É desumano continuar a morrer sozinhos. E não digam que não poderia ter sido feito de outra forma

“Aqui tocamos claramente o nível mais baixo de desumanização de que nossa civilização tecnológica é capaz. E não digam que não poderia ter sido feito de outra forma”, escreve por Giannino Piana, escritor, teólogo, ex-professor de Ética Cristã do Instituto Superior de Ciências Religiosas da Livre Universidade de Urbino e de Ética e Economia da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Torino, em artigo publicado por Huffington Post, 14-01-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Entre os aspectos mais graves da pandemia de coronavírus em que ainda estamos imersos, o mais dramático foi (e é) sem dúvida constituído pelo estado de abandono em que acabaram ficando, nos hospitais e nas casas de repouso, pacientes graves e idosos que se viram viver as últimas horas de sua existência sem o acompanhamento de seus familiares ou entes queridos que gostariam de ter por perto.

Todos ainda temos impresso nos olhos – e não poderemos apagar por muito tempo – a imagem daquela macabra procissão de caminhões militares que transportavam para cemitérios distantes dos locais de origem os caixões de várias pessoas falecidas sem poderem receber o último adeus dos seus parentes aos quais, por um determinado período, foi até impedido de participar de um rito de despedida. Sabe-se que a morte é uma experiência individual, que comporta um nível marcante de solidão, mas os modos as modalidades com que foi vivida (e ainda é vivida) por muitos idosos (e não só) neste momento de pandemia tem algo de preocupante.

ausência de um amigo que esteja ao seu lado, que lhe pegue pela mão ou lhe faça um carinho, torna tudo muito mais trágico e desolador. Sem falar no trauma dificilmente superável de quem soube da gravidade da situação do seu familiar, descobrindo mais tarde, talvez depois do momento em que havia ocorrido, a notícia do desaparecimento.

Aqui tocamos claramente o nível mais baixo de desumanização de que nossa civilização tecnológica é capaz. E não digam que não poderia ter sido feito de outra forma. Claro, a necessidade de proteger do risco do contágio ambientes delicados como aqueles que hospedam doentes e idosos, evitando a propagação do vírus, era uma precaução correta que precisava ser respeitada. Mas talvez uma maior inventividade pudesse ter encontrado formas viáveis de combinar as necessárias medidas de proteção à saúde com as não menos importantes exigências de garantir a proximidade das pessoas em sofrimento de seus entes queridos, sem esquecer que isso também faz parte (e em grande medida) do processo de cura.

Por isso, merece um elogio especial o Conselho da Região da Toscana que, instado pela Associação “Tutto è vita onlus” e pela Fundação Meyer, bem como pelo parecer da Comissão Regional de Bioética (CRB), que aprovou por unanimidade as propostas das secretárias da Saúde Simone Berrini e dos Assuntos sociais Serena Spinelli de uma série de medidas concretas que permitem que pacientes internados em hospitais, asilos e residências de saúde recebam visitas de seus familiares, respeitando as normas anti-Covid. As medidas previstas, que dizem respeito principalmente (mas não exclusivamente) a pessoas que sofrem de patologias graves ou de prognóstico grave e que já parcialmente estão em vigor, são o testemunho claro da possibilidade de dar um passo em frente no campo da humanização da assistência e merecem ser destacadas na esperança de que medidas semelhantes também possam ser tomadas em todo o país. O que está em jogo, é o nível de civilização da nossa sociedade.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606182-e-desumano-continuar-a-morrer-sozinhos-e-nao-digam-que-nao-poderia-ter-sido-feito-de-outra-forma


A vacina não é um bem comum

 

Não é difícil saber agora quem será a personalidade do ano 2021: a vacina anti-Covid! Estávamos esperando alguém simpático, algum tipo de benfeitor da humanidade. Ele acabou se revelando o resultado de segundas intenções e de lutas econômicas, junto com alguns pais gananciosos.

A reportagem é de Christian Chavagneux, publicada por Alternatives Économiques, 14-01-2021. A tradução é de André Langer.

No entanto, no início de maio, quando a Europa ainda estava presa em seu primeiro confinamento, seus dirigentes nos prometeram um mundo maravilhoso. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão EuropeiaCharles Michel, presidente do Conselho Europeu, e Giuseppe Conte, Emmanuel Macron, Angela Merkel e a norueguesa Erna Solberg assinaram um texto conjunto cheio de esperanças nas vacinas que virão: “Tratar-se-á de um bem público global único do século XXI”. E o presidente francês acrescentou que seria “um bem global da humanidade, e não propriedade de um ou de outro”. Oito meses depois, uma realidade totalmente diferente se impõe.

Instintos gananciosos

Um número poderia resumir o que está acontecendo agora: de acordo com o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), de 6 de janeiro, nada menos que 235 vacinas estão sendo pesquisadas. E não apenas pelas belezas da ciência!

