Uma campanha de ódio ameaça nossa irmã pastora Romi Bencke

Uma campanha de ódio ameaça nossa irmã pastora Romi Bencke

 

[…] “Somos chamados a amar a todos, sem exceção, mas amar um opressor não significa consentir que continue a ser tal; nem levá-lo a pensar que é aceitável o que faz. Pelo contrário, amá-lo corretamente é procurar, de várias maneiras, que deixe de oprimir, tirar-lhe o poder que não sabe usar e que o desfigura como ser humano. Perdoar não significa permitir que continuem a espezinhar a própria dignidade e a do outro, ou deixar que um criminoso continue a fazer mal. Quem sofre injustiça tem de defender vigorosamente os seus direitos e os da sua família, precisamente porque deve guardar a dignidade que lhes foi dada, uma dignidade que Deus ama.” (Papa Francisco em Fratelli Tutti, 241)

 

Nos últimos dias a pastora Romi Bencke, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, e secretária-geral do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs – CONIC, tem sido alvo de ameaças e ataques que colocam em risco sua integridade física e moral que devem ser tratadas com a seriedade que representam.

A pastora Romi Bencke é também membra fraterna e dedicada da Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo da CNBB, quem aprendemos a respeitar e admirar como irmã de fé cristã na luta pelos direitos humanos e no caminhar em busca da dignidade da pessoa humana e nos ensinamentos do Cristo.

As ameaças estão vindo principalmente de um grupo privado que tem se colocado recorrentemente e de forma grosseira contra o Ensino Social da Igreja, contra a doutrina da Igreja que se manifesta no carisma do reconhecimento dos Direitos Humanos notadamente desde a Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XXIII (1891), no carisma da renovação expressa no Concílio Vaticano II (1962-1965), e de todas as orientações que nos trouxeram os Papas de João XXIII e Paulo VI até Francisco.

Atacam os Papas e os Bispos condenando sua ação profética em defesa dos valores da vida de homens e mulheres, com igualdade e fraternidade, em sua orientação ecumênica pelo diálogo e comunhão das igrejas cristãs e de respeito a outras tradições religiosas, utilizando as redes sociais atuais.

O ódio que professam contra a modernidade, a democracia e os direitos, neste momento se vira contra a pessoa de uma religiosa, uma mulher, uma irmã, e ameaça sua vida e existência. A campanha que movem contra ela é repleta de notícias mentirosas, de montagens de fotografias falsas, de intimidações autoritárias e de um chamado à violência de uma Cruzada.

Tememos que esse ódio misógino e as ameaças que ele representa possam gerar condições contra a vida da pastora que neste ano está incumbida de uma missão muito importante na condução da Campanha da Fraternidade Ecumênica, que desde o ano 2000, une as igrejas cristãs que se congregam no CONIC e que neste ano tem por lema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”.

Convocamos pessoas de boa vontade e organizações eclesiais e sociais para criar uma rede de solidariedade e em defesa da pastora Romi Bencke a fim de preservar sua integridade física e moral, e como espaço de discussão, manifestação e compreensão do significado do que representa a dignidade da pessoa e os diretos de homens e mulheres à vida em abundância.

Além das orações e da fraternidade, essa rede de autoproteção deve também instar os Poderes constituídos a tomarem medidas protetivas, enquanto defensora de Direitos Humanos, para garantir a vida da pastora Romi e responsabilizar seus agressores.

Brasília/DF, 12 de fevereiro de 2021.

16º ano do martírio de Irmã Dorothy Stang

CBJP – Comissão Brasileira Justiça e Paz

CNLB – Conselho Nacional do Laicato do Brasil

CRB Nacional – Conferência dos Religiosos do Brasil

CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil

Igreja Episcopal Anglicana

Movimento Nacional Fé e Política

MNDH Brasil – Movimento Nacional dos Direitos Humanos

CPT Nacional – Comissão Pastoral da Terra

CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores

Pastoral Carcerária Nacional

PO Nacional – Pastoral Operária

6ª Semana Social Brasileira

PJMP – Pastoral da Juventude do Meio Popular

Pastoral do Povo da Rua – Nacional

CAIS – Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais

Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB

CEFEP – Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara

Setor da Mobilidade Humana da CNBB

Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil

JPIC – Justiça, Paz e Integridade da Criação do Verbo Divino

VIVAT Internacional – Brasil

Vida e Juventude – Centro Popular de Formação da Juventude

NESP – Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas

OLMA – Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano M. de Almeida

CRJP – MS – Comissão Regional Justiça e Paz do Regional Oeste 1/MS

CRJP – SP – Comissão Regional Justiça e Paz do Regional Sul 1/SP

Comissão Justiça e Paz de São Paulo

CJP-DF – Comissão Justiça e Paz de Brasília

CJPAOR – Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz de Olinda e Recife

CJP – Comissão Justiça e Paz da Diocese do Xingu – Altamira/PA

CPDH -Comissão de Promoção da Dignidade Humana-Arquidiocese de Vitória/ES

Comissão Diocesana Justiça e Paz de Barreiras – Bahia

Prelazia de São Félix do Araguaia/MT

Observatório Político da CBJP

Observatório de Finanças e Economia de Clara e Francisco da CBJP

Fraternidade Leiga Charles de Foucauld do Brasil

Pastorais da Ecologia Integral do Brasil

ABRA – Associação Brasileira pela Reforma Agrária

MMC – Movimento das Mulheres Camponesas

MNU – Movimento Negro Unificado

MOC – Movimento de Organização Comunitária

Movimento dos Focolares

Agência 10envolvimento

APGM – Associação Padre Gabriel Maire em Defesa da Vida

Associação para o Diálogo Interreligioso do Agreste de Pernambuco.

CNLB Regional Oeste 1/MS

CNLB da Arquidiocese de Montes Claros/MG

CADEIR – Comissão Arquidiocesana para o Diálogo Ecumênico e Inter-religioso, Florianópolis/SC

Cáritas Diocesana de Pesqueira/PE

Cáritas da Arquidiocese de Montes Claros/MG

Catequese Regional Noroeste da CNBB

Comissão de Direitos Humanos – ALEMG – Assembleia Legislativa do Estado MG

CDHPF – Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo

CADH Valdício Barbosa dos Santos “Leo” – Centro de Apoio aos DDHH/ES

CDDH Serra – Centro de Defesa dos Direitos Humanos da Serra/ES

CEBI ES – Centro de Estudos Bíblicos ES

CEBI MS – Centro de Estudos Bíblicos MS

CEBI MT – Centro de Estudos Bíblicos MT

CEBI Planalto Central – Centro de Estudo Bíblicos DF e Entorno

Centro da Juventude Santa Cabrini, Teresina/PI

Centro de Espiritualidade Padre Arturo, São Leopoldo/RS

Centro de Estudos Anglicanos – Setor acadêmico

Centro Loyola de Fé e Cultura Goiânia

Rede Celebra de Goiânia

Centro São José, Bairro Bom Jesus, Porto Alegre/RS

COL – Círculo Operário Leopoldense/RS

Coletivo Mateando com Paulo Freire, Novo Hamburgo – RS

Comissão Pastoral Episcopal p/ Ação Sociotransformadora Reg. Sul 3-CNBB/RS

ECC – Encontro de Casais com Cristo da Paróquia N.S. Lourdes, Arq. Goiânia/GO

Escola de Fé e Política Padre Sabino Gentili, Arq. Natal/RN

Escola de Fé e Política Dom Pedro Casaldáliga/PB

Fórum em Defesa da Vida -SP

Fórum Mundial de Teologia e Libertação

Grupo Tortura Nunca Mais – SP

Hernandez Lerner & Miranda Advocacia

Linhas de Sampa, Coletivo de Mulheres de SP, bordados como panfleto por DDHH

Marcha Mundial das Mulheres MS

Congregação das Irmãs de Santa Catarina VM

Missionária de Santa Teresinha

Missionária Serva do Espírito Santo

Missionárias do Sagrado Coração de Jesus

Pia Sociedade Filhas de São Paulo – Paulinas

Província dos Frades Dominicanos

Movimento de Fé e Política João Pessoa – Paraíba

Movimento Fé e Política – Três Rios-RJ

Comissão Estadual de Fé e Política do Espirito Santo

CEBs – Articulação da Arquidiocese de São Luís/MA

Paróquia Nossa Senhora Aparecida do Uberaba, Curitiba/PR

Paróquia Santa Rosa de Lima, Goiânia/GO

Paróquia São Cristóvão, Lajeado/RS

Catequese da Paróquia Santa Luzia, Diocese de Ji-Paraná/RO

Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém/PA

Pastoral Ação Social e Política da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe BH

Paróquia São João Batista (São José de Deus/Ribeirão das Neves) – RENSC BH

Pastoral Afro da Diocese de Apucarana/PR

Pastoral Afro de Três Rios RJ

Pastoral Carcerária do Regional Oeste 1/MS

Pastoral da Ecologia Integral da Arquidiocese do Rio de Janeiro

Pastoral da Saúde Arquidiocesana de Porto Velho, RO

Pastoral de Liturgia Paróquia São José Operário-Três Rios RJ

Pastoral social política e ambiental Paróquia NS Guadalupe

Prefeitura Municipal de Três Rios – Coordenação de Ensino Religioso

Rede de Cidadania Açailândia/MA

Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Partido dos Trabalhadores

Grupo de Leigos Beata Maria da Paixão, de Paranaguá/PR

CEC – Coletivo Estudos da Conjuntura/Grande Vitória ES

IMV – Instituto Madeira Vivo/RO

AMIMARSAN – Associação Michael Donizete Martins dos Santos, Londrina/PR

Movimento Ecumênico de Joinville/SC

Pastoral do Migrante/RO

Serviço Pastoral dos Migrantes, Ji-Paraná RO

Auditoria Cidadã da Dívida


O CONCÍLIO VATICANO II CONFIRMOU A NECESSIDADE DE AVANÇAR NA CAMINHADA ECUMÊNICA E NO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

 

Em 4 de fevereiro de 2021, completou-se dois anos desde a assinatura do histórico “Documento sobre a fraternidade humana para a paz mundial e a convivência em comum” entre o Papa Francisco e o Grande Imame de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib. O pacto não se tornou apenas uma pedra miliar nas relações entre cristianismo e islamismo, mas uma bússola para cultura do diálogo, da colaboração comum e do conhecimento mútuo entre diferentes religiões.

Dom Manoel João Francisco, presidente da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB. Foto: Comunicação CNBB

Aproveitando a data e a proximidade de lançamento da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE), republicamos uma entrevista concedida ao portal da CNBB, há um ano, pelo  bispo de Cornélio Procópio (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Manoel João Francisco. Na conversa, ele apresentou em quais documentos fundamentais da Igreja se assentam as bases para a promoção do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.

Segundo o bispo, a tentação da separação existiu desde os primórdios da Igreja. Sabendo desta dificuldade, nos disse dom Manoel, Jesus, antes de partir, reza ao Pai, pedindo que seus seguidores se mantenham unidos. “Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17,21).

O bispo de Cornélio Procópio informou que no início do movimento ecumênico, no começo do século XX, a Igreja católica não se envolveu. “Pelo contrário se opôs de forma muito dura”, disse. De acordo com dom Manoel, foi só com o Concílio Vaticano II (1962-1965) que aos católicos foi permitido a participação na caminhada ecumênica. “O que era antes proibido e até condenado, a partir do Concílio Vaticano II passou a ser incentivado como ‘sopro da graça do Espírito Santo’ e como ‘sinais dos tempos’ (UR nº 4)”, esclarece.

Segundo o decreto Conciliar Unitatis Redintegratio (UR) a Igreja entende por movimento ecumênico as iniciativas e atividades, suscitadas e ordenadas, segundo as várias necessidades da Igreja e oportunidade dos tempos, no sentido de favorecer a unidade dos cristãos (UR nº 4). “Não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente, da abnegação de si mesmos e da libérrima efusão da caridade” (UR nº 7)

O Concílio orienta também, segundo o bispo, que “sem dúvida, é necessário que os fiéis católicos, na ação ecumênica, se preocupem com os irmãos separados, rezando por eles, comunicando-se com eles sobre assuntos da Igreja, dando os primeiros passos em direção a eles. Mas, sobretudo, examinem, com espírito sincero e atento, o que dentro da própria Família católica deve ser renovado e realizado, para que sua vida dê um testemunho mais fiel e luminoso da doutrina e dos ensinamentos recebidos de Cristo, através dos apóstolos” (UR nº4).

Outro passo importante, segundo o presidente da Comissão para o Ecumenismo da CNBB, foi dado em 1995, pelo então Papa São João Paulo II em sua Encíclica “Ut Unum Sint”, na qual em vez da expressão “irmãos separados” ainda presente nos textos do Concílio Vaticano II, restabeleceu a expressão “Igrejas irmãs” (UUS 56), própria do primeiro milênio. Nesta mesma encíclica, São João Paulo II pede aos católicos que fujam “do desleixo no empenhamento pela unidade e, mais ainda, da oposição preconcebida ou do derrotismo que tende a ver tudo pelo negativo” (UUS 79).

No documento em preparação ao Jubileu do Ano 2000, “Na Chegada do Terceiro Milênio”, o mesmo Papa, afirmou sua convicção de que o testemunho dos mártires das diversas Igrejas cristãs fala aos nossos dias com voz mais alta do que os fatores da divisão. “A Igreja do primeiro milênio nasceu do sangue dos mártires. (…). No final do segundo milênio, a Igreja tornou-se novamente Igreja dos mártires. (…). O seu testemunho, dado por Cristo, até o derramamento do sangue, tornou-se patrimônio comum dos católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes. (…) O ecumenismo dos santos, dos mártires, é talvez o mais persuasivo (TMA 37).

Diferença entre ecumenismo e diálogo inter-religioso
O ecumenismo é o diálogo entre os cristãos que professam a fé em Jesus, na Trindade, no Mistério Pascal, na Redenção, na Graça, enfim, toda a fé do Novo Testamento. Já o diálogo inter-religioso, como a própria nomenclatura sugere, acontece entre as diferentes religiões (Budismo, Islamismo, Judaísmo, Xintoísmo, Cristianismo, etc).

 fonte: https://www.cnbb.org.br/o-concilio-vaticano-ii-consolidou-a-necessidade-avancar-na-caminhada-ecumenica-e-no-dialogo-inter-religioso/

 

 

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