O Jornal Nacional exibiu uma coletiva em que Eduardo Pazuello afirmou defender apenas o “atendimento precoce” contra a Covid-19. Em seguida o JN lembrou que, em live com Jair Bolsonaro, o general disse não existir “outra saída senão diagnosticarmos (a doença) o mais rápido possível e iniciar o tratamento precoce”
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247 – O Jornal Nacional desmentiu nessa segunda-feira (18) o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. O telejornal destacou que, em coletiva de imprensa na tarde, o titular da pasta negou ter defendido o chamado tratamento precoce contra o coronavírus. Em seguida o JN veiculou as imagens de Pazuello, também na coletiva, dizendo não defender a prática, mas, sim, o “atendimento precoce”. O ministro também afirmou nunca ter autorizado o seu ministério a fazer protocolo indicando medicamentos como a cloroquina.
Para demonstrar as contradições do ministro, o JN lembrou que, em live ao lado Jair Bolsonaro em 7 de janeiro, Pazuello defendeu o tratamento – e não atendimento – precoce do coronavírus. “Pazuello, o tratamento precoce… o que você acha?”, perguntou Bolsonaro. “É fundamental. Não existe outra saída senão diagnosticarmos (a doença) o mais rápido possível e iniciar o tratamento precoce o mais rápido possível”, respondeu o titular da Saúde.
O ministro passou a falar em “atendimento precoce”, conforme veiculado no JN, após os diretores colegiados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmarem que não existe tratamento precoce e nem medicamento contra a doença do coronavírus.
Na reportagem, o jornalista Marcos Losekann destacou que, “apesar das declarações de Pazuello de hoje, o Ministério da Saúde recomenda efetivamente o uso de medicamentos sem comprovação para o tratamento precoce da Covid”.
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Oficiais médicos da FAB são obrigados a receitar kit cloroquina em hospital do DF
Profissionais que se recusaram a adotar o protocolo relataram ao Metrópoles sofrer represálias e ameaças de afastamento. Aeronáutica nega
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Médicos do Hospital da Força Aérea Brasileira (HFAB) denunciaram pressão, coação e represálias para que a hidroxocloroquina seja receitada a pacientes com Covid-19 na unidade de saúde da Aeronáutica instalada no Lago Sul.
Segundo profissionais denunciaram ao Metrópoles, o diretor de Saúde da Aeronáutica emitiu um comunicado instruindo que seja receitado aos contaminados um “kit cloroquina”. O medicamento, comprado pelo governo federal, vem em saquinhos, em doses certas para o tratamento de cinco dias.
A Nota Informativa nº 17/2020, assinada pelo diretor, coloca como opção para o paciente o uso do medicamento. Porém, os médicos relataram à reportagem que todas as recusas em usar o remédio foram punidas com retaliações como transferências e mudanças de horário.
A circular (veja na galeria) determina que o “kit” tenha Sulfato de Hidroxicloroquina 400 mg comprimido. No entanto, os médicos acreditam que o medicamento não tem comprovação científica. Por isso, aqueles que se recusaram a fazer a prescrição horizontal foram punidos.
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O kit cloroquina tem cinco doses em saquinhos de plásticoMaterial cedido ao Metrópoles
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Documento encaminhado aos médicos determina o uso da cloroquina para quem solicitarMaterial cedido ao Metrópoles
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Profissionais do HFAB denunciaram situação ao MetrópolesMaterial cedido ao Metrópoles
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Médicos se recusaram a prescrever o kit cloroquina e relatam represálias Material cedido ao Metrópoles
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O kit cloroquina tem cinco doses em saquinhos de plásticoMaterial cedido ao Metrópoles
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Documento encaminhado aos médicos determina o uso da cloroquina para quem solicitarMaterial cedido ao Metrópoles
“A ordem é passar para todos os pacientes que solicitarem. Porém, quem não passa sofre retaliação. Mudam de horário, são retirados da triagem de Covid. A pressão está grande”, disse um dos médicos ao Metrópoles.
“Nem sei expressar o tamanho da humilhação”, diz outro profissional que atua na linha de frente do combate à Covid-19 no HFAB.
O outro lado
Por meio de nota, o Ministério da Defesa (MD) e a Força Aérea Brasileira (FAB) disseram que “todos os hospitais militares têm realizado esforços no combate ao coronavírus desde que foram reportados os primeiros casos no Brasil. Dessa forma, a readequação de funções e horários de atividades foram implementados de forma a minimizar os impactos da intensificação de atendimentos desde o início da pandemia”, diz o documento.
Além disso, na nota conjunta, o MD e a FAB negaram “punição ou retaliação às decisões tomadas pelos médicos no que diz respeito à prescrição ou não da citada medicação (cloroquina). “A escolha da prescrição de medicamento é inerente à atividade do médico assistente e ocorre mediante o consentimento livre e esclarecido, sendo o paciente monitorado continuamente durante o tratamento. O MD reitera que não indica medicamentos ou interfere na adoção de condutas por parte dos profissionais de saúde”, reiteraram.
Além disso, o ministério e a FAB informaram seguir as diretrizes do Ministério da Saúde (MS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto à prevenção, à testagem e às respostas médicas relacionadas à Covid-19. “Os pacientes com suspeita de exposição ao novo coronavírus ou com quaisquer sinais da doença, por mais leves que sejam, são direcionados ao isolamento e recebem o tratamento preconizado pelo MS”, informaram, ainda, por meio de nota.