Um grande desperdício de dinheiro porque não haverá espaço para tantos produtos, com os primeiros laboratórios vencendo nos primeiros meses deste ano. Mas muitos candidatos se lançaram na corrida: inventar um bem de que todo o planeta precisa e pago em parte com dinheiro público, a economia de mercado não pode fazer melhor!

O exemplo mais flagrante é dado por Stéphane Bancel, CEO da Moderna, quando, em sua recente entrevista ao Express, tenta justificar o motivo pelo qual o preço de sua vacina é muito maior do que o da BioNtech, na ordem de 20-30 dólares a dose segundo diferentes estimativas: “Nós não queremos maximizar o lucro nem o preço de venda, mas eu quero tornar a empresa Moderna sustentável”. Dito claramente: não reclame, eu poderia ter pedido mais, mas ainda assim tem que valer a pena!

O modelo de negócios dessas empresas de biotecnologia é investir enquanto esperam pelo produto milagroso que lhes fará ganhar muito dinheiro. Como explica Stéphane Bancel: “Desde a criação da empresa há dez anos, investimos quase 3 bilhões de dólares e nunca vendemos um único produto nem obtivemos um único centavo de lucro. Era importante gerar caixa para continuar a investir e desenvolver outras vacinas, outros tratamentos”.

Mesmo quando se trata de responder a uma pandemia global, e inclusive, como sublinha esta informação da BBC, quando o trabalho da Moderna foi pago com dinheiro público: rentabilidade máxima!

Mesmo que ainda haja áreas cinzentas a serem removidas, a estratégia de preços da AstraZeneca, baseada nas descobertas do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, visa vendas a preço de custo, de alguns dólares a dose, mas em um grande volume. Um comportamento menos ganancioso a priori.

A guerra dos Estados

Os Estados não se comportaram de forma a criar um bem comum global. Em vez disso, cada um queria ter certeza de que a vacina seria produzida primeiro em seu território. A China desenvolveu a sua própria vacina e a Rússia também. Os Estados Unidos deram a maior parte de seus subsídios públicos à Moderna, uma empresa americana. De acordo com analistas do Deutsche Bank, os americanos também pagaram à Pfizer e fizeram um seguro com pedidos da Sanofi.

Os europeus, por sua vez, deram prioridade aos laboratórios e start-ups locais: 300 milhões de doses encomendadas no final de agosto à AstraZeneca (produção na Alemanha, nos Países Baixos e Reino Unido), 300 milhões de doses em meados de setembro à Sanofi (França e Europa), 200 milhões no início de outubro à filial europeia da Janssen, 200 milhões em 11 de novembro à vacina alemã da BioNTech (mais 200 milhões neste mês de janeiro), e somente no final de novembro e meados de dezembro para pedidos, menores, para os americanos Moderna e Novavax. Sob as ternas palavras dos bens comuns, os dirigentes europeus entenderam que estavam comprometidos com uma guerra econômica!

Considerações puramente políticas também estiveram presentes em alguns países: a Hungria, tentando obter suprimentos dos russos para não depender dos procedimentos de uma União Europeia que denuncia seus ataques ao Estado de direito; ou o Irã, que prefere usar a vacina desenvolvida em Cuba.

Depois da iniciativa da Covax a seu favor, ainda não está claro como e a que preço os países mais pobres poderão ter acesso às vacinas.

Mesmo com uma pandemia ameaçando toda a humanidade, o espírito de concorrência supera o espírito de cooperação. Depois de economias paralisadas, centenas de milhões de empregos perdidos, desigualdades crescentes e dois milhões de mortes, a hubris vence. A economia de mercado não tem sentimentos.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606175-a-vacina-nao-e-um-bem-comum


 

200 mil mortos e contando…

 

Brasil ultrapassa a marca dos 200 mil óbitos por covid-19, e sanitaristas alertam que a tendência é que a doença ainda seja responsável por muitas mortes no país, mesmo com o início da vacinação.

 

A reportagem é de André Antunes, publicada por portal EPSJV/Fiocruz, 14-01-2021.

Na última semana o Brasil ultrapassou a triste marca dos 200 mil mortos pela covid-19 desde que a pandemia chegou ao país, em março do ano passado. No momento em que esta reportagem é escrita, o consórcio de veículos de imprensa que monitora os casos no país contabiliza 206 mil mortos pelo novo coronavírus – o que coloca o Brasil na segunda posição entre os países com maior número de óbitos pela doença, atrás apenas dos Estados Unidos.

Para se ter uma ideia, isso representa quase a soma de todas as mortes causadas anualmente pelas doenças isquêmicas do coração e doenças cerebrovasculares – que são as que mais matam.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2019, as doenças isquêmicas do coração mataram em média 110 mil pessoas a cada ano, enquanto as doenças cerebrovasculares mataram em torno de 100 mil pessoas por ano.

“É muito para uma doença só. Isso é muito grave”, alerta a presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Gulnar Azevedo. E completa: “O número de óbitos do Brasil é maior do que o da Índia, que tem uma população muito maior. Trata-se de uma doença transmissível e se fossem adotadas medidas de prevenção certamente conseguiríamos diminuir bastante esses números”, observa.

Para muitos sanitaristas, a marca é preocupante também por ter sido atingida em um momento em que a média móvel de mortes por covid-19 voltou ao patamar de agosto, auge da pandemia, e mês em que o Brasil ultrapassou a marca das 100 mil mortes pelo novo coronavírus.

Desde então, as medidas de isolamento social adotadas para conter o avanço do vírus foram sendo flexibilizadas por todo o país. Também chegou ao fim, em dezembro de 2020, a vigência do auxílio emergencial que contribuiu, pelo menos no começo, para que milhões de trabalhadores informais ficassem em casa em meio à pandemia.

“É triste a gente ter chegado a uma marca dessas, mas é triste também ver como isso não sensibiliza mais. A impressão que eu tenho é que grande parte da população ignora a magnitude desse dado. Muita gente circulando, viajando no Natal, nas festas de Ano Novo, e o aumento expressivo de casos que a gente vê agora é reflexo também do nosso comportamento enquanto sociedade”, critica Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (ICICT/Fiocruz).

E completa: “Mas claro que a gente tem um problema crônico desde o início da pandemia, que é a falta de um discurso único, de uma liderança que fosse capaz de guiar a população para o enfrentamento dessa doença. E aí a gente está falando não só do presidente mas de vários gestores públicos estaduais e locais também, muita gente comprou esse discurso negacionista, muita gente buscou uma solução fácil para o problema, que é complexo, que demanda soluções complexas e, no final, esse é o efeito que a gente vê”.

Para Maria Yury Ichihara, vice-coordenadora do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para a Saúde (Cidacs) da Fiocruz, o número é ainda mais cruel se considerado o perfil da maioria das vítimas.

“São mortes em populações mais vulneráveis que poderiam ter sido evitadas. Isso é o mais perverso, considerando que a maioria dessas 200 mil mortes aconteceu na população mais pobre, que não tem acesso a serviços de saúde, que precisa sair pra trabalhar, que não tem condição de moradia digna e não pode fazer isolamento social, vivem em periferias e em situações de adensamento urbano”, diz ela. E pondera: “Esse quadro teria sido ainda mais trágico se nós não tivéssemos no Brasil o Sistema Único de Saúde, que apesar de todo o não financiamento, apesar de todas as tentativas de desestruturação da atenção primária, do Mais Médicos, da diminuição dos leitos, de profissionais, foi um sistema que conseguiu segurar um pouco a escala da pandemia. Sem o SUS teríamos uma situação ainda mais grave”.

O que faltou?

Gulnar lembra que, em julho, a Frente pela Vida, composta por diversas entidades e organizações da saúde coletiva, produziram um plano nacional de enfrentamento à pandemia, que foi entregue ao Executivo e ao Legislativo, mas cujas recomendações não foram implementadas, segundo a presidente da Abrasco.

“Seriam medidas clássicas de saúde pública para lidar com uma doença que é altamente transmissível: distanciamento físico, uso de máscara, evitar aglomeração. Mas principalmente implementar um sistema de rastreio de casos suspeitos e de casos confirmados a partir de técnicas da vigilância epidemiológica, olhar todo mundo que teve contato, monitorar para que a pessoa com suspeita fique em quarentena até se ter certeza que não desenvolveu a doença. Ou seja, a gente tem que bloquear a transmissão, que é uma coisa que já se fazia há muito tempo em relação a doenças transmissíveis, mas que a gente não deu conta de fazer no caso da covid-19”, diz Gulnar.

Para ela também a resposta à pandemia teria sido outra caso houvesse um maior investimento no SUS. “A chegada desse vírus no Brasil coincide com um cenário em que o SUS vinha sendo muito atacado, principalmente a atenção primária, que atua junto com a vigilância epidemiológica para fazer esse trabalho de bloqueio de doenças transmissíveis. O Brasil tinha uma experiência boa nessa área, mas isso foi desestruturado – inclusive com o desfinanciamento da atenção primária, que fez com que muitas equipes fossem reduzidas”, ressalta a presidente da Abrasco.

Cenário preocupante

Boletim divulgado na última quarta-feira (13) pelo Observatório Covid-19 da Fiocruz mostra um quadro alarmante. Entre 21 de dezembro de 2020 e 4 de janeiro de 2021, 14 estados registraram taxas de ocupação de leitos de UTI para pacientes adultos de covid-19 acima de 70%.

