presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou, na segunda-feira (22/2), dois militares para o quadro de funcionários do Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT), ligado ao Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).

Um dos nomeados é Valdir Campoi Junior, oficial da reserva do Exército Brasileiro. Ele atua na secretaria-geral da presidência da República e tem certificação de instrutor de armamento e tiro, credenciado pela Polícia Federal (PF).

Campoi atuava no gabinete de Segurança Institucional. Em julho de 2020, porém, foi remanejado para a secretaria-geral da Presidência a fim de atuar diretamente na flexibilização do porte e da posse de armas no Brasil, uma das maiores promessas de campanha de Bolsonaro.

Outro nomeado para o CNPCT é Eduardo Miranda Freire de Melo, que também é militar. Melo é intendente da Marinha, atua no MDH e é ligado a grupos de apoiadores de Olavo de Carvalho.

Anteriormente, ele exerceu o cargo de secretário-adjunto do Ministério da Educação, durante a gestão de Ricardo Vélez. No entanto, foi exonerado do cargo em março de 2019.

Decretos de 19 de Fevereiro de 2021 – Decretos de 19 de Fevereiro de 2021 – Dou – Imprensa Nacional by Rebeca Borges on Scribd

fonte: https://www.metropoles.com/brasil/expert-em-tiro-e-olavista-sao-nomeados-para-area-de-combate-a-tortura


 

Camilo Vannuchi
CAMILO VANNUCHI – Colunista do UOL
 
 

Já pode chamar de regime militar?

  

25/02/2021 00h38

Na primeira noite, eles se aproximaram sorrateiros e ocuparam o Ministério da Defesa. Foi no governo de Michel Temer, em fevereiro de 2018, antes do dilúvio. General da reserva, Joaquim Silva e Luna rompeu um jejum de 19 anos, desde a criação da pasta, tradicionalmente ocupada por civis. Não dissemos nada. Sabíamos pouco sobre aquele ministério. Além do mais, tal indicação nos pareceu fazer algum sentido. Um militar para administrar as Forças Armadas, que mal poderia haver?

Na segunda noite, ainda sob Temer, eles voltaram mais animados. Dominaram a Abin, a Funai e até a chefia do gabinete da Casa Civil. Para comandar a Agência Brasileira de Inteligência foi nomeado o general Sérgio Etchegoyen, herdeiro de longa tradição verde-oliva, um dos raros militares a criticar publicamente a Comissão Nacional da Verdade por listar seu pai, Leo, e seu tio, Cyro, entre os violadores de direitos humanos citados no relatório final. Na Funai, o general de brigada Franklimberg Ribeiro de Freitas deixou a pasta um ano depois sob a acusação de ter contribuído para aumentar em 18% a mortalidade infantil nas populações indígenas durante sua gestão. Nada dissemos. Nem fizemos. Não somos indígenas. E, da Abin, preferimos manter distância segura.

Na terceira noite, ninguém precisou se esconder. Agora o presidente da República era um deles. De menor patente, é verdade, e um tanto indisciplinado, mas ainda assim um deles. O vice-presidente também. Quem sai aos seus não degenera, diz o ditado. Fato é que, na terceira noite, eles não apenas pisaram as flores e mataram nossos cães como acamparam no gabinete da Casa Civil e urinaram na porta para marcar território. Um militar na Casa Civil? Pois é, parece pegadinha de programa de TV, mas lá estava o desbragado Braga Netto, o mesmo general que assumiu o comando da intervenção militar no Rio de Janeiro, em fevereiro de 2018, dias antes do assassinato de Marielle. Respeitado no Exército como um militar “durão” e “experiente”, Braga Netto se orgulha de ter dado uns choques. De gestão. Mas não era só ele. Na mesma noite, a coordenação política é oferecida ao novo secretário de Governo, o general da reserva Santos Cruz, veterano da campanha no Haiti, que em pouco tempo passa o ponto para um general da ativa, Luiz Eduardo Ramos. Nem sequer ligamos.

Até que, um belo dia, um general assume o Ministério da Saúde em meio à maior crise sanitária da história do Brasil. “Agora vai”, comemoram alguns, depositando suas últimas esperanças na disciplina fardada. Autoridade para decretar lockdown? Assertividade para elaborar uma estratégia de ação? Celeridade para organizar uma logística infalível de distribuição de máscaras, oxigênio, leitos e vacinas? Nada! “A falta de virtú de Bolsonaro diante da crise sanitária mundial lhe garantiu um lugar entre os piores governantes do planeta”, escreve João Roberto Martins Filho, professor titular da UFSCar e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (ABED), no livro Os militares e a crise brasileira (Alameda, 2021), organizado por ele e com lançamento marcado para o próximo dia 16.

“Com tudo isso”, observa o professor, “os soldados continuaram solidários ao príncipe. Na ausência de movimentos sociais que pudessem requentar seu anticomunismo da guerra fria, militares palacianos e da reserva passaram a publicar cartas abertas ou escrever manifestos, onde o novo inimigo era o Supremo Tribunal Federal, acusado de procurar impedir Bolsonaro de governar. De uma hora para outra, brotou na caserna o interesse pelo Direito Constitucional, e o artigo 142 da Constituição, que define o papel das Forças Armadas, passou a ser interpretado como base para uma eventual intervenção militar ‘moderadora’. Nem um manifesto de 700 juristas, nem a manifestação do Supremo convenceram os generais do absurdo de sua doutrina.”

Em meio ao caos, um general acometido por uma grave doença degenerativa lança um livro de memórias reconhecendo que mediu forças com o STF ao exigir, via Twitter, a prisão do ex-presidente Lula faltando seis meses para a eleição. Dias depois, outro general é indicado para comandar a Petrobras. E, ao apagar das luzes do Carnaval que não houve, dois membros do Exército são nomeados para o Comitê de Combate à Tortura. Já pensou? A Terra plana capota. Vivemos num regime militar, não restam dúvidas. E já não podemos dizer nada. 

fonte: https://noticias.uol.com.br/colunas/camilo-vannuchi/2021/02/25/ja-pode-chamar-de-regime-militar.htm

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *