“O Papa me disse: Deus ama os filhos homossexuais como eles são”

“Ele nos disse que o Senhor e a Igreja amam nossos filhos porque são todos filhos de Deus. Para mim e para todos nós foi uma grande luz depois de anos difíceis e sombrios”. Mara Grassi é uma mulher de fé, mãe de Giovanni, 40, homossexual. Ontem, depois da audiência geral da quarta-feira, teve um breve encontro com o Papa e em nome da associação “Tenda di Gionata“. E entregou-lhe o livro Genitori fortunati (Pais sortudos), no qual são recolhidos os testemunhos de pais católicos com filhos LGBT. É a primeira vez que a associação é convocada para um encontro, mesmo que breve, com o Papa.

A entrevista com Mara Grassi é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 17-09-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

Genitori fortunati.
Vivere da credenti l’omosessualità dei figli

Que sensações você teve ontem?

Muito fortes. Por anos fui como uma cega. Depois que soube da homossexualidade do meu filho, sofri muito porque as regras da Igreja me faziam pensar que ele estava excluído do amor de Deus. Ninguém me ajudou.

O que aconteceu depois?

Participei por acaso em Reggio Emilia numa vigília contra a homofobia na paróquia de Regina Pacis. Conheci outros pais de fé com filhos homossexuais e, em particular através do encontro com um padre, Dom Paolo Cugini, compreendi que a fé e a homossexualidade não estão em contraposição, que Deus ama o meu filho assim como ele é.

Essas são também as palavras que o Papa lhe disse. Estava esperando por elas?

Eu esperava sim. Queria dizer ao Papa que o que nós entendemos, a Igreja deve fazer com que muitos outros pais como eu entendam, para que não sofram tanto quanto eu sofri.

O que você disse a Francisco?

Sou mãe de um rapaz homossexual que deixou a Igreja porque não se sentiu acolhido em sua diversidade. Disse ao Papa que, graças ao meu filho, mudei o meu ponto de vista. Quando conheci outros pais e jovens LGBT, pude ver a beleza e o amor de Deus também em meu filho. Disse a ele que somos pais sortudos porque a descoberta da homossexualidade de nossos filhos, mesmo que a princípio desestabilizadora, nos fez mudar os nossos olhares e ver coisas que não conseguíamos ver. E ficamos enriquecidos por isso. Descobrimos que Deus supera regras e normas, o seu amor é totalizante para todos.

E Francisco respondeu que Deus ama seus filhos como são?

Primeiro ele nos disse que Deus ama nossos filhos porque são todos filhos de Deus. Depois, quando eu lhe expliquei que queremos ajudar a Igreja a trilhar um caminho que leva a garantir que ninguém se sinta excluído dentro dela, que queremos derrubar as barreiras para um caminho mais acolhedor e inclusivo, respondeu que estava de acordo e que a Igreja ama os nossos filhos como eles são.

Quando você descobriu sobre a homossexualidade do seu filho?

Quinze anos atrás. Perguntei a ele porque havia percebido sinais inequívocos. Ele havia se afastado da Igreja por isso e ainda hoje se mantém distante. Por anos, continuei a frequentar a minha paróquia carregando esse fardo em silêncio. Depois, na vigília contra a homofobia, pela graça de Deus, abri meus olhos e parei de sofrer. Achei que a sua homossexualidade fosse errada, mas era eu que estava errada.

A Igreja tem uma atitude de fechamento em relação aos homossexuais?

Ainda sim, em muitas partes. Para muitos, fé e homossexualidade são termos em contraposição. Na cabeça de muitos, um homossexual não pode ser uma pessoa de . Muitos garotos e garotas LGBT nos mostram o contrário.

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/602973-o-papa-me-disse-deus-ama-os-filhos-homossexuais-como-eles-sao


Francisco para os pais e mães de homossexuais: “A Igreja ama os vossos filhos do jeito que eles são, porque são filhos de Deus”

papa Francisco recebeu uma comunidade de católicos LGBT em audiência.

A reportagem é de Lucía López Alonso, publicada por Religión Digital, 17-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“Na dolorosa jornada que, como católicos LGBT, cada um de nós fez, confesso que não teria imaginado que tivéssemos chegado a esta etapa. Reunimo-nos em audiência com o Santo Padre”. São palavras de um dos representantes da associação italiana Tenda di Gionata, de pais e filhos LGBT. Aproximadamente 40 de seus membros foram recebidos ontem no Vaticano.

papa Francisco os saudou de perto e, ao final da audiência, a vice-presidente da associação, Mara Grassi, entregou junto ao seu marido um exemplar do livro “Pais de sorte”. A obra sintetiza as experiências eclesiais, frequentemente muito duras, que as pessoas homossexuais e católicas precisaram atravessar.

Junto a esses testemunhos, a associação também incluiu cartas com petições concretas e críticas ao trato recebido pela Igreja, que esqueceu ou estigmatizou a comunidade LGBT. “A Igreja não os exclui”, respondeu Francisco. “Ama seus filhos tal como são, porque são filhos de Deus”.

Como publicou o site Avvenire, a associação presenteou o Papa com uma camiseta do arco-íris, com as palavras “No amor não há temor” (1 Jo 4, 18). Francisco sorriu ao recebê-la, em um momento do qual Grassi destacou como a “profunda harmonia que não esqueceremos”.

Da rejeição à acolhida

homossexualidade, também na Igreja, “deve encontrar a plena cidadania”, declara outra das mães da associação, que confessa ter sofrido, diretamente com o seu filho, a rejeição da comunidade católica. A dificuldade da aceitação pessoal, familiar e depois eclesial são relatadas nas experiências reunidas em “Pais de sorte”. Algumas delas terminaram em reconciliação, porém outras foram separadas da família e das instituições da Igreja. “Meu filho escolheu ser agnóstico para se salvaguardar”, aparece em outro testemunho. “O estudo de todos os documentos eclesiais oficiais nos quais se aprofundou para sua tese em Antropologia Cultural foram sua coroa de espinhos”.

 

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fonte: http://www.ihu.unisinos.br/602958-francisco-para-os-pais-de-homossexuais-a-igreja-ama-os-vossos-filhos-do-jeito-que-eles-sao-porque-sao-filhos-de-deus

 

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