As maiores taxas foram registradas no Amazonas (89,2%), Distrito Federal (88,7%), Mato Grosso do Sul (85,6%), Pernambuco (83%) , Amapá (81%) e Espírito Santo (80,7%).

Em seguida vêm os estados de Santa Catarina (77%), Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul (73,3%), Pará e Paraná (71,4%) e Bahia (71%).

Segundo o boletim, nove capitais registraram taxas de ocupação de pelo menos 80%: Belém (100%); Campo Grande (100%); Rio de Janeiro (99,8%); Macapá (94,4%); Manaus (89,4%); Boa Vista (83,3%); Belo Horizonte (80,5%); Vitória (80,1%) e Curitiba (80%).

Diego Xavier, do ICICT, se diz apreensivo com a tendência de aumento nos casos de covid-19 no contexto atual.

“Antes a gente tinha uma alternativa logística de remanejar paciente do interior para capital à medida em que a doença ia chegando. Agora não. Infelizmente a gente tem um aumento de casos de maneira bastante uniforme no território nacional, com vários estados encontrando dificuldades. Essa perspectiva nos traz bastante apreensão, porque a gente tem agora uma população desmobilizada, com cansaço da quarentena, temos equipes de saúde exaustas, com desfalques, dado que muitos trabalhadores da linha de frente morreram por covid; a gente não tem o recurso extra para esse ano até o momento, já que não se definiu uma ajuda emergencial para as pessoas, que inevitavelmente vão ter que voltar a trabalhar. E se isso acontecer, infelizmente, os casos vão continuar surgindo, os óbitos também, até que a gente consiga a vacina, que é um processo que sabemos que não vai ser tão rápido”, avalia.

Vacina não pode ser única solução, dizem especialistas

Na terça-feira (12), o Instituto Butantan divulgou a taxa geral de eficácia da CoronaVac, vacina contra a covid-19 que está sendo produzida pelo instituto em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac: 50,38%, número ligeiramente acima do limite de 50% de eficácia estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para um imunizante contra a covid-19.

Na próxima segunda-feira (18) termina o prazo estipulado pela Anvisa para análise da autorização para uso emergencial da CoronaVac e também da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que será produzida no Brasil pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (BioManguinhos), da Fiocruz.

“Em primeiro lugar, é preciso desmontar esse discurso de que a população não quer ser vacinada. A população quer sim ser vacinada. A população quer, merece e isso é uma atitude de cidadania, de direitos humanos, é preciso garantir o acesso para todo mundo”, pontua Gulnar Azevedo, para quem há um enorme desafio de garantir a logística e os insumos necessários para que a vacinação comece o quanto antes.

“Os estados e os municípios estão correndo atrás para garantir a distribuição e também os insumos necessários para a vacinação. Isso é uma resposta que eu acho que tem que ser colocada como importante”, diz a presidente da Abrasco.

Mas ela ressalta que apostar todas as fichas na vacina é um equívoco neste momento. “A gente está no meio da pandemia, com números em crescimento, e a vacina não vai ser dada para todos porque nem tem vacina para todo mundo ao mesmo tempo. Pessoas deixarão de ser suscetíveis à doença, mas o vírus não vai parar de circular. Então vamos ter que manter as outras medidas clássicas de saúde pública, o distanciamento físico, uso de máscara, não aglomerar”, recomenda a presidente da Abrasco.

Diego Xavier concorda. “Toda a discussão em cima da vacina está deixando de lado os cuidados que a gente precisa adotar para reduzir o número de casos – e isso inclui medidas impopulares sim, como o fechamento do comércio não essencial, por exemplo. A máscara tem uma eficácia, evitar aglomeração também tem uma eficácia, os cuidados de higiene também têm uma eficácia, a ciência já apontou isso. Mas a gente está discutindo a eficácia de uma coisa que a gente não tem ainda, como se isso fosse mais importante. Como se o agora e o número de óbitos acima de mil todos os dias não importasse, porque a vacina está chegando. Isso me deixa muito apreensivo”, destaca.

No Reino Unido, a campanha de vacinação contra a covid-19 iniciada no final de 2020 não foi suficiente para frear a escalada do número de casos, e na semana passada o país bateu o recorde de óbitos por covid19 em um só dia registrado desde o início da pandemia.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606169-200-mil-mortos-e-contando


AstraZeneca-Oxford, uma vacina milagrosa para os países em desenvolvimento?

Produzida em maior volume e a preço de custo, a vacina desenvolvida pela universidade e pelo laboratório britânicos deveria, a princípio, beneficiar principalmente os países em desenvolvimento.

A reportagem é de Thomas Abgrall, publicada por Alternatives Économiques, 13-01-2021. A tradução é de André Langer.

Em menos de uma semana, o horizonte subitamente se iluminou para a vacina da Oxford-AstraZeneca. No dia 30 de dezembro, a Agência Britânica de Medicamentos (MHRA) aprovou o seu uso. A campanha de vacinação de 100 milhões de doses pré-encomendadas pelo Reino Unido começou no dia 4 de janeiro.

De lá para cá, tudo aconteceu rápido: Argentina, El Salvador, México e Índia concordaram com a administração da vacina em “situações de emergência”, abrindo caminho para grandes campanhas de imunização em países de baixa e média renda.

Um ponto culminante para a equipe de pesquisadores do Instituto Jenner, centro de pesquisa da Universidade de Oxford fundado em 2005, que projetou o produto. Os pesquisadores começaram a trabalhar em meados de janeiro de 2020, assim que o sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 foi revelado.

Este resultado não é, na realidade, uma surpresa, pois há vários anos a equipe de cerca de 30 cientistas vem se preparando para o surgimento de uma “doença X”, uma futura pandemia. Desde 2012, tem desenvolvido pesquisas sobre vacinas candidatas usando uma versão enfraquecida do vírus do resfriado (adenovírus) como vetor viral, que geralmente infecta chimpanzés. Essa tecnologia foi usada durante as fases preliminares dos testes clínicos para desenvolver uma vacina universal contra a gripe, outra contra o Ebola e outras vacinas contra patógenos emergentes (vírus ZikaChikungunya…), mas nenhuma dela foi, até agora, aprovada principalmente porque várias dessas epidemias não são ativas o suficiente para conduzir os ensaios clínicos da fase 3.

Em 2016, os dois principais pesquisadores do Instituto JennerSarah Gilbert e Adrian Hill, decidiram patentear seu vetor viral, denominado ChAdOx, e criam a startup Vaccitech, a fim de levantar fundos para lançar novos ensaios com fins lucrativos, no modelo comprovado das universidades americanas. O principal acionista da empresa é uma sociedade de capital de risco intimamente ligada à universidade, chamada Oxford Sciences Innovation, que também inclui outros investidores como a Google Ventures e a Sequoia Capital China.

Das licenças livres de direitos às Big Pharma

Em janeiro de 2020, portanto, os pesquisadores reagem rapidamente: eles querem aproveitar as vantagens dos ensaios clínicos que realizaram em 2018 em Oxford com o ChAdOx no MERS, um coronavírus primo do SARS-CoV-2, identificado na Arábia Saudita em 2012. Eles dispõem, na Oxford, de uma pequena unidade de produção que lhes permite, em menos de duas semanas, fabricar um primeiro lote de doses da vacina candidata. Ao mesmo tempo, eles se mobilizam e entram em contato com meia dúzia de produtores desde fevereiro na Europa e na Índia para produzir a vacina candidata em maior escala.

“A Universidade de Oxford até queria inicialmente dar licenças não exclusivas e livres de direitos para fabricantes de todo o mundo, diz Ellen’t Hoen, diretora do Medicine Law & Policy, um grupo de pesquisa sobre a propriedade intelectual. Mas a equipe logo percebeu que eles próprios não tinham capacidade técnica para colocar em prática um plano de industrialização e, como o interesse pela vacina fora despertado, ela era fortemente incentivada pela Fundação Gates, ou mesmo pelo próprio Bill Gates, a firmar parcerias com um grande laboratório farmacêutico para acelerar a produção da vacina”.

Instituto Jenner foi sensível aos argumentos do bilionário americano, que já havia financiado vários de seus projetos, incluindo seus ensaios clínicos sobre o MERS, por meio da CEPI, uma fundação anglo-sueca criada em 2017 e financiada pela Fundação Gates para apoiar vacinas candidatas contra vírus emergentes. Em 2018, o Instituto Jenner recebeu 19 milhões de dólares em financiamento da CEPI, compartilhado com a Janssen Vaccine, subsidiária da gigante farmacêutica norte-americana Johnson & Johnson.

Em março, começam as primeiras negociações entre a Vaccitech, a Universidade de Oxford e o grupo farmacêutico americano Merck & Co. Mas elas esbarram em diversos obstáculos, segundo informações divulgadas pelo Wall Street Journal (WSJ). Sarah Gilbert e Adrian Hill, os pesquisadores do Instituto Jenner e acionistas de 10% da Vaccitech, querem uma vacina amplamente acessível, enquanto a Merck se recusa a produzir uma vacina a preço de custo. A Merck também propõe pagar à universidade apenas 1% em royalties, valor que a universidade considera insuficiente. Com um impasse nas negociações, os dois pesquisadores decidiram em abril encarregar um banco de investimentos londrino para encontrar outros parceiros.

As negociações avançam rapidamente com o grupo farmacêutico britânico AstraZeneca, até agora pouco especializado em vacinas, mas que tem ligações importantes com diversos produtores internacionais. Ela se compromete a vender cada dose a preço de custo “durante a pandemia”, sendo essa tarifa mantida “para sempre” para países de baixa e média renda. Os acionistas da Vaccitech, sob pressão da universidade, concordam em perder os direitos exclusivos da vacina, e uma licença exclusiva é concedida à AstraZeneca pela Oxford.

O acordo firmado em 30 de abril entre a universidade, a Vaccitech e a AstraZeneca vai acelerar o futuro ritmo de produção. Dois meses após o início dos primeiros testes clínicos na Grã-Bretanha em abril, a AstraZeneca assina contratos com diversos fabricantes em países em desenvolvimento: na China, Brasil, Argentina, México, Rússia e especialmente na Índia. Lá, a AstraZeneca fecha um acordo com o maior produtor mundial de vacinas, o Serum Institute of India (SII), para fabricar um bilhão de doses até o final de 2021, destinadas a países com renda baixa ou intermediária, incluindo a Índia.

O grupo britânico é hoje capaz de fornecer quase 3,5 bilhões de doses da vacina AZ1222, de acordo com a sociedade de informação e análise científica Airfinity. Esta é a maior capacidade anunciada até o momento entre as quinze vacinas mais avançadas. O modelo econômico da AstraZeneca consiste em vender vacinas mais baratas, mas em grande escala, enquanto seus outros concorrentes diretos, a Pfizer e a Moderna, optaram por produzir menos doses a um preço mais elevado.

Juntas, estas últimas anunciaram que serão capazes de fornecer um pouco mais de 2 bilhões de doses até o final do ano, 96% das quais serão fornecidas para um pequeno número de países de alta renda, segundo a ONG Oxfam, membro da People’s Vaccine Alliance. Por outro lado, 64% das doses da vacina da Oxford serão distribuídas aos países em desenvolvimento.

Uma vacina barata, mas com áreas sombrias

O custo de cada dose da vacina Oxford-AstraZeneca será de aproximadamente US$ 3-4 (duas doses são necessárias), enquanto para a Pfizer e a Moderna é estimado em US$ 19,50 e US$ 25-37, respectivamente, por dose. Outras vacinas produzidas a baixo preço, como as da Novavax (US$ 16) ou da Johnson & Johnson (US$ 10), com perfis relativamente próximos à da AstraZeneca, não têm previsão de chegar ao mercado nos próximos meses.

“A abordagem baseada em custos é interessante, mas de forma alguma constitui um gesto filantrópico, uma vez que a Oxford e a AstraZeneca se beneficiaram de um financiamento público significativo”, lembra Nathalie Ernoult, da Médico Sem Fronteiras (MSF), encarregada da campanha de acesso a medicamentos essenciais. A vacina já recebeu cerca de 1,5 bilhão de libras em recursos públicos, principalmente dos Estados Unidos e da União Europeia. É a segunda vacina candidata com mais financiamento público, depois da Moderna.

“O acordo entre a Universidade de Oxford e a AstraZeneca carece de transparência. Permitiria a esta última atingir uma margem de até 20% acima do custo de produção, segundo fontes que conseguiram ter acesso ao contrato”, acrescenta Nathalie Ernoult. De acordo com o Wall Street Journal, os lucros das vendas de outros concorrentes da OxfordPfizer e Moderna, podem chegar a US$ 32 bilhões até o final do ano.

A referência a uma vacina a um preço de custo “até o fim da pandemia” também é ambígua. Esse fim será definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)? Um memorando de entendimento entre a AstraZeneca e a Fiocruz, o maior centro público de pesquisas médicas do Brasil, divulgado pelo Financial Times, revelou que o grupo britânico estava reivindicando o direito de declarar o fim da pandemia já em julho de 2021.

Maurício Zuma, diretor do laboratório médico Bio-Manguinhos, da Fiocruz, procurado pela Alternatives Économiques, no entanto quer ser tranquilizador. “Mesmo que a AstraZeneca declare que a pandemia acabou já em julho, eles terão transferido para nós a fórmula para produzirmos a vacina, e não a venderemos por mais de 4 dólares a dose”.

Se a vacina chegasse a ser comercializada além do custo já neste verão, e o SARS-CoV-2 se tornasse um vírus sazonal como a gripe, os lucros da AstraZeneca poderiam ser significativos. A Universidade de Oxford poderia se beneficiar com royalties de cerca de 6%, ou seja, mais de 100 milhões de dólares, de acordo com o WSJ. Ela se comprometeu a reinvestir esse dinheiro em um centro de preparação para pandemias e de pesquisa de vacinas que ela montará “com a colaboração da AstraZeneca”, sem fornecer mais detalhes. Quando questionadas, a universidade britânica e a AstraZeneca se recusaram a responder às nossas perguntas.

Além disso, embora em teoria a vacina seja acessível no longo prazo para países de renda baixa e média, é improvável que os mais pobres dentre eles se beneficiem da vacina já em 2021. “Os acordos de parceria concluídos até agora pela AstraZeneca referem-se principalmente aos grandes países emergentes, que, por sua vez, podem mostrar nacionalismo de vacinas da mesma forma que os países desenvolvidos. Os países mais pobres correm o risco de ficar para trás”, acredita Achal Prabhala, pesquisador indiano e coordenador do projeto AccessIBSA, que faz campanha por medicamentos acessíveis na ÍndiaBrasil e África do Sul.

É o que acaba de acontecer também com a Índia: o diretor-geral do Serum InstituteAdar Poonawalla, disse à agência americana AP no dia 3 de janeiro que não estava no momento autorizado pelo governo a exportar doses da vacina para países em desenvolvimento, conforme anunciado em acordo com a AstraZeneca, sendo a população indiana considerada prioritária.

A companhia indiana não entregaria antes de abril doses ao Covax (Advance Market Commitment, AMC), um mecanismo financeiro que permite a 92 países pobres ter acesso às vacinas Covid-19, estabelecido pela aliança para a vacina GAVI (Aliança Global para Vacinas e Imunização) em parceria com a Organização Mundial da Saúde.

AstraZeneca, por sua vez, anunciou que fornecerá 470 milhões de doses à Covax através de contratos separados. O grupo farmacêutico é um dos poucos Big Pharma, junto com a Johnson & Johnson e a GSK-Sanofi, que se comprometeu a fornecer doses para este mecanismo de solidariedade internacional.

Logisticamente mais adequado para países em desenvolvimento

Do ponto de vista operacional, entretanto, a colocação da vacina AZ1222 no mercado parece ser a única solução viável atualmente para os países em desenvolvimento. As duas vacinas desenvolvidas pela Pfizer e a Moderna são baseadas na tecnologia inovadora de RNA mensageiro e requerem armazenamento de longo prazo em temperatura muito baixa (- 70 °C para a primeira, – 20 °C para a segunda). A Oxford, que usa tecnologia mais tradicional, pode ser armazenada a uma temperatura de 2 a 8 °C.

“Transportar e manter vacinas em temperaturas muito baixas é quase impossível na África Subsaariana ou nos países do Sudeste Asiático, particularmente nas áreas rurais, o que não é o caso com a vacina Oxford”, diz Michael Head, diretor de pesquisa para saúde global da Universidade de Southampton.

Os primeiros resultados detalhados dos ensaios da fase 3, entretanto, levantaram preocupações sobre sua eficácia. A Universidade de Oxford relatou uma taxa de 70,4% no final de novembro, mas por trás desse desempenho se escondem na realidade lacunas entre dois protocolos diferentes. A eficácia era de 62% para um grupo majoritário, que recebeu duas doses completas com um mês de intervalo, e chegou a 90% para um grupo menor de voluntários do Reino Unido com menos de 55 anos, que receberam por engano meia dose e uma dose completa um mês depois.

As vacinas da Pfizer e da Moderna apresentam taxas de eficácia próximas a 95%. Devemos deduzir disso que a vacina mais amplamente disponível nos países em desenvolvimento terá uma qualidade menor? “Você não pode comparar maçãs e laranjas, enfatiza Nathalie Ernoult, da MSF. Os protocolos não têm sido os mesmos em todos os ensaios clínicos, e dados muito mais abrangentes serão necessários para comparar os resultados de eficácia em larga escala”.

Novos ensaios clínicos devem ser lançados no final de janeiro nos Estados Unidos, fornecendo dados mais claros sobre a eficácia da vacina AZ1222. Ela só deve ser autorizada na Europa e nos Estados Unidos daqui a vários meses, enquanto a Pfizer e a Moderna já receberam luz verde das autoridades de saúde americanas e europeias.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606174-astrazeneca-oxford-uma-vacina-milagrosa-para-os-paises-em-desenvolvimento


Posição da Associação Médica Brasileira sobre COVID-19 e Vacinação

“A Associação Médica BrasileiraAMB – em conjunto com todo o seu quadro de Sociedades de Especialidades, em particular as Sociedades abaixo signatárias – vem a público comunicar seu posicionamento relacionado aos aspectos preventivos, diagnósticos e terapêuticos da doença COVID-19“, escreve AMB, em nota publicada por EcoDebate, 14-01-2021.

Eis a nota.

Damos ênfase à importância da vacinação da população contra o Sars-CoV-2 e, para tanto, apresentamos como fundamentos as mais sólidas e atualizadas evidências cientificas da Medicina.

Legitimada por representar todo movimento médico associativo e em cumprimento a sua missão, a AMB conclama os cidadãos do País a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.

O ano de 2021, felizmente, começa com perspectivas. Estão chegando as vacinas para COVID-19 no Brasil. Elas têm potencial de ser um divisor de águas no combate à pior crise sanitária mundial dos últimos cem anos.

Nos próximos dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) avaliará os resultados das pesquisas referentes à eficácia e à segurança das vacinas de Oxford/AstraZeneca e CoronaVac contra o SARS-CoV-2, atendendo a solicitações de uso emergencial da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Instituto Butantã, respectivamente.

A agência reguladora nacional merece credibilidade da comunidade científica e a confiança da sociedade brasileira, pois, desde a sua criação, em 26 de janeiro de 1999, atua adequadamente na avaliação de novos medicamentos, vacinas, testes laboratoriais e dispositivos médicos, apenas permitindo o uso no Brasil quando demonstram qualidade, eficácia e segurança.

Enfrentando a triste realidade de mais de 200.000 brasileiros mortos pela COVID-19 – somos o segundo país com maior número de óbitos no mundo – temos a certeza de que a ANVISA saberá avaliar com qualidade e celeridade a solicitação de autorização para uso emergencial e/ou o registro destas vacinas.

É urgente o início da vacinação no Brasil. Só assim evitaremos mais mortes causadas pela COVID-19. Desde 8 de dezembro de 2020, quando a primeira dose da vacina foi ministrada no mundo ocidental, já são 23 milhões de aplicações realizadas com segurança em mais de 50 países.

A maioria das pessoas vacinadas não apresenta efeitos colaterais. Os que apresentam geralmente têm sintomas leves. Nenhuma morte relacionada à vacinação para COVID-19 foi descrita até o momento, enquanto a doença já causou mais de 1.900.000 óbitos globalmente.

Uma vez autorizadas ou aprovadas pela ANVISA, as vacinas poderão e têm de ser oferecidas aos brasileiros COM SEGURANÇA e EFICÁCIA.

É imperioso que os gestores públicos nos três níveis (federal, estadual e municipal) atuem com organização, interação e rapidez na aquisição, disponibilização, armazenamento e aplicação das vacinas. Cada dia de vacinação terá impacto progressivo para salvar centenas de vidas de brasileiros.

Aproximadamente de 2 a 4 semanas após a vacinação, o organismo humano inicia a produção de anticorpos eficazes para evitar a COVID-19 ou reduzir o risco de evolução para formas mais graves da doença. Por isso, há a necessidade urgente de termos vacinas disponíveis, e assim, mudarmos o atual cenário desolador e recorrente de mais de 1.000 mortes por dia pela COVID-19 no Brasil.

Vivemos um momento de demasiada desinformação, desserviço e fake news. É relevante conscientizarmos a população brasileira da importância fundamental das vacinas para controle das mais diversas doenças infecciosas, entre as quais a COVID-19.

Orientamos e clamamos que não se repassem vídeos e mensagens que desinformam sobre a real eficácia e segurança das vacinas.

Reconhecidamente, as vacinas representam um dos maiores feitos da humanidade. Quem recebe uma vacina se protege e protege também as pessoas de seu convívio social, incluindo familiares, amigos e colegas de trabalho.

Com as vacinas conseguimos erradicar doenças como a varíola, reduzimos mortes como as causadas pelo sarampo e pela meningite, além de sequelas graves como as da poliomielite. Do mesmo modo, conseguiremos controlar a maior pandemia dos últimos 100 anos, a COVID-19.

O isolamento de novas cepas do SARS-CoV-2, principalmente a variante B.1.1.7, traz alertas. Apesar de ser transmitida mais facilmente, esta nova cepa não parece causar doença mais grave. Porém, com o aumento da transmissão, temos mais casos e, consequentemente, mais mortes. Os estudos iniciais sugerem que as vacinas existentes também são eficazes para evitar a COVID-19 causada por cepas mutantes.

No contexto de prevenção de doenças infecciosas, nenhuma medida isolada tem eficácia máxima. Portanto, se deve aliar à vacina as “6 regras de ouro”, medidas já comprovadamente efetivas na prevenção da COVID-19. São elas:

– Uso de máscaras;

– Distanciamento físico de pelo menos 1,5 metro;

– Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%;

– Evitar aglomerações; Permanecer em isolamento respiratório domiciliar, desde o 1º dia de sintomas suspeitos de COVID-19.

– Procurar atenção médica para o diagnóstico correto e seguir a orientação recebida e apropriada para cada caso em sua individualidade. Não se automedicar;

– Manter os ambientes arejados e ventilados.

Com o controle da pandemia, teremos a perspectiva de enfrentar com melhores resultados as graves consequências sociais que esta devastadora pandemia causa ao Brasil e ao mundo, inclusive retomando a vida produtiva, o crescimento econômico, gerando empregos e construindo um futuro de progresso coletivo.

São Paulo, 13 de janeiro de 2021.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/606157-posicao-da-associacao-medica-brasileira-sobre-covid-19-e-vacinacao

 

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